Elenco do Corinthians busca manter foco no Brasileiro em meio à guerra política no Parque São Jorge

O principal desafio do elenco do Corinthians neste momento é manter o foco dentro das quatro linhas, na busca por uma vaga para a próxima Copa Libertadores. Isso porque, politicamente, o clube voltou a ficar agitado com a reunião marcada no Conselho Deliberativo para votar o impeachment do presidente Augusto Melo, na próxima segunda-feira.

O elenco não se mostra alheio ao assunto, tanto que defendeu publicamente o mandatário via nota oficial. O principal argumento utilizado é que Augusto cumpre sua palavra, especialmente em relação ao pagamento de salários e direitos de imagem, o que era uma dor de cabeça para gestões passadas.

Mesmo com o apoio a Augusto e a incerteza quanto ao futuro da presidência, há um trabalho interno para que as notícias de fora não entrem no CT Joaquim Grava. O entendimento do departamento de futebol é que o foco total da equipe tem que ser a busca por uma vaga para a Libertadores depois de um ano tão complicado, de rodadas na zona de rebaixamento e eliminações dolorosas nas copas.

Por mais que os atletas estejam do lado de Augusto, eles evitam se envolver na política do clube. O apoio ao presidente passa pela sua boa relação com o vestiário e o entendimento de que a diretoria está do lado dos jogadores.

A comissão técnica, por exemplo, apoiou publicamente o Augusto como forma de gratidão pelo respaldo dado durante as eliminações na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana. A parte política também não é pauta.

O executivo Fabinho Soldado é o principal responsável por blindar o vestiário em meio ao caos político no Parque São Jorge. Esse é um dos fatores que explica a boa avaliação do trabalho do dirigente internamente.

O Corinthians vem de seis vitórias seguidas no Brasileirão e se encontra na 9ª posição, com 47 pontos. No próximo sábado, a equipe encara o Criciúma, fora de casa, às 19h30 (de Brasília).

Votação de impeachment de Augusto

Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, havia marcado a reunião de votação do impeachment de Augusto Melo para essa quinta-feira mas, por questão de segurança, adiou para segunda.

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Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do clube. A votação no Conselho será secreta.

Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube. Segundo apuração da Gazeta Esportiva, a Assembleia só deve ocorrer em 2025, ainda sem data definida.

Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia Geral. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.

Se o impeachment não passar no Conselho Deliberativo, o caso será encerrado e Augusto Melo continuará normalmente no cargo de presidente. Isso, no entanto, não exclui a possibilidade de um novo processo de afastamento no futuro.

Entenda os motivos

No último dia 12 de agosto, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).

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Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.

Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.

O documento, de autoria do "Movimento Reconstrução SCCP", conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.

O documento pede "tramitação sucinta" e se apega, principalmente, ao Artigo 106, "b" e "d", do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de "Lavagem" ou ocultação de bens.

Art. 106 - São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:

b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.

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d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.

Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:

-"Laranja" na intermediação da VaideBet.

-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.

-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.

-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.

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-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.

No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como "vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes" e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido "ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora".

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