Brasil agita Champs-Élysées durante a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris

A delegação brasileira agitou a plateia presente na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. A solenidade, que pela primeira vez aconteceu fora de um estádio e começou às 15h (de Brasília) desta quarta-feira tomou a histórica avenida Champs-Élysées até a icônica Place de la Concorde, no coração da capital francesa.

O Brasil foi o 21º país a entrar no percurso de aproximadamente 2,5km preparado para o desfile dos atletas. Conduzidos pelos porta-bandeiras Gabriel Araújo, da natação, e Beth Gomes, do atletismo, os atletas brasileiros mostraram animação por todo o trajeto.

Atleta do país convocada para esta missão com mais participações em Jogos Paralímpicos, a nadadora cearense Edênia Garcia, de 37 anos, da classe S3 (limitação físico-motora), afirmou que realizou um sonho ao entrar na Champs-Élysées, que passou por um processo de "recapeamento" para ser mais acessível aos cadeirantes.

"A gente trabalha muito para estar aqui. É a realização de um sonho. O ciclo paralímpico é formado por vários atos e os Jogos são o ato final. Eu fico emocionada, porque a gente deixa um marco na história do Brasil e do Movimento Paralímpico. Está tudo muito lindo", avaliou a atleta, que nasceu com doença de Charcot-Marie-Tooth, também conhecida como atrofia fibular muscular.

Um dos porta-bandeiras do Brasil, o nadador mineiro Gabriel Araújo, 22, também é um dos 14 atletas do país que já podem disputar medalha nesta quinta-feira, 29. Às 4h59, ele nadará as eliminatórias dos 100m costas da classe S2 (limitação físico-motora) e, se avançar, fará a final às 18h. Nessa prova, ele ficou com a medalha de prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, mas é o atual bicampeão mundial.

"Estou muito feliz e honrado É um momento único e uma emoção muito grande. Meu treinador [Fábio Antunes] sempre pensa com antecedência. Sempre nos antecipamos às situações e já estava no meu planejamento participar da abertura, independentemente de nadar no dia seguinte ou não. E uma oportunidade como essa não tem como recusar. É um sonho estar vivendo tudo isso", disse Gabriel, que nasceu com focomelia, doença que impede a formação de braços e pernas.

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"Muita emoção em poder representar toda a nação brasileira, entrar na avenida mais famosa do mundo e abrir os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Até me belisquei para entender se era verdade mesmo. É um presente de Deus saber que nosso trabalho está dando certo. É um sonho de todos os atletas estar aqui. Nunca deixem de sonhar, porque seus sonhos podem se tornar realidade", completou Beth Gomes, de 59 anos, que disputará as provas de arremesso de peso e lançamento de disco na classe F53 (cadeirantes). Ela foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993, quando era jogadora de vôlei convencional.

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? Time Brasil (@timebrasil) August 28, 2024


O uniforme brasileiro na cerimônia de abertura foi composto por um bucket, popularmente conhecido como chapéu pescador, dupla face nas cores verde e amarelo; uma jaqueta azul, uma camiseta branca e uma calça ou shorts azul marinho.

O Brasil será representado em Paris por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, na primeira vez em que a cidade sedia o evento. É a maior delegação brasileira já anunciada para uma edição dos Jogos fora do país.

Antes, a maior equipe nacional para uma disputa no exterior era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.

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