FAQ Jair Ventura: L! traz respostas sobre o trabalho do técnico do Santos
O Santos não vence há quatro jogos e não marca gols há três. Na temporada, tem 12 vitórias, seis empates e outras 12 derrotas. O time ocupada a 16ª colocação do Campeonato Brasileiro, mas está classificado às quartas de final da Copa do Brasil e às oitavas da Libertadores. O contraste de números é o retrato do trabalho de Jair Ventura no comando do Alvinegro. Nesta quinta-feira, o carioca de 39 anos enfrenta o Atlético-PR, na Arena da Baixada, em Curitiba, pela oitava rodada do Brasileirão.
Mas, afinal, o que pode acontecer se o Peixe perder mais uma partida na temporada? Abaixo, o LANCE! destrincha essa e outras perguntas frequentes sobre a situação do treinador, respondendo aos questionamentos naturais diante do momento ruim da equipe com análise e com o que se sabe até aqui.
O Santos de Jair é 'retranqueiro'?
Essa talvez seja a pergunta chave para entender a irritação de boa parte da torcida com o time e com o trabalho do carioca. Não, não é. O Santos de Jair Ventura é um time reativo. A equipe se destaca quando consegue se fechar na defesa e apostar em contra-ataques rápidos. Além de uma tentativa constante de explorar as laterais.
O que parece atrapalhar é o fato do técnico se sentir quase que obrigado a falar em DNA ofensivo. Existe uma espécie de cartilha de jogo bonito no clube, quando, na verdade, o trabalho do carioca se assemelha muito mais ao que ele mesmo fazia no Botafogo: velocidade e defesa sólida. A crítica de grande parte da torcida vem a partir do momento no qual o Santos tenta ficar com a bola no meio-campo e não encontra um jogador capaz de articular o jogo no setor ou dar passes em profundidade.
Se perder hoje, ele corre o risco de ser demitido?
Não. O presidente José Carlos Peres está com a delegação da Seleção Brasileira na Inglaterra e enquanto ele não voltar o interino do clube é o vice Orlando Rollo, que durante a semana teve uma conversa com o treinador e também demonstrou seu apoio após a derrota para o Cruzeiro, no Pacaembu.
Antes de viajar, Peres deixou claro que pretende manter Jair no cargo ao menos até a parada para a Copa do Mundo, "independente do que aconteça", segundo ele mesmo, nesse período. De acordo com o presidente, "não há a menor intenção" de desligar o treinador de sua função até que o Santos seja reforçado.
Dificilmente algo diferente acontecerá até o fim da disputa das 12 primeiras rodadas do Brasileirão. No mês passado, o gerente de futebol William Machado chegou a dizer que o trabalho do treinador só poderá ser avaliado com clareza após seis meses, prazo que se esgota no fim do próximo mês.
Mas qual a análise da diretoria para mantê-lo no cargo?
São dois os pontos principais. O primeiro deles é que a presidência acredita não ter dado peças suficientes para ajudar o treinador a executar seu trabalho com excelência. Por isso, há uma expectativa de que as coisas melhorem depois da chegada de reforços, principalmente do tão falado meia-armador. Portanto, para Peres, por exemplo, é injusto colocar a culpa no comandante.
O outro ponto é o retorno do investimento feito na contratação de Jair Ventura. Para tirá-lo do Botafogo, o Peixe gastou cerca de R$ 800 mil. É um treinador jovem e de futuro promissor, na visão dos dirigentes. Portanto, não há motivos para precipitações na decisão sobre seu trabalho. Há a confiança de que ainda será possível colher bons frutos.
O problema é só a falta de um camisa 10? O que a diretoria pensa disso?
Não. O problema do Santos não é só a falta de um meia-armador. Há uma clara falta de harmonia no meio-campo da equipe que passa pelas outras posições do setor. Até mesmo o ataque sofre com constantes mudanças na busca por uma evolução do futebol. Nos últimos jogos, a falta de pontaria também colaborou para os resultados ruins.
Falta criatividade e articulação no meio-campo para conectar a defesa com o ataque, a diretoria garante estar ciente. Uma das principais críticas é a bola não rodar pelo setor. Por isso, o presidente e o Comitê de Gestão trabalham para trazer mais de um jogador para o meio. Na visão dos dirigentes, falta também um camisa 8 para ser titular absoluto e um centroavante, posição carente no elenco. Hoje, o único 9 de ofício no plantel é o jovem Yuri Alberto, de 17 anos, que ainda vive processo de adaptação no profissional e não será exposto.
Jair é uma unanimidade? Mas e entre o elenco, como é a relação?
Não, Jair não é unanimidade. Entre os conselheiros, já há uma vertente que quer a sua saída. Na prática, isso hoje não tem tanto peso. Entre os torcedores, também há uma grande insatisfação. A diretoria tenta blindá-lo disso e passar confiança ao técnico. Com o elenco, a relação é considerada ótima. Jair é um técnico jovem, considerado por alguns jogadores importantes como da "resenha". Conversa bastante com os atletas e evita expô-los, sempre ressaltando que as questões devem ser resolvidas internamente.
E o aproveitamento, qual é? Isso pesa?
Jair comandou o Santos em 30 jogos. Até aqui, são 12 vitórias, seis empates e 12 derrotas. O aproveitamento é de 46,67%. No Campeonato Brasileiro, a porcentagem cai para 33,3%, oriunda de duas vitórias e quatro derrotas. Para a diretoria, neste momento isso não tem tanto peso. Para os críticos do trabalho, é um prato cheio para argumentar. Em contrapartida, o treinador se apoia nas classificações na Copa do Brasil e na Libertadores.
Por fim, o que o próprio Jair pensa sobre sua situação?
Em entrevista coletiva, após o jogo contra o Cruzeiro, ele mesmo definiu:
- O treinador está sempre pressionado. Estamos trabalhando, mas não tem sido o suficiente. A torcida está magoada e com razão. Não adianta abaixar a cabeça e fazer "terra arrasada", nós somos os responsáveis por isso. Eu, os jogadores...E só conseguiremos reverter isso com muito trabalho, mais do que já temos feito. As vaias são naturais. Os protestos sem agressão têm de acontecer mesmo. Ano passado o Santos teve três treinadores (Dorival Júnior, Levir Culpi e Elano). Será que é o ideal? Os bons times no Brasil são os que estão com técnico há mais tempo no cargo: Grêmio, Cruzeiro (...).
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