Ricardo Gomes dispensa busca do Botafogo por camisa '10'
Os objetivos de Ricardo Gomes para o Botafogo, neste Campeonato Brasileiro, são claros: terminar do meio para cima da tabela. Para tanto, um centroavante experiente é o desejo do treinador, que prefere preservar os jovens Ribamar e Luis Henrique, de 18 anos cada, da pressão de ser o "homem-gol" da equipe de General Severiano.
Confira abaixo a segunda de quatro partes da entrevista exclusiva que o treinador alvinegro concedeu ao LANCE!.
É mesmo só um centroavante que o Botafogo precisa para atingir seu objetivo na competição?
O quê? Um "10"? Esse, não adianta procurar. Não tem. Temos bons jogadores de meio-campo. Temos o Anderson Aquino, que faz bem essa função. Precisamos de um atacante com mais experiência. Temos o Sassá voltando, temos o Salgueiro, que vai jogar um pouco mais atrás, na melhor posição dele, vamos ver se o Lizio dá sinal de melhora...
Tem alguma exigência técnica para o centroavante que vai chegar, como média de gols por ano, por exemplo?
Você não pode ficar alienado. O mercado é difícil e o Botafogo não tem possibilidades como outros têm. Mas temos alguns jogadores no mercado que podem ajudar. Assim, tiramos o peso de um jogador de 18 anos, de decidir. O Ribamar, no último jogo, não deu aquele último passe. Mas quantos grandes jogadores fizeram aquilo? É preciso entender que tem o processo. E esse processo não é de semanas. É de ano. Não é treinar e, imediatamente, terá resultado. Tem que maturar. É preciso ter paciência, mas o Ribamar e o Luis Henrique são muito bons jogadores.
Você falava, no início do ano, que conhecia pouco alguns dos contratados. Como se dá o processo de contratação?
O mercado é mais com o Antônio Lopes (gerente de futebol). Ele é quem toca as contratações, trata com dirigentes. Ele conhece muito de futebol, sabe o tipo de jogador que precisamos, o tipo de centroavante, passo para ele. Sabemos também do mercado, que até para quem tem muito dinheiro, está difícil. O mundo inteiro compra e quatro países formam. A conta não fecha. Você tem a América do Sul, de um modo geral, formando e o o mundo comprando. França e Portugal, por exemplo, têm boas formações, mas a quantidade de sul-americanos que vão para a Europa... Não é soja, não é trigo, não dá para repor. O mercado ficou difícil. Não se aumenta assim a produção, tem um processo de maturação. Não pode lançar o jogador de qualquer forma. O Santos, por exemplo, está formando muito bem, mas vende. Chega um ponto que não tem o que fazer. Estamos numa situação que não tem o que reclamar. Todos os dirigentes estão correndo atrás, mas qual a solução? Os clubes se fortalecerem, segurarem os melhores jogadores. Tudo que estamos falando, se o clube forte segura o jogador, aí teremos um campeonato forte, arrecadando. Temos que encontrar o nosso modelo, que segure Luis Henrique e Ribamar por cinco, seis anos. Se não mudar, daqui a dez anos vai ser a mesma coisa Queremos os melhores times? Vamos sentar e vamos mudar para termos um produto mais forte.
Muito se comenta sobre o Setor de Inteligência do Botafogo. Como é o contato entre você e esses profissionais no momento das contratações de reforços?
É uma grande pesquisa que eles fazem. Eles trabalham muito. Pesquisam primeira e segunda divisão no mundo inteiro. Eles têm uma base de dados impressionante. E tem também o saber deste profissional de pesquisa. Mas eles têm informações de qualquer jogador, até da Indonésia, se preciso. Todas as contratações que fizemos até agora passaram pelo crivo deles.
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