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Antes da Seleção, Fagner surpreende até a si mesmo e só evolui no Timão

26/08/2017 06h30

Titular do Corinthians desde 2014 e campeão brasileiro em 2015, Fagner vive em 2017 talvez sua temporada mais especial na carreira: ele segue na equipe principal do Timão de maneira incontestável, está na briga pelo bicampeonato nacional e agora ainda é presença certa nas convocações de Tite para a Seleção Brasileira a um ano da Copa do Mundo. Ele disputará as duas próximas partidas das Eliminatórias, contra Equador e Colômbia, mas antes disso veste a camisa do Corinthians para o desafio deste sábado, às 19h, contra o Atlético-GO, pela 22ª rodada do Brasileirão.

Porém, antes do confronto diante do lanterna e também da apresentação à CBF, o lateral-direito atendeu a reportagem do LANCE! no CT Joaquim Grava. Em longa entrevista, o corintiano de 210 partidas e dois títulos conquistados, deparou com algumas estatísticas que possui no Brasileirão e foi pego de surpresa com uma delas. Além de ser o quarto melhor em desarmes e sétimo em passes, Fagner ainda é o sexto jogador que mais dribla na temporada, sabia? Recursos de um jogador que pode ser considerado completo.

- Não sabia, não. Caramba! Vejo que são situações do jogo, quando você não tem um passe para dar ou precisa arriscar algo em uma zona de perigo para o adversário... Não vejo de uma forma para enfeitar, e sim como recurso para criar uma situação melhor. Eu tentei ser atacante, mas não deu e me jogaram para o lado. Então deixa assim que está bom (risos).

"Tiozão" da zaga na vitória por 1 a 0 sobre a Chapecoense, quando jogaram Léo Santos, Pedro Henrique e Moisés, Fagner já é visto como jogador experiente do elenco do Corinthians mesmo aos 28 anos. Capitão em dez partidas da temporada e na briga pelo bicampeonato brasileiro, ele espera uma nova vitória antes de se apresentar à Seleção Brasileira. A ideia é conter a empolgação do torcedor, mas o jogador que se surpreende com as próprias estatísticas também tem sonhos e planos para o fim do ano.

- Sinceramente, quando chegamos em uma equipe grande como o Corinthians o que queremos são títulos, fazer nosso nome, entrar para a história. Mas ir para a quarta temporada tendo a condição de ser bicampeão brasileiro, terceiro título no clube, isso me deixa muito feliz e mais motivado. Sabemos o quanto é legal ser campeão pelo Corinthians, deixar seu nome na história de um grande clube, então espero confirmar aquilo que almejamos. Mas sabemos da dificuldade que é o Brasileiro, então temos que continuar com nosso foco, humildade e simplicidade na hora de jogar, para que no final da competição a gente comemore.

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LATERAL DO CORINTHIANS E DA SELEÇÃO, AO L!

Uma parte da torcida de Chapecó já gritou "É campeão" faltando 17 jogos para o fim do Brasileiro. Já tinha visto algo parecido na carreira? E como reagir a isso?

Primeiro que é um fato inédito, nunca tinha visto. Segundo que temos que ser muito maduros, saber separar. Pelo que estamos fazendo na competição é normal o torcedor estar confiante, esperando que dê certo, mas nós dentro de campo temos que saber separar esse lado emotivo do torcedor, de estar entusiasmado, da nossa realidade. Temos 17 rodadas, muitos jogos a serem disputados. Sabemos da dificuldade que é o Brasileiro, então temos que continuar com nosso foco, humildade e simplicidade na hora de jogar, para que no final da competição a gente comemore.

Então a história do "jogo a jogo" não é só discurso, é ação?

Sem dúvida. Porque se a gente começar a pensar daqui a três ou quatro jogos não fazemos bem o que temos que fazer até lá. Então tem que ter como objetivo sempre o próximo jogo, se preparar bem, ver quem está em condições de jogar com intensidade alta para render bem. Esse jogo a jogo é das nossas atitudes, daquilo que nos propomos a fazer, não só discurso.

Como foi a reação à primeira derrota, contra o Vitória?

Foi dolorido, a gente ficou muito chateado. Mas ao mesmo tempo veio numa hora boa, porque tirou aquela ansiedade nossa, inconsciente, de que não podia perder. Nós obtivemos um feito inédito na competição, mas sabíamos que uma derrota poderia vir a qualquer momento e que teríamos que ter maturidade para lidar com isso e não jogar fora o que fizemos num período longo sem derrotas. Essa maturidade foi muito importante para que a gente já na quarta mantivesse o padrão de jogo, sem se apavorar mesmo fora de casa, com um jogo seguro, sem se expor. Essa maturidade foi importante de ver.

O Carille costuma dizer que se atém mais ao desempenho que aos resultados. Você acha que em algum momento o desempenho deixou a desejar?

Acho que teve um jogo, sim. O segundo tempo contra o Flamengo, onde nossa equipe se desorganizou em alguns momentos e teve o risco de perder o jogo. Vejo esse jogo como um risco, mas serviu como exemplo daquilo que não podemos fazer, que é desorganizar, achar que vai ganhar o jogo a qualquer hora. Não é assim que vamos ganhar, e sim organizados e sabendo sofrer. Esse jogo trago como exemplo.

É sua quarta temporada no Corinthians desde o retorno e você está brigando pelo segundo título brasileiro, algo muito raro. Esperava tanto?

Sinceramente, quando chegamos em uma equipe grande como o Corinthians o que queremos são títulos, fazer nosso nome, entrar para a história. Mas ir para a quarta temporada tendo a condição de ser bicampeão brasileiro, terceiro título, isso me deixa muito feliz e mais motivado. Sabemos o quanto é legal ser campeão pelo Corinthians, deixar seu nome na história de um grande clube, então espero confirmar aquilo que almejamos.

