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Entre direitos de imagem e empresários, Corinthians deve R$ 62 milhões

Andrés Sánchez, presidente do Corinthians, em coletiva no CT Joaquim Grava - Daniel Vorley/AGIF
Andrés Sánchez, presidente do Corinthians, em coletiva no CT Joaquim Grava Imagem: Daniel Vorley/AGIF

08/05/2020 08h00

O balanço financeiro de 2019 do Corinthians, que foi a público nessa segunda-feira (4), continua repercutindo. Entre as dívidas que chamam atenção, duas saltam aos olhos: uma com empresários conhecidos no meio esportivo e outra referente a direitos de imagem dos jogadores, tanto do atual elenco quanto de atletas que já saíram.

O débito com os agentes Giuliano Bertolucci (R$ 6,672 milhões) e Carlos Leite (R$ 7,331 milhões), até 31 de dezembro de 2019, soma R$ 14 milhões e cresceu razoavelmente em comparação com o balanço de 2018, quando a dívida somada era de R$ 12,393 milhões. Ambos têm boa relação com o clube há anos, em diferentes gestões.

Segundo apurou a reportagem, quando os empréstimos foram tomados, em 2017, a soma dos valores era de cerca de R$ 9 milhões. Em outras palavras, a dívida aumentou 55% em aproximadamente três anos. Muito disso por conta dos juros praticados: Bertolucci cobra 1,5% ao mês, enquanto Leite cobra 1,94% ao mês. A busca do dinheiro com os empresários aconteceu na gestão de Roberto de Andrade de acordo com o que disse Andrés Sanchez em live com o site "Meu Timão".

"Quando tem falta de fluxo de caixa, você pega dinheiro emprestado, eu não peguei dinheiro emprestado com empresário nenhum, todos os empresários que estão lá são da gestão do Roberto [de Andrade], eu peguei com banco", afirmou o presidente do Corinthians.

Outro ponto que chama a atenção no balanço é o débito com direitos de imagem. Somando todos os credores, chega-se a um total de R$ 48.452 milhões, mais do que o dobro do que foi apontado em 2018 (R$ 21.609 milhões). A principal mudança na lista se dá no item "outros contratos de direito de uso de imagem", cujo valor saltou de R$ 2.136 milhões em 2018 para R$ 20.101 milhões em 2019, quase dez vezes mais.

Para efeito de comparação, a folha salarial corintiana gira em torno dos R$ 12 milhões por mês de acordo com Andrés. Assim, o saldo devedor em direitos de imagem no balanço financeiro de 2019 equivale a praticamente quatro meses de pagamento ao elenco.

Vale lembrar que os direitos de imagem são recebidos por meio de empresas. Alguns jogadores têm o próprio CNPJ, e outros usam empresas de seus agentes ou empresários para terem acesso ao dinheiro. Portanto, na lista, não é possível determinar quais são todos os atletas que fazem parte dos credores.

Do elenco atual, é possível reconhecer Fagner, que tem crédito de R$ 1,8 milhão, e Ramiro, que chegou no ano passado, e já tem R$ 1,753 milhão a receber. Segundo apurou a reportagem do LANCE!, o maior credor no momento é Boselli, com R$ 2,982 milhões. Essa quantia seria recebida por meio da empresa de seu agente. Por outro lado, uma dívida de R$ 1,150 milhão com Cássio foi quitada ao longo de 2019.

Na lista, aparecerem jogadores que não estão mais no clube, como Jadson (R$ 1,240 milhões a receber), Ralf (R$ 2,1 milhões) e o volante Cristian (R$ 2,571 milhões). Somente com eles, a dívida somada é de quase R$ 6 milhões. É importante lembrar que os valores podem ter aumentado ou diminuído desde o fechamento do balanço, finalizado em 31 de dezembro de 2019.

O Corinthians fechou o ano passado com um déficit de R$ 177 milhões e viu sua dívida acumulada aumentar em cerca de R$ 200 milhões. A situação para 2020 preocupa ainda mais devido à crise causada pela pandemia de coronavírus. Até aqui, alguns patrocinadores suspenderam o pagamento, e outros diminuíram o aporte. Ainda há pendências no recebimento de verbas referentes a direitos de transmissão de campeonatos que estão suspensos.

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