Bola na mão? Entenda as novas regras divulgadas pela IFAB
A partir do dia 1º de junho, as regras em relação à mão na bola vão mudar. Isso porque a International Board (IFAB) - órgão responsável pela manutenção das regras do futebol - decidiu alterar algumas orientações com o objetivo de simplificar e facilitar a interpretação dos árbitros em campo. Após a 135ª conferência, a entidade emitiu uma nota em que reiterou que o resumo da regra é: será infração toda vez que a mão ou braço expandir a área do corpo de forma não natural.
Vale ressaltar que, no dia 8 de abril de 2020, a IFAB já havia modificado a orientação. No ano passado, a regra dizia que o toque de mão involuntário no ataque só deveria ser assinalado caso levasse diretamente a um gol ou a uma "ocasião manifesta de gol". Porém, agora, com a nova determinação, se o toque acidental na mão de um atleta gerar uma assistência para outro atacante que venha a fazer o gol, o lance será legal.
Em meio a tantas dúvidas sobre as mudanças recentes e tendo em vista a nova alteração da IFAB, o árbitro Marcelo de Lima Henrique, da categoria Master, da CBF, respondeu com exclusividade ao Lance! quais são os impactos e ganhos com as recomendações.
"A mudança foi muito simples. Um exemplo claro é: eu sou atacante, o goleiro vai repor uma bola, eu estou com o braço colado ao corpo... Se a bola bater no meu braço e entrar no gol, essa mão ainda continua sendo marcada. Da mesma forma que, se o goleiro chuta, a bola bate no meu braço junto ao corpo, cai no chão e eu finalizo, a falta será marcada - explicou o árbitro, que foi além", disse.
"O que não vai ser mais marcado é: no mesmo exemplo, caso a bola pegue no braço de um atacante depois do chute do goleiro, mas sobra pra outro atacante que faz o gol, essa mão não será mais marcada, logo o gol vai valer. Resumidamente, uma mão acidental poderá dar um passe para outro atleta, porém, não poderá dar um passe para o próprio jogador que a utilizou sem intenção", resumiu.
Exemplos
Em 2015, na final da Liga dos Campeões, Neymar teve um gol anulado após finalizar de cabeça, mas a bola tocar em sua mão antes de morrer no fundo das redes. Segundo a nova determinação, a falta ainda seria marcada. No entanto, caso a bola caísse nos pés de Messi e o argentino tivesse feito o gol, este gol seria validado.
"Ele foi cabecear a bola, o braço dele está em uma posição natural, porém, não importa (com a nova regra), o futebol não aceita um gol de mão, mesmo acidental. Se essa bola pega na mão dele, cai no chão e ele mesmo faz o gol, também tem que anular. Agora, pela nova regra, caso a bola batesse na mão dele, caísse no chão e fosse para um outro companheiro que fizesse o gol, seria validado", explicou Marcelo de Lima Henrique.
Outro exemplo foi o polêmico pênalti de Ramiro na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2020. Na jogada em questão, o lateral Moisés, do Internacional, chega a fazer o cruzamento rasteiro. No entanto, Ramiro - do Corinthians - desliza de carrinho e a bola acaba batendo no braço de apoio do jogador. O pênalti foi marcado pela arbitragem de campo e depois anulado com o auxílio do VAR. Mediante a regra que entrará em vigor em junho, a jogada deveria ter sido considerada legal, por esse braço se tratar de um movimento natural do corpo.
"Isso é um lance de vídeo, no campo é muito complexo, é importante a gente ter o ponto de contato na hora exata que a bola pega no braço, não depois que pega e vai escorregando (o braço). Isso é um braço de apoio clássico, está na regra. E essa mão, a partir de 1º de junho, vai ficar mais clara ainda como uma mão natural de jogo e da situação do carrinho", esclareceu o árbitro.
Alteração positiva
De acordo com o árbitro, com a nova regra, a tendência é de que as interpretações em campo sejam menos polêmicas. Além disso, Marcelo frisou que, embora as orientações tenham mudado nos últimos anos, a Fifa e a IFAB priorizam sempre deixar claro o que deve ser feito em cada uma das situações de mão na bola e vice-versa.
"Eu acho que as medidas foram importantes, porque mão na bola e bola na mão é sempre um tema muito sensível, e a Fifa e a IFAB têm a preocupação de deixar claro esse tema para todo mundo do futebol. Obviamente, demora um pouco para que as medidas sejam facilmente entendidas, e a partir de 1 de junho elas serão validadas. Espero que, pelo menos, diminua um pouco as polêmicas sobre esse tema em todo o mundo, não somente no Brasil", analisou.
Mudança pode chegar antes no Brasil
Apesar da alteração estar prevista para o dia 1º de junho, Marcelo de Lima Henrique relembra um detalhe importante: essa data é escolhida apenas por tradição. Portanto, as ligas ao redor do mundo podem conseguir a permissão para utilizar a regra o quanto antes. Dessa forma, há a possibilidade da nova regra já ser inserida no Brasileirão, que está previsto para maio.
"A IFAB sempre coloca a data para 1º de junho, é uma tradição. Porém, as ligas às vezes pedem para iniciar antes. Por exemplo, nosso Campeonato Brasileiro começa em maio. Pela norma antiga, isso só poderia entrar em vigor no campeonato do ano que vem, porque não pode alterar regra em um campeonato em vigor", finalizou.
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