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À Fifa, Soteldo fala de usar a 10 de Pelé e de destino após a Copa América

O atacante Soteldo, do Santos - Ivan Storti
O atacante Soteldo, do Santos Imagem: Ivan Storti

11/03/2021 10h42

Em entrevista exclusiva para a Fifa, o venezuelano Soteldo falou sobre o sonho de levar a Venezuela longe na Copa do Mundo, revelou o pedido pela camisa 10 do Santos e também comentou sobre sua trajetória, a altura e sobre o ex-técnico Jorge Sampaoli.

Com apenas 23 anos, o meia-atacante do Santos revelou que não teve uma infância fácil e contou que o futebol salvou sua vida. Soteldo lembrou que quase deixou de ir a uma partida no qual o olheiro do Caracas estaria presente pois suas chuteiras haviam estourado. Ele conseguiu chuteiras emprestadas, entrou na partida com o time rival vencendo por 2 a 0 e seu time virou o placar com uma assistência do camisa 10. A partir deste dia, tudo mudou na vida de Soteldo.

"Eu cresci com alguns amigos - bem, pessoas para quem eu chamava de amigos na época - e nós saíamos juntos desde que eu tinha seis anos. Aos 11 anos, eles estavam começando a sair dos trilhos e aos 12 já estavam roubando. De repente, eles podiam comprar muitas coisas enquanto eu não tinha nada. Foi quando comecei a seguir na mesma direção. Porém, quando eu tinha 13 anos, um deles foi morto, e foi então que me perguntei: 'O que estou fazendo aqui?", contou Soteldo à Fifa.

"Naquela época, tive a chance de disputar uma partida que contaria com a presença de um olheiro do Caracas FC, mas como minhas chuteiras estouraram, decidi não ir. Aí, no dia do jogo, meu time estava perdendo e veio me procurar. 'Vamos emprestar-lhe um par de botas', disseram-me, e lá fui eu. Estávamos perdendo por 2 a 0 quando me colocaram no lugar de camisa 10, e viramos a situação com dois gols e uma assistência minha. Foi assim que tive a chance de ingressar em Caracas, que foi a melhor coisa que já me aconteceu", concluiu o venezuelano.

Soltedo chegou ao Santos ainda em janeiro de 2019 e logo de cara herdou a camisa 10 do Rei Pelé. Quando questionado sobre o peso da camisa, o meia-atacante revelou que nunca se incomodou e que ele mesmo perguntou se a camisa estava disponível.

"Na verdade, fui eu quem pediu! A primeira coisa que fiz quando cheguei foi perguntar se a camisa 10 estava disponível. Eu sei o que isso representa, mas nunca me sobrecarregou. Além do mais, no dia da minha apresentação, ganhei uma camisa sem número, então lembrei ao presidente que queria o nº 10. Acho que ele achou que eu estava brincando! Em seguida, eles imprimiram e, quando virei as costas para mostrar à multidão, o estádio explodiu", revelou Soteldo.

O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, revelou que o preconceito pela altura do jogador impediu a contratação antes mesmo da chegada ao Peixe. Não foi o primeiro caso. Na entrevista, Soteldo falou sobre o sentimento na primeira vez em que falaram sobre sua altura no futebol e as poucas chances de sucesso.

"Muitas coisas vieram daquele momento. Eu fui dispensado por Caracas e estava procurando começar de novo do zero. Eu estava em uma provação e ia bem, apenas para um dos funcionários me dizer que tinham decidido contra mim por causa do meu físico e que eu deveria esquecer a carreira no futebol. Se você é um garoto impressionável e submisso, talvez tivesse desistido e eu quase o fiz. Mas eu não estava fraco e entendi que não poderia deixar essas palavras me atingirem. Depois fui a um torneio estadual em Barinas, com a presença de 'Chita' Sanvicente, que acabara de ser nomeado treinador do Zamora. Eu estava quase completando 15 anos. Ele me viu jogar e o resto é história", desabafou o camisa 10.

Destaque na temporada 2019, Soteldo foi pedido de reforço do argentino Jorge Sampaoli quando comandava a equipe santista. O camisa 10 revelou que escutou o pedido do treinador para que ele se defendesse nas partidas, ele acredita que o argentino foi o profissional com o qual ele mais aprendeu.

"Fiz minha primeira aparição logo após a assinatura e marquei na estreia. Mas depois de três ou quatro jogos, ele parou de me colocar no time. Antes do clássico contra o Palmeiras, ele me deu aquele ultimato, que foi quando eu entendi o que estava acontecendo. Como sou uma pessoa que segue os conselhos dos meus treinadores, trabalhei muito e mudei. Agora, eu poderia correr 10 ou 11 quilômetros por jogo. Ele é um dos treinadores que mais me ensinou até agora", contou o jogador.

O camisa 10 não esconde que Lionel Messi foi sua grande inspiração no início da carreira. Inclusive, os dois já puderam atuar juntos na Copa América de 2019. O nome do filho de Soteldo, Thiago Mateo, é a junção dos nomes dos filhos do Messi, Thiago (mais velho) e Mateo (mais novo).

"Sim! Eu olhei para ele como um outro homenzinho e pensei: 'Se ele pode se tornar um dos melhores do mundo, o que me impede de fazê-lo?' Além disso, tínhamos estilos semelhantes. Eu sentia que, embora talvez não fosse o melhor, pelo menos poderia me sobressair como ele. Chamei meu primeiro filho, que tive aos 18 anos, de Thiago Mateo", contou Soteldo.

O venezuelano revelou que vai dar seu máximo para que a Seleção da Venezuela esteja na Copa do Mundo do Qatar de 2022.

"É um objetivo claro e algo que está na minha lista de desejos, então darei todo o possível para que isso aconteça. Mas aprendi a não ficar obcecado com as coisas, senão enlouqueceria e não conseguiria fazer carreira no futebol".

Por fim, o meia-atacante deixou seu futuro em aberto revelou.

"Hoje posso dizer que estou pronto para ir ao próximo nível, embora me sinta bem aqui no Santos. Veremos depois da Copa América. Sempre gostei da Premier League"

Ele chegou a citar em outras entrevistas que tem o desejo de jogar no Manchester United.

A entrevista com Soteldo está em destaque no site da Fifa. O venezuelano é um dos destaques do Santos e do futebol brasileiro, chegou a disputar o prêmio Craque da Libertadores ao lado de Marinho. Apesar do imbróglio entre Santos e Huachipato, o camisa 10 se identifica com o clube.

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