Análise: plano de Ramón Díaz não funciona em derrota do Corinthians para o Flamengo

Por Iúri Medeiros

A derrota do Corinthians para o Flamengo, na última quarta-feira, ficou marcada pela falha no plano tático de Ramón Díaz. O treinador e sua comissão técnica erraram especialmente no primeiro tempo e tiveram mais sorte do que juízo pelo revés ter sido apenas pelo placar mínimo no Maracanã.

A começar pela escalação, chamou atenção o fato do Corinthians iniciar o confronto com Rodrigo Garro e Igor Coronado juntos. Normalmente, quando o time atua com linha de quatro na defesa, a comissão opta pela utilização de três volantes e um meia armador. Diante do Rubro-Negro, Charles e Ryan foram escolhidos para proteger a linha defensiva, enquanto a outra dupla teria a responsabilidade de armar jogadas mais á frente.

No ataque, Ramón optou pela escalação de Héctor Hernández ao lado de Ángel Romero. Natural que Yuri Alberto ganhasse descanso, mas nenhum dos atacantes escalados complementa a dupla de armadores (Garro e Coronado). Os meias possuem como virtude a visão de jogo e qualidade para lançar bolas esticadas, em profundidade, e os dois jogadores mais avançados não têm como característica o ataque ao espaço.

Logo, chegamos ao primeiro problema: por mais que o time tenha adquirido mais recurso técnico no meio-campo, faltou profundidade ao ataque. O Flamengo conseguia empurrar o Corinthians, e os visitantes não tinham argumento com a bola nos pés, muito porque não havia quem obrigasse a linha defensiva rubro-negra a correr para trás. Virou então um ataque contra defesa.

No sistema defensivo, mais problemas. O Corinthians acumulou jogadores por dentro, mas pecou na marcação pelos lados, especialmente no setor direito. Fagner constantemente ficava no mano a mano com Bruno Henrique, e levava a pior em grande parte dos embates. Os comandados de Filipe Luis circulavam a bola com velocidade e encontravam BH em boas condições para atormentar a defesa rival. Charles ficou encarregado de auxiliar o camisa 23 no setor, mas pouco contribuiu efetivamente.

A comissão técnica demorou para agir quanto à falta de largura do sistema defensivo do Corinthians e viu o Flamengo chegar ao gol justamente no setor direito. Fagner ficou responsável por "cuidar" de Bruno Henrique e ninguém acompanhou Alex Sandro, que saiu de trás para "bater" o goleiro Hugo Souza na primeira etapa. Esse foi o único chute que o goleiro corintiano, melhor jogador em campo, não conseguiu interceptar.

Na volta do intervalo, sim, Ramón mexeu na equipe e mudou para a estrutura com cinco defensores. O Corinthians seguiu cedendo chances ao Flamengo, mas estancou as investidas pelo lado direito e deu mais segurança para os zagueiros fazerem coberturas, com Gustavo Henrique na sobra.

Após um primeiro tempo praticamente decorativo, o Corinthians entrou no jogo na segunda etapa. As substituições, especialmente, fizeram bem para o coletivo. Carrillo entrou controlando o ritmo da posse, Yuri Alberto foi a ameaça em profundidade que se espera dele e Matheuzinho foi importante pela direita defendendo e atacando.

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O Timão saiu em desvantagem na semifinal da Copa do Brasil em noite que ficou marcada pela falha no plano de jogo da comissão técnica. Mesmo assim, é importante ter em vista o bom trabalho que vem sendo realizado pela família Díaz e reconhecer os méritos do Flamengo, que mesmo sob novo comando executou muito bem o que foi proposto, com uma abordagem muito agressiva na marcação.

E, claro, precisa ser citado o fato da prioridade do Corinthians seguir sendo a luta contra a zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Não foi por acaso que Ramón mexeu no time para a partida do Maracanã, sacando nomes como Cacá, Matheus Bidu, Carrillo, Breno Bidon e Yuri Alberto.

A derrota para o Flamengo pode abalar alguns torcedores, mas ao mesmo tempo reforça a esperança do corintiano de que é possível sonhar com uma vaga para a final da Copa do Brasil. Em casa, ao lado de seu torcedor, o Corinthians normalmente tem melhor desempenho e dessa vez será obrigado a se soltar mais para buscar o resultado.

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