Diretoria do Corinthians prepara defesa em 'caso Rojas'; veja detalhes
O Corinthians foi condenado pela Fifa, no final de junho, a pagar R$ 40,4 milhões a Matías Rojas, que deixou o clube no fim de fevereiro devido ao não recebimento de valores referentes a direitos de imagem. A diretoria do Corinthians vai recorrer da decisão na Corte Arbitral do Esporte (CAS) e já planeja a estratégia para contestar a condenação.
A reportagem apurou que o clube pretende assumir apenas os pagamentos proporcionais ao período em que Rojas ficou desempregado, logo após a saída do clube, no final de fevereiro. O meia paraguaio foi anunciado pelo Inter Miami, dos Estados Unidos, no dia 23 de abril.
A defesa corintiana será baseada no fato de que Rojas saiu por opção dele e nunca ficou impedido de dar sequência na carreira. O clube entende que tem de ressarcir o atleta apenas pelo período de inatividade dele, causado por uma quebra de promessa contratual do Timão.
Pesa contra o Corinthians neste caso a existência de uma cláusula de mitigação, conforme apuração da reportagem.
Classificação e jogos
Na prática, isso significa que Rojas ganhou a possibilidade de cobrar todos os valores do contrato dele com o Corinthians, tanto a dívida passada quanto o que ele ainda teria a receber até 2027.
Por causa desta cláusula de mitigação, o Corinthians, em teoria, não poderia usar o novo contrato de Rojas, feito com o Inter Miami, como argumento na Fifa para abatimento do valor daquilo que o Timão terá de pagar ao jogador.
A Fifa foi acionada no dia 28 de fevereiro e, a partir desta data, os juros de, aproximadamente, 5% sobre R$ 40,4 milhões começaram a correr. Isso representa cerca de R$ 2 milhões ao ano. Estes valores serão adicionados à sentença ao fim do processo, que só deve ocorrer em 2026.
Desde que chegou ao Inter Miami, Rojas soma oito gols e duas assistências em 15 jogos. Pelo Corinthians, o meia-atacante acumulou três passes para gol em 30 jogos (15 como titular).
Relembre o caso
O Corinthians foi condenado pela Fifa a pagar R$ 40,4 milhões a Matías Rojas, que deixou o clube no fim de fevereiro devido ao não recebimento de valores referentes a direitos de imagem.
Rojas pôde solicitar a rescisão por causa de uma cláusula inserida na novação do acordo, em janeiro, para pagamento dos valores atrasados. A cláusula em questão dava a Rojas a liberdade para deixar o Timão se o clube não cumprisse com o pagamento, mais uma vez. E, assim, aconteceu.
O Corinthians parcelou a dívida de Rojas, mas já em fevereiro não pagou a segunda parcela. O jogador, então, acionou a cláusula e nunca mais apareceu no CT Joaquim Grava.
Conflito de versões
Augusto Melo imputa a culpa pela situação a Rubens Gomes, o Rubão, que à época ocupava o cargo de diretor de futebol.
A versão de Augusto Melo, no entanto, diverge do que dizem outros três participantes da negociação: Rubão, Rafael Botelho (advogado de Rojas) e Rozallah Santoro (diretor financeiro do clube na ocasião dos fatos).
O início de tudo
Na contratação de Matías Rojas, em 2023, o Corinthians combinou de pagar US$ 1,8 milhão ao jogador em três parcelas, não iguais, nos meses de julho, setembro e dezembro.
O Corinthians sempre manteve o salário do meia em dia, daquilo que estava previsto em CLT, e chegou a pagar impostos das notas fiscais emitidas pelo atleta. As três parcelas, no entanto, não tiveram os depósitos feitos.
O valor chegou a R$ 5 milhões e a promessa final da gestão comandada por Duilio Monteiro Alves foi de fazer o pagamento no dia 26 de dezembro, o que também não aconteceu.
Proposta ignorada
A defesa de Rojas começou a negociar os atrasos dos pagamentos no segundo semestre de 2023 e fez a primeira notificação oficial em dezembro. Após isso, até o fim de feveiro, por diversas vezes, o Corinthians prometeu prazos, que nunca foram cumpridos.
Nesse período, o valor saltou de R$ 5 milhões para R$ 8 milhões. Rojas aceitou receber em seis parcelas, sem juros, mas viu cair na conta apenas a primeira delas.
Mesmo depois de deixar o clube e ir à Fifa, Rojas, por meio de seu advogado, abriu a possibilidade de um acordo amigável sobre os R$ 8 milhões, com prazo maior, no intuito de cada um "seguir sua vida sem processos judiciais", mas, como em outras oportunidades, segundo Rafael Botelho, o clube ignorou as mensagens e os e-mails enviados, algo que sempre gerou irritação no estafe.
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