'Defenderia Suárez mesmo se tivesse matado alguém', diz Lugano
O ex-zagueiro uruguaio Diego Lugano, hoje superintendente de relações institucionais do São Paulo, ainda fica indignado ao recordar a pesada pena aplicada pela Fifa ao compatriota Luis Suárez pela mordida no italiano Chiellini em jogo da Copa de 2014. Foram nove partidas sem poder defender a seleção e quatro meses banido de qualquer atividade profissional de futebol, mesmo que o árbitro não dado sequer o cartão amarelo.
Em entrevista ao site Infobae, da Argentina, o ídolo do São Paulo disse que defenderia o centroavante incondicionalmente devido à lealdade dele à seleção uruguaia. Sem Lugano, que jogou só a partida de estreia daquela Copa e depois sofreu com uma lesão no joelho, o Uruguai bateu a Itália por 1 a 0 no jogo da mordida e classificou-se às oitavas de final, fase em que foi eliminado pela Colômbia.
"A história de Luis para chegar àquela Copa é digna das melhores páginas do futebol uruguaio. Por isso a revolta. A força e a humildade dele para chegar à Copa do Mundo... Como brigou com o Liverpool, deixou de lado a possibilidade de venda ao Real Madrid ou ao Barça que existia naquele momento, arriscou a carreira dele por nós. E então me vêm com uma mordida. Se tivesse matado alguém também o defenderia pela lealdade dele à causa. Essa é a realidade", declarou Lugano, que deu uma entrevista muito dura à época em defesa do colega.
"Minha postura foi a de apoiá-lo sempre, principalmente publicamente, porque é fácil mandar um WhatsApp de 'estamos contigo', mas não falar publicamente. Nós somos pessoas públicas e, se estão te maltratando publicamente, você pensa que um companheiro ou alguém de peso tem que te defender publicamente também e dividir esta bronca. Além do que eu acreditava nele, e acredito."
Lugano conta que os italianos já estavam dispostos a incomodar Suárez antes da mordida e que se irritou muito com a postura de Chiellini naquela ocasião.
"Quase briguei no vestiário com dois ou três italianos, com Thiago Motta, que era meu amigo e jogava comigo no Paris. Me irritei porque estavam perseguindo o Luis em toda a partida. Do banco também o provocavam. Faltavam dez minutos, tínhamos que ganhar, com o empate eles se classificavam. O que Luis fez foi tirar Chiellini do jogo. Por casualidade ou não, no escanteio seguinte, Chiellini perdeu Godín na marcação, gol de Godín e Uruguai classificado. Então o que o Luis fez foi ganha no psicológico do Chiellini. Foi o que provocou que o italiano saísse depois da partida apontando o Luis, porque se não fosse por ele, que insistiu que deveriam suspendê-lo, era capaz que não acontecesse nada", disse.
"Havia um contexto político de Uruguai, Conmebol e Fifa, um tema profundo. Não foi só a mordida. Luis cumpriu a maior pena na história do futebol em todos os tempos. Os dois melhores anos da carreira dele sem poder jogar na seleção uruguaia. Não foram só nove partidas oficiais, Copa América e Eliminatórias, ele esteve quatro meses sem poder entrar em um vestiário para treinar em qualquer lugar do mundo. Uma barbaridade. A hipocrisia da imprensa foi tremenda, eu me irritei de um jeito bárbaro."
"Também me irritei com Chiellini. Mandamos mensagens quando ele chegou à Itália dizendo que isso não se faz com um companheiro de trabalho e ele pediu perdão, que não fosse tão grande a pena, mas já era tarde. Naquele dia, obviamente, perdemos a Copa. Foi grande a revolta e a impotência de ver como tiravam o Luis do hotel com a Polícia Militar brasileira porque a Fifa deu a ordem de que ele não poderia estar em nenhum recinto Fifa", emendou o ex-defensor.
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