'A Libertadores começa a rolar'
Sabendo que com três atacantes havia a necessidade de povoar o deserto que ficaria no meio de campo, Guillermo e Gustavo Schelotto tiraram um dos pontas que gosta de atacar pelos lados e colocaram Lodeiro livre e com chegada ao ataque. Justamente Lodeiro foi a chave para a vitória do Boca, que teve mais méritos que o anfitrião Racing. Teve a bola, marcou a saída do rival, colocou Tevez como verdadeiro e falso 9 ao mesmo tempo e nunca aceitou voltar de Avellaneda com apenas um ponto. O prêmio oferecido pela vitória era grande: a classificação às oitavas de final da Libertadores.
É verdade que tudo isso foi realizado com muitas intermitências. Todos se sacrificaram, mas também estiveram irregulares, exceto Cubas e Gago. O primeiro foi firme na retaguarda para frear os avanços do Racing, que vieram desde o meio de campo, e esteve muito seguro nas distribuições de bola sob pressão. Gago exibia classe e jogo limpo em todo o campo. Na verdade, partiu como se fosse um queijo esnobando dois rivais, passando por eles como quem atravessa uma parede e passou a bola para Pavón, em lance que terminou em gol.
Um momento antes da conquista, a tabela de classificação nos deixava em uma situação que, como se via, poderia ser de expectativa ou preocupação. Ainda que seja um fator aparentemente invisível, jogar contra a tabela é uma partida a parte, que tem o seu peso, e o Boca jogou bem, sem se afetar emocionalmente e atento a construir a vantagem atirando com perseverança todas as pedras que se colocaram em seu caminho.
O Racing, enquanto isso, não jogou nada. Teve seus três goleadores como camelos sedentos que buscavam o oásis como pessoas vesgas. Salvo a jogada no começo do jogo com López, que pisou na bola na frente de Orion, poderíamos ter jogado sem goleiro que eles não fariam nada. Ficaram fechados na defesa. Mas essa cautela houve, ao menos, certa estabilidade. Não se deve fazer barulho por ganhar do Racing como visitante. No entanto, temos direito a uma modesta ilusão. Usamos a camisa do Boca e a Libertadores começa a rolar.
* Juan Becerra é colunista do Olé, da Argentina
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