Documentário revela bastidores do caso de Robinho, condenado por violência sexual
30/10/2024 13h42
Em documentário que estreia nesta quarta-feira na Globoplay, foram revelados os bastidores do processo que levou à prisão do ex-atacante Robinho. A obra audiovisual traz depoimento da vítima de violência sexual em grupo e mostra áudios do ex-atleta com seus amigos que serviram como provas no caso.
No documentário, a mulher albanesa, identificada como Mercedes, sem mostrar o rosto, relata os acontecimentos da noite de 21 de janeiro de 2013, quando completava 23 anos. Ela conta como sua vida foi impactada pelo crime que sofreu naquela noite, após ser levada ao camarote de uma boate em Milão por Robinho e cinco amigos, onde ocorreu a agressão sexual.
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"Se eu fosse me descrever, me sentia como uma música brasileira. Cheia de ritmo, cheia de alegria, cheia de luz. Digo sempre que eu estava cheia de cores. Coisa que depois se apagou. Obviamente tiraram uma parte importante de mim", disse Mercedes.
"Espero que meu testemunho seja útil. Não para condenar de novo ao nível midiático ou para humilhar publicamente. Mas que possa servir como ensinamento. Porque no fim é muito fácil chegar à sentença, à condenação. Seria justo que se pare antes, que isso não aconteça. É nisso que precisamos trabalhar. Trabalhar com os meninos, nas escolas, educar com a família, a base para tudo. A gente precisa ser responsável desde cedo", completou.
Além de Robinho, Ricardo Falco também foi condenado em última instância aos mesmos nove anos de prisão, mas já havia deixado a Itália na época do julgamento e não pôde ser preso no Brasil. Fabio Cassis Galan, Clayton Florêncio dos Santos, Alexsandro da Silva e Rudney Gomes, mais quatro amigos de Robinho, não foram julgados porque não tinham endereço na Itália, já que todos moram no Brasil.
Os áudios de Robinho com seus amigos foram decisivos para a condenação. Procurador de Justiça italiano, Pietro Forno, que foi o responsável por receber a denúncia de Mercedes, disse que "normalmente se tem insuficiência de provas. Só que houve excesso de provas".
O procurador italiano Stefano Ammendola, que também trabalhou no caso, destaca que os acusados alteraram suas versões ao longo do processo. No início, Robinho declarou que não conhecia Mercedes, entretanto, posteriormente, afirmou ter praticado sexo oral com o consentimento dela.
"Nas sentenças falamos em densidade de provas. É como se tivéssemos atirado muitas flechas. A flecha da denúncia, a da interceptação, a dos registros telefônicos, a das declarações das testemunhas, a da análise do vestido, do DNA", falou.
Veja fotos da carreira do ex-atacante Robinho
O advogado de Mercedes, Jacopo Gnocchi, afirma que os áudios desmentiram a versão dos acusados, que alegavam que Mercedes estava consciente durante o ato sexual.
"Em certo ponto, a vítima perdeu a consciência. Tudo isso foi contado desde o início e depois foi confirmado pelas escutas telefônicas, quando eles descreveram em detalhes o que faziam com essa pessoa semiconsciente. É uma circunstância agravante prevista pela lei italiana. (...) Nesse tipo de história, infelizmente, tenta-se com frequência desabonar a vítima, fazê-la passar por uma pessoa ruim. Mas é preciso deixar claro que, se é violência, é violência de qualquer forma", contou.
"Os juízes valorizaram um aspecto importante, que foi o desprezo daqueles homens diante da mulher. Eles até riam dela nas interceptações e as insultavam usando termos vergonhosos", acrescentou.
Em 2020, Robinho chegou a ser contratado pelo Santos, mas devido à forte repercussão do caso, seu vínculo acabou sendo suspenso pelo clube. No mesmo ano, o ge divulgou áudios do ex-atleta e seus amigos fazendo pouco caso da vítima. A divulgação dos arquivos, inclusive, foram determinantes para o Peixe romper com o ex-jogador de 40 anos.
No início deste ano, o ex-jogador concedeu entrevista à Record TV e jurou inocência. Ele retrocedeu e alegou não ter tido relações sexuais com a mulher, contradizendo o que foi dito por ele mesmo nas escutas policiais colocadas em seu carro. Ele chegou a falar em racismo e disse que, se o caso fosse com um branco ou italiano, teria prosseguido de outra maneira.