Especial São Januário, 90 anos: Amargos jogos que um estádio viu
Nem sempre jogar em São Januário foi sinônimo de festa para torcidas. Em 90 anos de existência, o estádio acompanhou momentos em que frustrações atingiram em cheio o peito do Almirante da Colina e de outras camisas que mandaram jogos lá.
A de maior frustração desportiva veio em 7 de dezembro de 2008: com a derrota por 2 a 0 para o Vitória, a equipe comandada por Renato Gaúcho terminou o Brasileirão rebaixada. Porém, entre vexames, humilhaões e a frustração na busca por um título de nível internacional e a decepção por não corresponder ao público gigantesco já marcaram até mesmo jogadores que estiveram em São Januário.
O LANCE! traz as amargas lembranças deixadas em São Januário e, em algumas delas, apresenta do ponto de vista de quem esteve em campo. Confira!
VASCO 0x2 VITÓRIA - O SENTIMENTO QUE SE FRUSTRA - 2008
Com fraca campanha no Brasileirão, o Vasco chegou à última rodada não dependendo somente de si: além de superar o Vitória, teria de torcer por uma combinação de resultados. Mas sequer fez sua parte, ao sofrer os gols de Leandro Domingues e Adriano. Após o revés por 2 a 0, a torcida seguiu em campo apoiando o time, mas houve um momento dramático: um torcedor subiu até a marquise e fez menção de que iria pular, mas o Corpo de Bombeiros impediu.
ODVAN - zagueiro do Vasco em 2008
"Quando voltei ao clube, o Vasco já não vinha bem na competição, e era difícil engrenar uma sequência de vitórias. Tínhamos sofrido derrotas para o Náutico e o Figueirense, e a gente não conseguia manter um padrão de jogo. Aquilo tudo culminou em um resultado ruim. Olha, foi muito triste ver a torcida do Vasco daquele jeito. Eu, que me acostumei a ver a torcida vascaína festejando vitórias e alegre nas arquibancadas, confesso que aquele dia foi complicado".
VASCO 0x3 BARAÚNAS-RN - ROMÁRIO? AQUI É CÍCERO RAMALHO! - 2005
Bastava um empate em São Januário para o Vasco de Romário e Alex Dias eliminar o modesto Baraúnas e ir para as quartas de final da Copa do Brasil. Porém, naquela noite, o Cruz-Maltino conheceu o poder de fogo de um veterano inspirado: aos 40 anos, Cícero Ramalho aproveitou passe e abriu o placar para equipe potiguar. No segundo tempo, Toni bateu fraco, e o goleiro Fabiano Borges aceitou. Em seguida, Toni desviou e Henrique estufou a rede. Restou à torcida vascaína ironizar com gritos de "olé" para o Baraúnas. Joel Santana de demitiu.
ALEX DIAS - atacante do Vasco em 2005
"Foi um momento de muita tristeza, no qual a gente não conseguiu a vitória e manter a equipe na Copa do Brasil. Na verdade, o Vasco subestimou um pouco o adversário, e isto fez a diferença na partida contra o Baraúnas. É daquelas derrotas que não dá para atribuir a culpa a um só, a responsabilidade é de todos".
VASCO 0x3 XV DE CAMPO BOM-RS - PRAZER, SOU SEU PIOR PESADELO! - 2004
O duelo com o então pouco badalado XV de Campo Bom-RS parecia mera cordialidade às vésperas do Vasco iniciar a luta pelo bicampeonato carioca. Porém, a partida válida pela Segunda Fase da Copa do Brasil tornou-se uma amarga lembrança constante dos vascaínos. Com pífio futebol, a equipe que tinha nomes como Beto, Robson Luiz e Valdir saiu de campo eliminada com uma goleada por 3 a 0, com dois gols de Dauri e um de Canhoto.
HENRIQUE - zagueiro do Vasco em 2004
"O XV de Campo Bom era desconhecido, e nós entramos muito confiantes para aquela partida em São Januário, porque tínhamos conseguido um empate fora de casa. Com isso, entramos desatentos, até com a cabeça já voltada para o fim de semana, quando viria a final do Carioca contra o Flamengo. E, assim, fomos surpreendidos. A gente achava que, por ser em São Januário, automaticamente, a vitória viria, mas o XV de Campo Bom tinha um bom time, com Mano Menezes como técnico e o Dauri jogando bem".
