Presidente do Fortaleza quer manter Rogério Ceni no comando por até 2 anos
Em meio ao clima de comemoração pelo tão esperado retorno à elite, o Fortaleza já volta suas atenções para 2019. No que depender do mandatário do clube, Marcelo Paz, o torcedor pode esperar um Tricolor do Pici competitivo, com elenco formado por jogadores com "expertise" de Série A e empenhado em driblar os riscos de um "efeito ioiô".
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Em entrevista ao Lance!, o presidente do campeão da Série B deste ano crê que a conquista da competição (da qual a equipe se despede nesta sexta-feira, contra o Coritiba, no Couto Pereira) é capaz de "curar" traumas tanto de torcida quanto de diretoria. Além disto, traça perspectivas sobre cotas de TV, destino de destaques como Gustavo e abre o jogo sobre Ceni:
Nosso desejo é manter o Rogério por um ou dois anos de trabalho. Confiamos no trabalho dele.
LANCE!: Presidente, depois do acesso, do título, queria saber qual é a sensação da conquista ocorrer em uma data especial como esta, que é o centenário do Fortaleza?
Marcelo Paz: É um sentimento de muita gratidão, de viver este momento. Uma bênção poder, aos 35 anos, presidir o clube de coração neste centenário. Queria agradecer à torcida do Fortaleza, que é espetacular, pela presença, pelo apoio durante a temporada. Isto é muito marcante. Eu, que vi como diretor e como vice-presidente o clube sofrer tanto na Série C pude, em pouco mais de um ano, ver o Fortaleza voltar à Série A, é muito marcante.
L!: Antes de ter subido para a Série B, o Fortaleza "bateu na trave" de uma forma cruel, muitas vezes caindo nas quartas de final. Acha que este "trauma" fortaleceu o clube na disputa da Segunda Divisão neste ano?
Não sei, não vejo tanta ligação com isto. A gente sabia que quando chegasse à Série B, viria muito forte, pelo tamanho da torcida. É claro que não imaginávamos que seríamos campeões logo no primeiro ano de disputa, mas quem vê, não sabe o quanto foi difícil curar nossos "traumas". A cada momento que a gente oscilava na Série B, vinham lembranças dos anos anteriores. Dá para dizer que esta conquista foi uma cura de todos os traumas.
L!: Quais são os desafios do Fortaleza para esta volta à elite?
O principal desafio é manter a equipe na elite em 2020. Sabemos que a distância entre a Série B e a Série A é muito grande. O Fortaleza chegará à elite com um dos menores orçamentos da competição. Além disto, estamos há muito tempo longe da Primeira Divisão (a mais recente participação ocorreu em 2006). Temos de montar um elenco que dê condições de não descermos.
L!: Sobre a parte financeira, no ano que vem passará a vigorar uma nova relação quanto a cotas de TV. Como está o Fortaleza neste novo cenário?
Olha, nosso orçamento para 2019 será praticamente o dobro que tivemos neste ano. Porém, ainda estaremos muito longe dos gigantes. Não podemos dobrar nosso orçamento. Teremos de montar uma fonte de renda e, além disto, precisamos ter muita tranquilidade e precisão nas contratações.
L!: Além disto, a Série B não deixa de ser uma vitrine, em especial quanto ao Fortaleza, que foi campeão. Como está o planejamento de vocês?
O planejamento do elenco passará pela manutenção da comissão técnica. Entendo que a saída de jogadores é algo normal, não vejo como grande preocupação. Muita gente vai sair, está valorizada. Claro que nosso desejo é manter os jogadores que têm mais perfil de uma disputa de Série A.
L!: O Fortaleza já entrou em negociação com Rogério Ceni?
Já sinalizamos nosso desejo de que ele permaneça. No momento oportuno, a gente vai entrar em contato. Já conseguimos os dois objetivos, que eram o acesso e o título, mas não sentamos ainda para conversar os detalhes. A intenção é que a gente converse com muito carinho. Acredito que até novembro tenhamos esta definição.