Você foi líder de assistências do Corinthians em todas essas temporadas, mas em 2017 está atrás do Arana. Como é essa competição?

Eu levo numa boa, não me prendo muito a esses números, quem me passa é o Gabriel (assessor de imprensa do lateral), fico bem alheio a isso. O importante é a equipe estar bem, vencendo. Se eu puder dar uma assistência para uma vitória fico tão feliz quanto se eu tivesse feito um gol. Se o Arana tiver mais assistências, Jadson, Gabriel, Pablo, qualquer um que faça a gente ganhar e ser campeão será o mais importante do que ser o primeiro.

Como vê essa temporada do Arana?

Aqui no Corinthians o cara precisa ter muita coragem e personalidade. Nos grandes jogos que vemos quem é quem, quem enfrenta o desafio de peito abert. Ele é exemplo disso, menino novo, muita personalidade, grande jogador, tanto que vira e mexe surgem notícias de que tem alguém querendo levar ele (risos). A gente sabe da importância dele para a equipe e ficamos felizes de vivenciar esse momento e também participar.

Quem está jogando durante a lesão do Arana é o Moisés, que tem enfrentado certa oposição. Como manter um jogador criticado com motivação?

O mais importante é que cada jogador tem sua característica e ninguém é igual a ninguém. O Arana tem um estilo de jogo, mas está lesionado, então o torcedor não pode esperar que o Moisés faça as mesmas coisas. O Moisés tem que fazer aquilo que ele sabe fazer, não o que o Arana faz. Porque às vezes o Moisés não faz o que o Arana faz, mas faz outras coisas. Em termos de cumprir função, todos fazem, mas tecnicamente todos têm que fazer seu melhor. Essa leitura que o torcedor precisa ter é saber diferenciar as características do Arana e do Moisés para avaliar. Não tem como comparar.

Falando em Arana, Moisés e você também, o Corinthians tem uma característica de ser um time de laterais construtores. Sempre foi uma busca?

Na verdade é tudo um conjunto. Assim como nossos pontas têm função na parte de marcação, os laterais têm a missão de ajudar os pontas quando a gente está atacando. Justamente essas triangulações e infiltrações acontecem para você ter a bola, dificultar para o adversário, porque em movimentação você trabalha rápido e um sempre sai. Dia a dia fomos nos habituando e buscando o melhor entrosamento para fazer isso de forma natural.

Nessa partida contra a Chapecoense você foi o "tiozão" da linha de zaga. Já se sente bem com a fama de veterano?

Estou ficando velho, isso sim (risos). Fico feliz de poder ajudar os meninos que estão começando, que ouvem, que querem crescer. Feliz também de estar jogando, estar bem, atuando, às vezes poder conversar com um menino sobre uma experiência que teve, corrigir um posicionamento. Fico feliz de olhar para o lado e ver que o Corinthians tem grandes jogadores e mantém um padrão.

E eles têm um exemplo positivo também...

Eu fico feliz. Se eles assim enxergarem fico feliz pela minha figura passar tranquilidade. Falei para o Léo Santos no jogo que se ele tivesse que chamar minha atenção que chamasse, porque dentro do jogo você pode cometer erros e se tiver que tomar bronca de um menino para que o time cresça e ganhe o jogo é normal. Então falei isso para ele, mas ainda bem que não precisou (risos).

O Corinthians mesmo com os meninos têm mantido um padrão. Esse trabalho coletivo é o que faz a diferença na campanha?

Sem dúvida. É um conjunto de coisas que fazem a engrenagem andar. O esforço da diretoria em não permitir que ninguém saia, o pessoal que não vem atuando trabalhar da mesma forma que todos, que sabem funções, sabem bola parada, posicionamentos... Isso são detalhezinhos que vão fazendo a diferença em jogos que precisa de nível de concentração os 90 minutos. Tivemos jogos sem Pablo, Jadson e outros, e mantivemos padrão. Isso dá resultado, porque todo mundo tem sua parcela de contribuição para a equipe estar onde está.

Você diz que fica alheio aos números, mas trouxe três estatísticas e queria que você fizesse um comentário sobre cada um deles. Você é o sexto jogador do Brasileirão que mais dribla. Surpreende?

Não sabia, não. Caramba. Vejo que são situações do jogo, quando você não tem um passe para dar ou precisa arriscar algo em uma zona de perigo para o adversário... Não vejo de uma forma para enfeitar, e sim como recurso para criar uma situação melhor. Eu tentei ser atacante, mas não deu e me jogaram para o lado. Então deixa assim que está bom (risos).

Você é o sétimo jogador do Brasileirão com mais passes certos. Esse não deve surpreender tanto...

É uma coisa que eu acredito que jogadores de meio e laterais temos que trabalhar bastante, o passe é um dos fundamentos mais importantes do futebol. Fico feliz de saber isso, porque ser o mais passador não é algo que você pensa quando começa uma competição. Mas passes furam linhas do adversário e criam situações de gol, então é trabalhar bem todo dia para minimizar os erros.

Falamos de estatísticas mais ofensivas, mas você é o quarto em desarmes também no campeonato. Você acha que isso indica que você é um lateral completo?

Cara, fico feliz... Feliz pelos números, pela maneira com que a minha equipe me ajuda, tanto na parte ofensiva quanto na defensiva. Porque, às vezes, se o jogador que joga na minha frente não ajudasse na marcação ficaria difícil fazer desarmes, porque tem dobras de marcação que você neutraliza o ataque adversário. Fico feliz de fazer parte desses números mesmo não sendo o principal objetivo.