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Inspirado em "milagre", Guarani mira feito inédito no futebol brasileiro

Guarani reverteu desvantagem de 4 gols contra o ABC  - Reprodução Twitter
Guarani reverteu desvantagem de 4 gols contra o ABC Imagem: Reprodução Twitter

28/10/2016 06h30

É a hora da virada na história do Guarani. Após quatro anos amargando a Série C do Brasileiro, o time já garantiu o acesso e pode terminar 2016 com mais um troféu na conta. Caso seja campeão, o clube será o primeiro do país a conquistar as três primeiras divisões nacionais: faturou a Série A em 1978 e a Série B em 1981.

Para chegar à decisão contra o Boa Esporte e estar a um passo da taça, o Guarani precisou de dois "milagres" dentro de campo. O primeiro foi nas quartas de final contra o ASA. Após perder por 3 a 1 em Arapiraca, o Bugre venceu a volta por 3 a 0 e avançou. Nas semifinais, o drama foi maior. O clube alviverde perdeu o primeiro jogo para o ABC, em Natal (RN), por 4 a 0. Na volta, contou com uma atuação de gala do veterano Fumagalli para golear o adversário por 6 a 0 e assegurar uma vaga na final diante da torcida.

"Foi a melhor partida da minha vida. Dei assistência, fiz gol de falta... Eu me sinto abençoado por poder ajudar o Guarani a passar de fase e chegar a mais uma final de Campeonato Brasileiro. Poder, mesmo aos 39 anos, jogar bem, ajudar o time e seguir construindo uma história bonita dentro do clube. Tem sido fantástico, o melhor momento da minha carreira", contou o meia, responsável por três gols e uma assistência contra o ABC, em entrevista ao LANCE!.

Após o resultado negativo no primeiro confronto contra o ABC, o clima no clube ficou pesado. Coube a Fumagalli e aos outros líderes do elenco a missão de tranquilizar os mais jovens, treinar forte e mostrar que a virada era possível.

"Depois do jogo, tivemos uma semana muito ruim, todos estavam cabisbaixos. Então, o técnico Marcelo Chamusca decidiu reunir os líderes, e fomos tentando colocar na cabeça dos meninos que era possível. A gente acreditava que tinha condições de reverter, mas não sabia que seria essa goleada", disse.

"Entramos concentrados, tivemos atitude na hora do jogo e muita personalidade. No fim, nada foi por acaso. Isso foi resultado de um trabalho diário que já dura quase seis meses", acrescentou o meio-campista.

Alex Santana foi um dos atletas que ganhou confiança com as palavras de Fumagalli. O meia 21 anos entrou no decorrer da partida para marcar o quinto e decisivo gol do Guarani. O detalhe é que foi seu primeiro gol como jogador profissional. Alex contou ao L! como o incetivo do capitão ajudou e disse que chegou a sonhar que balançaria a rede.

"Fico arrepiado só de falar. Na hora, não sabia se chorava, se corria... Depois do jogo em Natal, disse para o Chamusca que tinha sonhado que faria o gol da classificação. Ele riu e respondeu que eu era um grande sonhador (risos). Quando me mandou entrar, Fumagalli me disse para simplesmente acertar na direção do gol e deixar nas mãos do goleiro. E não é que a bola acabou entrando?", disse o jovem meia, que foi só elogios ao capitão bugrino.

"Ele é um exemplo para os mais novos. Vou levar todos os conselhos e tudo o que aprendo com ele para o resto da vida. É um grande profissional, uma pessoa incrível. Um verdadeiro paizão que nos ajuda muito, principalmente nos momentos mais difíceis", disse Alex Santana.

Guarani e Boa Esporte abrem as finais da Série C neste sábado, às 19h15 (de Brasília), no Brinco de Ouro. O jogo de volta será no dia 5 de novembro, em Varginha (MG). Inspirado pelas viradas, o elenco quer o título para sacramentar a "virada" também fora de campo, reerguendo o Bugre no cenário nacional. Fumagalli espera que o sufoco seja menor em relação às fases anteriores. Porém, está pronto para repetir os feitos, se necessário for.

"Vai ser pedreira. Teremos um adversário duríssimo pela frente. Porém, o Guarani também vive um momento muito bom, fortalecido por duas viradas improváveis. O time vai chegar forte, confiante, motivado, e terá o apoio da torcida. Queremos aproveitar e abrir vantagem em casa, mas pelo que fizemos na competição, já deu para ver que temos condições de virar de novo. Mesmo fora, se for preciso. O que importa é um final feliz", finalizou o capitão.