Focado em título mundial, Esquiva Falcão sonha: 'Temos o Neymar no futebol, o Medina no surfe, quero ser o Esquiva do boxe'
O medalhista olímpico Esquiva Falcão já iniciou a preparação em busca do título de campeão mundial de boxe pela IBF/USBA (International Boxing Federation). Hoje ele é o quinto colocado da categoria peso médio e deve lutar contra Gennady Golovkin em agosto deste amp para tentar ser o novo dono do cinturão.
O nome do atleta voltou à tona no começo de abril, quando viralizaram na internet imagens de Esquiva fazendo entregas de mini pizzas produzidas pela esposa Suelen Marques. A comoção nacional gerou uma repercussão tão grande, que o atleta recebeu várias propostas de patrocínio - e a partir de agora será possível se dedicar totalmente aos treinos.
Esquiva foi o primeiro pugilista brasileiro a conquistar uma medalha de prata em uma Olimpíada. Isso aconteceu durante os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, e emocionou o país pela própria história de vida, passando por várias dificuldades ao longo da carreira até culminar naquele momento histórico.
Além da prata olímpica, o boxeador ostenta invencibilidade em sua carreira profissional. Esquiva ganhou todos os 28 duelos dos quais participou, sendo que em 20 deles a vitória foi por nocaute. O lutador se demonstrou empolgado e confiante na próxima vitória. Confira.
O que já mudou em sua rotina agora que você tem novos patrocinadores?
Agora eu consigo ficar mais focado nos treinos. Não preciso me preocupar com dívidas ou com o que pode acontecer com a minha família. Isso faz toda a diferença. Para ser campeão mundial, é preciso estar 100% dedicado aos treinos, em como vai ser a luta. E não dá para se concentrar quando você não sabe se vai conseguir pagar suas contas em dia.
Além do tempo, as condições do treino também melhoraram?
Sim, sem dúvida. Agora consigo treinar em uma academia melhor e com equipamentos melhores. Luva, saco de pancada, tudo agora será de mais qualidade. Isso sem contar que terei um espaço adequado para o treino de um atleta de alto rendimento.
Como será a disputa pelo cinturão?
As datas ainda não estão confirmadas, mas tudo indica que a luta de classificação será em agosto. Devo enfrentar o Gennady Golovkin, do Cazaquistão, que é o atual campeão mundial. Essa luta será muito boa para mim, estou muito confiante. A disputa será em Las Vegas.
Entre seus novos patrocinadores está a casa de apostas online KTO. Você acha que é possível comparar a sua trajetória com as apostas esportivas?
Sim, na vida e no esporte você precisa se dedicar e estar atento às oportunidades. Com as apostas é bem parecido. E o que eu acho bacana é que, ao apostar - seja em boxe, futebol, ou no que for - o fã tem a chance de ganhar junto com seu ídolo. É uma maneira de estar mais próximo, de estar junto, uma forma diferente de acompanhar a carreira do ídolo. E falando em fã, preciso muito agradecer a todos eles. Foi por causa dos fãs que os patrocinadores vieram até mim. Se não fossem essas pessoas compartilhando os posts, subindo hashtag, fazendo campanha e tudo o mais, eu não teria recebido o apoio das empresas. Então fica aqui registrado o meu muito obrigado.
Qual a diferença entre o Esquiva que ganhou a medalha em 2012 e o Esquiva hoje?
O Esquiva de 2012 era um menino que tinha sonhos para serem realizados e que não iria desistir, ele sabia que poderia conquistar. E o de hoje conquistou o sonho dele. Hoje ele é um campeão porque venceu as batalhas, hoje tem uma família, tem uma casa. O Esquiva de hoje é um homem que continua conseguindo conquistar seus objetivos e seus sonhos.
Além do cinturão, quais são as outras metas para sua carreira? O que te motiva a continuar lutando?
Além do cinturão, quero abrir ONGs e academias para ajudar os jovens a terem uma segunda opção. A primeira é a escola. E a segunda é o esporte. Nem toda criança gosta de estudar. Quando ela não gosta de ir pra escola, acaba indo pro lado errado. Mas tendo o esporte, podemos salvar essas vidas. Essas crianças podem até ganhar medalhas. É meu desejo e meu sonho salvar essas vidas para o esporte.
(Divulgação)
Como você enxerga o papel e a situação do boxe nacional hoje?
Depois que eu passei para o boxe profissional parei de acompanhar tanto o Olímpico. Mas está complicado porque atrapalhou as viagens dos atletas, que são muito importantes para que os atletas olímpicos ganhem experiência. Mesmo assim, acredito que o Brasil pode conquistar medalha. E o boxe profissional nacional está um pouco fraco, mas segue na média com muitos países importantes. É preciso ter um nome forte para o esporte voltar a ser amado pelo brasileiro, assim como tivemos o Acelino Freitas "Popó", o Eder Jofre e o Maguila.
Como é olhar para o espelho e ver uma pessoa que nunca perdeu uma luta profissional?
Atualmente tenho 28 lutas, 28 vitórias, sendo 20 por nocaute. Estou ranqueado entre os três maiores do mundo na minha categoria. Quando eu olho no espelho, passa um filme na minha cabeça. Meu pai e minha mãe não tiveram como me proporcionar uma estrutura de alto nível. E mesmo assim, hoje eu estou aqui. Quando eu olho no espelho, vejo aquele menino que gostava de treinar e brincar... e que hoje está crescendo para ser um grande ídolo do boxe. Se Deus permitir eu vou conseguir ser esse atleta que todo mundo está esperando. Da mesma forma que temos o Neymar no futebol, o Medina no surfe e Guga no tênis, eu quero ser o Esquiva Falcão do boxe.
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