Casares explica negociação com magnata para a base do São Paulo: 'Coisa nova'

O presidente do São Paulo, Julio Casares, detalhou a negociação com o empresário Evangelos Marinakis para a captação de recursos para as categorias de base do clube. O grego é apontado como um dos interessados na aquisição da SAF o Vasco da Gama, mas, aparentemente, também vê com bons olhos uma participação no processo de formação de jogadores do Tricolor.

O Marinakis esteve no Brasil, estive com ele, estive lá em Londres três dias e meio, embora algumas pessoas tenham falado que eu estava de férias, eu estava trabalhando, fizemos seis reuniões, não só com ele, mas com outros players importantes. E nós conversamos. Claro que quando vemos uma notícia precipitada, 'venda da base', jamais. Isso é um patrimônio do São Paulo. O que nós estamos visualizando é um acordo operacional que tem o 'have and share', que é: o investidor coloca [dinheiro], mas também participa Julio Casares

Evangelos Marinakis é proprietário do Olympiacos, da Grécia, Nottingham Forest, da Inglaterra, e Rio Ave, de Portugal. A ideia do presidente tricolor, Julio Casares, é de estabelecer uma parceria com o empresário grego visando intercâmbio de jogadores e profissionais, além, é claro, da captação de recursos para reforçar as categorias de base do São Paulo.

Evangelos Marinakis, magnata grego, está conversando com o São Paulo
Evangelos Marinakis, magnata grego, está conversando com o São Paulo Imagem: Getty Images

Um dos problemas que têm sido enfrentados pelo São Paulo é o fato de os jovens da base já terem comprometido parte de seus direitos econômicos aos seus empresários. Com isso, o clube, na hora da venda desses atletas, não lucra o que poderia por ter de dividir os valores com esses agentes.

"O mais importante é você entender que esse quadro já tem a participação de empresários [de jogadores]. Os clubes que formam precisam ter uma participação maior [de direitos econômicos] de jogadores. Com esse investidor, nossa capacidade, através do nosso scout e do scout técnico ligado à Premier League, pode aumentar muito. Nós podemos ter um potencial de dez jogadores por ano. Quanto significa isso em termos de receita e performance esportiva no profissional? Legado esportivo. Nós estamos conversando, claro que é algo ainda embrionário, vou com muita calma nesse assunto, para trazer um empresário ligado à plataforma esportiva, não é só financeiro. Ele tem o aspecto financeiro, mas a experiência esportiva também. Imagina o São Paulo, no grupo dele, que tem Olympiakos, Nottingham Forest e Rio Ave. O jogador que está jogando em qualquer outro clube, que tem 15, 17 anos, vê o São Paulo como uma ponte mais próxima para ir para a Europa", prosseguiu Casares.

Mercado da base

Outra questão que tem preocupado bastante a alta cúpula tricolor é a falta de orçamento para investir no mercado de base. Atualmente, muitos clubes que possuem uma situação econômica melhor estão fazendo propostas para tirar jovens talentosos de outras equipes, replicando o que já acontece no futebol profissional. O São Paulo, por sua vez, não tem as mesmas condições e, por isso, tem lidado com dificuldades para revelar grandes promessas.

"Só posso dizer que o São Paulo, de novo, é vanguardista, vai fazer uma coisa nova, vai caminhar fortemente, porque antigamente a base formava jogadores e corria o risco de revelar ou não. Hoje a base e os times capitalizados vão para um mercado prévio, que é antes do profissional. Esse mercado prévio, se você não tem dinheiro, você não traz jogadores. É muito mais fácil, porque você pega um jogador semipronto, tem capacidade técnica já indicada pelo scout para subir ao profissional em um, dois anos, e depois virar um grande ativo do clube. O São Paulo vai potencializar essa infraestrutura para revelar mais jogadores nível A. Nós temos jogadores nível A aqui, mas também temos nível B, nível C. Precisamos ter mais nível A. Então, vamos trabalhar nesse sentido. Temos que entender que esse é um processo em marcha de mudança do mercado. Quem não entender isso não vai entender o que está acontecendo no mercado", explicou o presidente do São Paulo.

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Além da possibilidade da parceria com Marinakis, Julio Casares também admitiu que, caso haja uma discussão para que o São Paulo, futuramente, se transforme em SAF, naturalmente o empresário grego terá preferência para a aquisição do clube.

"Ele [Marinakis] chega com essa expectativa, se chegar, mas, claro, se um dia a instituição discutir uma SAF, naturalmente ele vai ter a preferência de ouvir primeiro. O São Paulo pode caminhar fazendo ou não a SAF. Dizia na minha campanha que o São Paulo não será o primeiro, nem será o último. Tudo no tempo certo vamos discutir. O São Paulo tem uma alavanca que poderá ser discutida no futuro, se a instituição achar assim. Temos uma cooperação esportiva com os clubes do grupo que tem os direitos econômicos dos atletas, que poderão vir para cá, e alguns atletas poderão ir para lá. Isso vai ser muito bom, se vier a acontecer. Acredito que pode ser o grande passo para resolver a questão do São Paulo. Não vou falar em dinheiro, mas o São Paulo vai começar a respirar e ser competitivo", concluiu.

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