VASCO 2x4 PALMEIRAS - SONHO DO BI NA LIBERTADORES SE ESVAI - 1999
Campeão da Copa Libertadores de 1998, o Vasco iniciou a edição do ano seguinte somente nas oitavas de final. Mesmo tendo o forte Palmeiras como adversário, a histórica equipe de nomes como Juninho, Ramón e Donizete conseguiu arrancar um empate em 1 a 1 no Parque Antarctica. Em São Januário, Luizão abriu o placar para o Cruz-Maltino. Com uma série de falhas do adversário, o Verdão arrancou a virada, e o time da casa foi buscar. Só que os palmeirenses seguiram em cima e garantiram o triunfo por 4 a 2, em noite inspiradíssima de Alex.
MÁRCIO - goleiro do Vasco em 1999
"Aquele foi o pior momento que vivi no Vasco. Por mais que o Palmeiras fosse uma grande equipe, tanto que acabou campeão da Libertadores de 1999, as infelicidades que tive neste jogo tiveram um peso muito grande. Lutei muito, mas não fui bem naquela noite, e os gols do Palmeiras acabaram saindo. Foi muito dura a sensação de que mudei a história do jogo, fazendo o Vasco ser eliminado".
VASCO 0x2 LONDRINA - MAIOR PÚBLICO DE SÃO JANUÁRIO SE FRUSTRA - 1978
Considerado o maior público oficial da história de São Januário, com 40.209 torcedores, o embate entre Vasco e Londrina não teve final feliz para os cruz-maltinos que abarrotaram o estádio. Em jogo válido ainda pela Terceira Fase do Campeonato Brasileiro de 1977 (mas disputado no início do ano seguinte), Brandão e Carlos Alberto Garcia frustraram o Cruz-Maltino, que tinha nomes como Roberto Dinamite, Wilsinho, Abel, Orlando Lelé e Mazaropi.
GAÚCHO - zagueiro em 1978
"Nunca vi tanta gente na minha vida em um estádio como naquele jogo. Além da arquibancada estar lotada, a marquise do estádio estava abarrotada de torcedores. Tinha gente assistindo ao jogo na marquise do parque aquático, pendurada nas árvores e, se bobear, até em cima da capela. Foi uma coisa assustadora. Era uma derrota que não devia acontecer. Nós vínhamos bem no Brasileiro de 1977 e pressionamos muito, mas as jogadas não aconteciam, e o Londrina aproveitou dois contra-ataques para marcar dois gols".
OUTRAS LEMBRANÇAS AMARGAS
VASCO 1x4 PALMEIRAS - NOITE EM QUE TUDO DÁ ERRADO - 2015
O reflexo da campanha decepcionante do Vasco em 2015 veio em São Januário. Diante do Palmeiras, Martin Silva falhou em saídas de gol e, em 45 minutos, o adversário abriu três gols de vantagem. A má fase foi vista também no ataque: Herrera, diante do gol vazio, carimbou oportunidade no travessão. No intervalo, o então técnico Celso Roth fez as três alterações (dentre elas, a controversa saída de Martin Silva para a entrada de Jordi). O Verdão fez mais um, e o Cruz-Maltino só diminuiu com Riascos.
VASCO 0x5 AVAÍ - AVAÍ 5.0, FORA O BAILE - 2014
O Vasco patinava em uma nova caminhada para voltar à elite do futebol brasileiro quando iria encarar um jogo decisivo diante do Avaí. Com uma atuação burocrática, a equipe comandada por Adilson Batista foi surpreendida por gols de Anderson Lopes e Diego Felipe na reta final do primeiro tempo. Douglas teve a chance de pôr o Cruz-Maltino de volta no jogo, mas desperdiçou pênalti na etapa final. Com a zaga batendo cabeça, Diego Jardel marcou dois, e rendeu gritos de "time sem vergonha" das arquibancadas. Enquanto o Avaí dava "olé", Roberto ainda garantiu o 5 a 0, na pior goleada sofrida por um clube de ponta ao disputar a Série B.
