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Raí sugere renúncia de Bolsonaro: 'Está no limite da irresponsabilidade'

Raí, diretor-executivo de futebol do São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Raí, diretor-executivo de futebol do São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

30/04/2020 10h47

Raí, diretor de futebol do São Paulo, deu declarações fortes sobre a postura de Jair Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus e sugeriu até a renúncia do presidente da República.

"Um posicionamento atabalhoado é o mínimo que se pode dizer. Naquele momento, por exemplo, que ele deu aquele depoimento em rede nacional... Ele está no limite, muitas vezes, da irresponsabilidade, quando ele vai contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde", disse Raí, ao Sportv, lembrando que Bolsonaro foi a público logo no início da crise para dizer que o país deveria "voltar à normalidade" e que a covid-19 se tratava de uma "gripezinha".

"Eu acho que isso me fez até questionar o presidencialismo. Estar sujeito a uma pessoa como essa, a um presidente como esse, que foi eleito democraticamente, mas que toma decisões que confundem completamente a população. Por causa dele, e aí o cálculo pode até ser feito, milhares de mortes a mais vão acontecer."

Neste momento, já são mais de 79 mil casos confirmados e mais de 5 mil mortos em função da doença. Ao ser questionado nesta semana sobre o fato de o Brasil ter ultrapassado o número de mortos da China, Bolsonaro respondeu dizendo: "e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?".

"Se perder a governabilidade, eu torço e espero uma renúncia para evitar o processo de impeachment, que sempre é traumático. Porque o foco tem que ser a pandemia. (O impeachment) não é uma coisa que tem de se pensar agora, energia nenhuma pode ser gasta nisso, mas estiver prejudicando ainda mais essa crise gigantesca de saúde, sanitária, tem que ser considerado", emendou Raí.

Ao se colocar contra o isolamento social severo, recomendado pela OMS e todas as autoridades de saúde, Bolsonaro criou uma crise com o então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, que acabou sendo demitido e substituído por Nelson Teich. Na semana seguinte, Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça após se desentender com o presidente e saiu fazendo acusações que abalaram o Governo.

"Outro absurdo do Bolsonaro é inventar crises políticas ou de interesses próprios, familiares, no meio de uma pandemia. É inaceitável. Tenho certeza que muita gente concorda, inclusive alguns apoiadores do Bolsonaro. Ele foi eleito democraticamente, mas a própria democracia está conseguindo frear", disse Raí.

O posicionamento sobre as atitudes de Bolsonaro é pessoal, mas Raí também manifestou a postura institucional do São Paulo: o clube é contra o retorno imediato do futebol, sem as garantias necessárias de segurança.

"É bom deixar claro e reforçar que a posição do São Paulo não é voltar rápido. É voltar ao seu tempo, com as orientações, e gradativamente, começando obviamente o treino sem uma data certa de quando o campeonato vai retornar."

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