Topo

Neto: 'Última oportunidade para mostrar que posso ir à Copa'

26/03/2018 07h30

Em grande fase no Valencia, Neto foi convocado para os jogos da Seleção Brasileira. O goleiro acabou fora do banco contra a Rússia, na última sexta-feira, mas está na expectativa de ser aproveitado contra a Alemanha, nesta terça, às 15h45 (de Brasília), em Berlim.

Em entrevista ao LANCE!, o jogador fala da expectativa de estar na lista final de Tite para a Copa do Mundo da Rússia, o que o levou a trocar a Juventus pelo Valencia e a convivência com Buffon, um dos melhores goleiros da história.

Você foi convocado pelo técnico Tite para amistosos da Seleção Brasileira contra Rússia e Alemanha. Como chegou a notícia até você? O que isso representa na sua carreira?

Representa para mim a valorização do trabalho que venho fazendo nesta temporada com o Valencia, que vem muito bem no Campeonato Espanhol. É muito gratificante saber que estão acompanhando o bom trabalho que estamos realizando. Acredito que o importante é ter a tranquilidade de manter esse desempenho e estar bem comigo mesmo para estar representando o Brasil.

Você está na última convocação antes da lista final para a Copa do Mundo. É um passo importante para estar no Mundial?

É super importante fazer parte da Seleção Brasileira, ainda mais sendo a última convocação antes da lista final. É a última oportunidade de tentar mostrar aquilo que a gente vem fazendo durante a temporada. Acaba sendo ainda mais importante por isso. O principal é manter o trabalho que vem sendo feito aqui no Valencia.

Alisson e Ederson parecem ser nomes certos na Copa. Desta vez, Cássio e Marcelo Grohe não estiveram na lista. Eles são os seus principais concorrentes na briga pela terceira vaga?

Concorrentes são todos os goleiros brasileiros. O Brasil vem com grande número de jogadores para a posição, a concorrência é muito grande. A Seleção estará muito bem servida com qualquer um que for chamado. O meu foco é poder desempenhar na equipe do Tite o que tenho feito aqui no Valencia, com serenidade, para poder mostrar que tenho capacidade de defender o Brasil.

O Brasil vive uma excelente geração de goleiros. O Tite deu oportunidade a muitos deles. Esse período da data Fifa é a chance de sua vida para estar na Copa?

Com certeza é uma grande oportunidade. Por ser a última convocação, acaba sendo a última chance não só para mim, mas também para outros jogadores, de poder fazer aquilo que cada um tem de melhor. Comigo não é diferente. Por ser essa última convocação antes do Mundial, temos que demonstrar tudo que estamos fazendo durante a temporada. Mas sem gerar nenhum tipo de expectativa ou ansiedade, pois isso acaba atrapalhando o que estamos fazendo e tirando o nosso foco.

Por duas temporadas, você ficou no banco de Buffon, atuando pouco na Juventus. A Copa do Mundo foi um componente importante para você deixar o clube italiano? A possibilidade de jogar com mais frequência e ser mais observado?

A Copa do Mundo foi um dos componentes para eu deixar a Juventus. O principal deles era buscar a minha felicidade. Eu não estava feliz, pois não estava jogando e não tinha o que eu queria. Consegui encontrá-la no Valencia, estou bem aqui. E quando estamos bem, tudo acontece, o universo flui a nosso favor, as coisas ocorrem com naturalidade. A Copa do Mundo, junto com poder jogar novamente com frequência, foram os componentes fundamentais.

Pelo peso que tem o Buffon, a sua identificação com a Juventus e seleção italiana, seria praticamente impossível assumir a condição de titular da Velha Senhora...

É uma escolha que os treinadores têm que fazer. Buffon tem história no futebol mundial, na Juventus...O meu objetivo era jogar. Naquela época não estava recebendo as oportunidades que acredito que merecia. Por isso, fui buscar o meu espaço em outro lugar, a vida segue. É importante tentar ser feliz e aproveitar a carreira ao máximo.

O que lhe atraiu para atuar no Valencia?

É um grande clube do futebol espanhol. Joga em uma grande liga, que atrai jogadores de qualidade do futebol mundial e um público muito grande para as partidas. Isso sem dúvida me seduziu. E o projeto que o Valencia me ofereceu, é um clube de uma tradição muito grande, com possibilidade de voltar a jogar como protagonista.

Você participou da geração que foi medalha de prata na Olimpíada em 2012. O que aquela campanha deixou de aprendizado para você?

Tudo que acontece serve de aprendizado. Foi uma experiência muito bacana de poder participar de uma Olimpíada. Era um grupo jovem, uma seleção com jogadores em formação, que buscavam o seu lugar ao sol. Serve muito como experiência olhar para trás e ver a mentalidade que eu tinha na época e a que eu tenho hoje, são cabeças totalmente diferentes. Vivi muita coisa nesse período, mas o importante é aproveitar todas as oportunidades, pois tudo acrescenta, positiva ou negativamente, e ter participado dos Jogos Olímpicos e ter uma medalha é algo incrível.

Você esteve no grupo que disputou a Copa América de 2015. Como foi lidar com a pressão do título e a frustração?

Isso acaba sendo normal. A partir de quando jogamos em alto nível, a pressão sempre vai existir. Todos os jogadores de alto nível e que chegam em grandes clubes acabam deixando isso mais para o exterior. É preciso trabalhar com serenidade, enfrentar os jogos com responsabilidade, mas é importante se divertir no que faz. A responsabilidade, a pressão, tudo isso vai existir. Mas é preciso deixar isso do lado de fora, sem que isso influencie.

Você teve a convivência diária com o Buffon. Como foi estar com ele, que é uma bandeira da Juventus e da seleção italiana?

Foi uma experiência incrível pode conviver ao lado de um dos maiores goleiros da história. Isso me acrescenta muito tanto profissional como pessoalmente. Pude aprender como ele enfrentava os jogos, como convivia no dia a dia. Isso dá muita bagagem e foi fundamental.

O Valencia voltou a reeditar boas atuações no Campeonato Espanhol e está em quarto lugar. Qual é a meta do clube na temporada?

Na verdade, não traçamos metas para depois não ter arrependimentos. Não podemos ser hipócritas, pois estamos fazendo um grande Campeonato Espanhol, temos uma pontuação incrível para a temporada competitiva que o Valencia joga, um time que foi montado há sete meses. A partir da pontuação que temos, não podemos dizer que não pensamos na Liga dos Campeões. Vamos lugar até o fim para conseguir esse feito que, para mim, é um objetivo na temporada. Quando decidi ir para o Valencia, coloquei como meta ajudar o clube a conseguir a classificação para a competição e chegar no topo do Espanhol.

No Campeonato Espanhol, você é o goleiro com mais defesas. Você vive a sua melhor fase na carreira?

Vivo uma fase muito boa. Mas traçar como a melhor da carreira é muito difícil. Mas é um momento importante, eu estou feliz. Já vivi muitos momentos bons e ruins na minha carreira, são coisas que acontecem. O importante é ser consciente do que estamos fazendo. Mesmo as coisas estando indo bem, elas podem melhorar. Por isso temos sempre que buscar estar sempre no topo.