VASCO 0x4 BAHIA - DO G4 À QUEDA LIVRE... - 2012
Com o elenco mudado por completo para a sequência do Brasileirão de 2012 e ainda atuando desfalcado em São Januário, o Vasco se viu facilmente envolvido pelo Bahia. Souza marcou na etapa inicial. Na volta do intervalo, o Tricolor de Aço foi encontrando brechas e encontrando o caminho das redes mais vezes: Souza e, por duas vezes, Jones Carioca. A goleada por 4 a 0 (maior sofrida pelo Vasco desde 2000) custou o cargo a Cristóvão Borges.
VASCO 2x4 FIGUEIRENSE - CRÔNICA DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA - 2008
Mesmo com campanha oscilante no Brasileirão, a torcida do Vasco abraçou o time mais uma vez contra o Figueirense. Muito ofensiva, a equipe partiu para cima, teve uma sucessão de chances, mas sucumbiu aos contra-ataques do Figueirense. Logo na etapa inicial, Marquinho abriu o placar. Na volta do intervalo, Asprilla, Marquinho e Cleiton Xavier abriram quatro gols em 14 minutos. Cinco minutos depois, Leandro Amaral marcou mas, quando Edmundo marcou outro, já era tarde para uma reação. Reação, aliás, que não viria dentro de campo.
VASCO 0x1 BOCA JUNIORS - ERA UMA VEZ UMA INVENCIBILIDADE - 2001
O sonho do bicampeonato da Copa Libertadores parecia se desenhar em grande estilo: oito vitórias nos oito primeiros jogos. Até que chegou a hora de enfrentar o Boca Juniors nas quartas de final, e sem Romário. Além do pouco poderio ofensivo com Euller e Viola bem marcados, o Cruz-Maltino viu Riquelme, de cabeça, garantir o triunfo por 1 a 0. O Boca acabou consolidando a classificação com um 3 a 0 na Bombonera.
VASCO 2x2 FLUMINENSE - E O BICHO NÃO DEU... - 2000
Às vésperas do jogo decisivo das oitavas de final da Copa do Brasil, o então vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, soltou uma farpa para o Fluminense: "Não pago bicho contra time de Terceira Divisão" (referindo-se ao clube ter disputado a Série C no ano anterior). Em noite quente e com show de Roger, o Tricolor das Laranjeiras abre dois gols de diferença. Edmundo marca duas vezes, mas não evita a eliminação cruz-maltina, que custa o cargo de Abel Braga.
VASCO 2x6 CRUZEIRO - E OS GOLS NÃO PARAM DE SAIR... - 1996
O torcedor vascaíno que foi a São Januário em 28 de março de 1996 testemunhou o momento em que a equipe mais sofreu gols no estádio. Com uma atuação medonha em jogo válido pela Copa do Brasil, o Vasco vê Uéslei abrir o placar e Gelson ampliar. Nilson desconta, mas Roberto Gaúcho, Marcelo Ramos, Palhinha e Edmundo fazem o vexame vir por meia dúzia. Zinho ainda faz o segundo dos vascaínos.
VASCO 0x1 CSA - ZEBRA JÁ PASSANDO HÁ TEMPOS... - 1992
Mesmo arrancando um 3 a 3 no jogo de ida, o Vasco tentou definir o jogo de São Januário desde o início. Foram sucessivas chances desperdiçadas com Edmundo, Bismarck e Valdir. Até, a oito minutos do fim, Dago pegar uma bola da intermediária e superar Carlos Germano, sepultando a chance da equipe seguir na Copa do Brasil.
AS DECEPÇÕES DE OUTRAS CAMISAS
FLUMINENSE 0x0 PAULISTA - TRICOLOR VÊ ZEBRA LEVAR TÍTULO - 2005
Ao utilizar São Januário para disputar a final da Copa do Brasil, o Fluminense também amargou uma grande frustração. Mesmo bem organizada, a equipe não conseguiu furar o forte bloqueio da "sensação" do torneio, o Paulista, e acabou ficando no 0 a 0. Com o revés por 2 a 0 na ida, o clube ficou em segundo.
BRASIL 1x5 ARGENTINA - DECEPÇÃO EM VERDE E AMARELO - 1939
Nem mesmo o apoio maciço em São Januário foi suficiente para evitar que a Seleção Brasileira sofresse uma derrota acachapante para a grande rival, Argentina, no início da disputa da Copa Roca. Enrique García, Herminio Masantonio, Manuel Moreno, Herminio Masantonio e Manuel Moreno marcaram para os argentinos. Leônidas da Silva fez o solitário gol da Seleção.
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