L!: Com a conquista da Série B, outros clubes podem começar a cobiçar o Rogério Ceni. Acha que a permanência dele seria uma forma do Fortaleza fechar seu centenário com chave de ouro?
Sem dúvida. Seria um grande passo, um fim de ano perfeito a permanência dele.
L!: Outro nome que se destacou muito nesta campanha e não tem vínculo direto com o Fortaleza é o Gustavo. Há a chance de ele seguir no clube? Em especial neste período em que o Corinthians, detentor dos direitos dele, está com problemas com centroavantes.
O Gustavo pertence ao Corinthians. Ele se destacou muito neste ano, é artilheiro do futebol brasileiro mesmo jogando só duas competições e lidando com uma contusão. O Corinthians pode tanto aproveitá-lo quanto querer vendê-lo. Acho difícil mantermos o Gustavo aqui no clube, mas garanto uma coisa: ele foi muito feliz no Fortaleza. Tem o carinho da torcida. Pode até permanecer, mas ele foi bastante valorizado neste ano.
L!: Neste retorno à elite, o Fortaleza vai enfrentar o desafio do "efeito ioiô", de um clube que sobe em um ano e cai no outro, como foi o caso do próprio Paraná. O que o senhor tira de lição para que o Tricolor do Pici não passe por isto?
Acho que o principal é qualificar o elenco com jogadores que tenham "expertise" de Série A. Além deste "expertise", outro fator é dar prioridade para formar uma espinha dorsal forte, que permita ajudas e chegadas, desde o início do ano. Afinal, vamos ter de lidar com mudanças no decorrer do ano. Não temos de cair de rendimento a bruscas de qualidade no meio do ano.
L!: Mesmo depois da perda do Estadual, o clube manteve o Rogério Ceni, que estava muito criticado pela torcida. O senhor, como torcedor e como dirigente, acha que deixar o Ceni acabou pesando para a equipe garantir o acesso?
Olha, logo na sexta, sétima rodada, eu vi que o time estava jogando muito bem. A gente viu como a presença do Rogério era muito importante. Pela confiança que demos a ele, por tudo o que ele passava ao time, que estava todo organizado e tinha condições de jogar sempre de igual para igual com adversários.
L!: Além disto, Ceni trouxe mudanças estruturais do Fortaleza. Podemos esperar mudanças ou ampliações para 2019?
A gente vai qualificar a parte do gramado, dos campos e um vestiário novo. Queremos um nível estrutural de excelência para o Fortaleza.
L!: O Fortaleza tem um projeto de gerenciamento compartilhado com o Ceará para o Castelão. Como estão as negociações disto?
Estamos vendo com o Ceará como esta gestão compartilhada acontecerá. O objetivo é que os equipamentos, os setores do Castelão fiquem a cargo dos dois clubes. Naturalmente, cada um cuidando de seus respectivos jogos. Acreditamos que esta seja uma forma de valorizar o futebol cearense, gerar novas receitas para todos. Estamos conversando não só entre nós, mas com o governo do estado do Ceará para isto. Nada melhor do que os dois clubes de massas se juntarem para valorizar o futebol do nosso estado.
L!: Bem, enquanto o Fortaleza garantiu o acesso, o Ceará vem lutando contra o rebaixamento na Série A. Até onde a permanência do Ceará na elite será importante para o clube? O senhor está torcendo para isto?
Olha, torcendo, não estou não. Não torço para o rival. Agora, para o estado é muito bom. Faz bem para a economia do nosso estado. Seria algo grandioso para o futebol cearense ter dois clubes na elite de 2019. Faria só bem para nós.
L!: Para encerrar, presidente, deixe um recado sobre o que o torcedor pode esperar do Fortaleza para o ano de 2019.
Sem dúvida, um Fortaleza organizado, que vai disputar cada um de seus pontos nesta volta à elite. Teremos um time competitivo, que vai brigar para se manter, que vai valorizar nossa marca e que quer seguir em 2020 na elite.
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