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Entenda o que foi a tragédia de Hillsborough

26/04/2016 14h10

A tragédia que ocorreu em Hillsborough é considerada a maior do futebol inglês e um pisor de águas, pois acelerou todas as mudanças de segurança, chamada "Relatório Taylor"  e que entre outras coisas obrigou os estádios a terem exclusivamente cadeiras, monitorar torcedores com câmeras e outros 40 itens, que no fim gerou a elevação de preços de ingressos e acabou por alavancar a criação da organizada Premier League, no início dos anos 90.

O dia da tragédia

Já horrorizados pelo ocorrera em Heysel (atual Estádio Rei Balduíno, na Bélgica) na final da Liga dos Campeões de 1985 - quando torcedores da Juventus  de Turim morreram imprensados por causa de tumultos gerados por hooligans do Liverpool - e vendo a polícia com problemas para conter os vândalos de vários clubes ingleses  - na época a Inglaterra estava banida da Liga dos Campeões e da então Copa da Uefa (hoje Liga Europa) - os ingleses viram estarrecidos mais um drama  no dia 15 de abril de 1989.

Liverpool e Nottingham Forest se classificaram para a semifinal da Copa da Inglaterra. Jogo único e o local da partida, o Estádio Hillsborough, foi escolhido a dedo. Afinal, era considerado o mais apto para receber duas grandes torcidas rivais e era considerado muito seguro, tendo em vista que passara por reformas no ano anterior justamente por causa de uma quase-tragédia numa partida entre Tottenham e Wolverhampton, também pela Copa da Inglaterra. A obra fez o estádio passar a ter as arquibancadas pididas em cinco pedaços, praticamente anulando a possibilidade de confrontos entre torcedores rivais.

Só que as pisões não obedeciam a um critério exato de números de assentos. E aí ocorreu o primeiro erro. A torcida do Nottingham, notoriamente menor, ficou num setor para aproximadamente 20 mil e com várias saídas. A torcida do Liverpool ficou num setor com capacidade para 15 mil e poucas saídas.

Na época, havia compra de ingressos no dia do jogo. E o provável ocorreu. Os ingressos do Liverpool se esgotaram e cerca de cinco mil torcedores não conseguiram bilhetes. Irados, reclamavam nas entradas do estádio.

Aí veio o segundo problema. Muitos torcedores do Liverpool, com ingressos, não conseguiam chegar às entradas por causa da multidão dos "sem bilhetes". A segurança resolveu o problema abrindo um dos setores de saída para a entrada dos torcedores que faltavam, pois o jogo estava para começar e ela temia uma onda de brigas. 

Foi um tiro pela culatra. 

Como não havia catraca e o policiamento era pequenos para o volume de torcedores, além daqueles que tinham ingresso, todos os cinco mil sem bilhetes entraram. E uma área com capacidade para 15 mil passou a acomodar 20 mil. Quem estava próximo do gramado, nos alambrados (algumas crianças e adolescentes) começaram a ser esmagados, pressionados contra as grades. Alguns poucos conseguiram pular o alambrado e outros arrombaram um pequeno portão. Mas quem ficou do lado inverso a este portão não tinha possibilidade de fuga, o que só foi possível quando o muro cedeu - nisso o jogo já estava rolando e estava com sete minutos - e os torcedores correrem para o gramado. No fim, 96 mortos.

O jogo acabou cancelado e nova partida foi realizada no dia 7 de maio. O Liverpool venceu por 3 a 2 e se classificou para a final contra o seu rival de cidade, o Everton. A decisão, como é tradição, ocorreu em Wembley  e o Liverpool por também por 3 a 2, ficando com o título.