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Sem pornografia e com certidão de casamento: Alemanha orienta fãs no Qatar

Ônibus da Alemanha para a Copa do Mundo do Qatar - Federico Gambarini/picture alliance via Getty Images
Ônibus da Alemanha para a Copa do Mundo do Qatar Imagem: Federico Gambarini/picture alliance via Getty Images

20/11/2022 06h00

Classificação e Jogos

Que a Alemanha não tem boas relações com o governo do Qatar, não é segredo para ninguém. Mas a cartilha divulgada pela embaixada do país europeu com orientações aos torcedores que irão ao emirado acompanhar a Copa do Mundo é mais um capítulo nessa conturbada relação.

De acordo com o jornal alemão Welt, o documento tem instruções detalhadas para a viagem e as normas de seguranças são extensas para impedir que alemães tenham problemas no país-sede da Copa.

"A lei criminal no Qatar é moldada por conceitos morais islâmicos. Os viajantes devem estar cientes de que atos homossexuais e sexo não conjugal são proibidos e serão processados", indica a série de recomendações exibidas pela embaixada alemã no país asiático.

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Um dos tópicos mais polêmicos do documento é direcionado às mulheres. A embaixada alemã traz uma série de recomendações. Especialmente às grávidas solteiras e não acompanhadas.

"Grávidas podem ser obrigadas a apresentar certidão de casamento ao receber atendimento médico no Qatar. A Embaixada da Alemanha em Doha oferece às mulheres grávidas solteiras e vítimas de agressão sexual que as contatem antes de procurar tratamento no Qatar ou entrar em contato com as autoridades do país", aponta as autoridades alemãs.

Alguns tópicos, porém, são curiosos. Além de alertar para o consumo de drogas e bebidas alcoólicas em razão do islamismo, o assunto sexo é tratado com cautela na cartilha. Os alemães recomendam que não se consuma material pornográfico durante a estadia no Qatar

"Relações sexuais fora do casamento é ilegal, bem como profanar a imagem do corpo humano. Atos libidinosos podem ser considerados crime pelas leis morais", destaca o texto.

Diplomacia entre Alemanha e Qatar está abalada

Chegando ao Qatar, o torcedor tem que estar preparado para ser transparente. A embaixada refere-se à vigilância integral no espaço público através do uso de câmeras de vídeo e gravação biométrica usando scanners faciais e comparação de imagens em todas as entradas e saídas. Em muitos casos, isso não corresponde ao entendimento alemão ou europeu sobre proteção de dados.

Dentro desse contexto, a embaixada orienta os germânicos a não falarem sobre política e, principalmente, quaisquer forma de governo anterior que houve na Alemanha. É uma referência velada à época em que o país foi império e, principalmente, quando teve os nazistas como chefes do poder.

Em ambos os casos, como o Qatar foi um protetorado britânico entre o fim do século XIX e meados do XX, e esteve em guerras declaradas contra os alemães, o assunto é um tabu interno até os dias atuais entre os árabes.

A relação entre germânicos e qataris também não é das melhores. Os países divergiram sobre um acordo de cooperação de energia em março, quando tudo parecia acertado.

Isso por conta do investimento alemão em descobrir fontes de energia renováveis e protocolar leis para abandono gradual dos combustíveis fósseis, principal fonte de renda do emirado.

Além disso, o governo dos europeus condena publicamente a falta de respeito aos direitos humanos e trabalhistas dos asiáticos. As declarações contra o fundamentalismo religioso são constantes e amplamente repercutidas pela imprensa alemã.

Tudo isso faz gerar um efeito de total desinteresse alemão pelo torneio. Em comparação com a Copa na Rússia, 77% dos entrevistados afirmaram que seu interesse caiu (63% até disseram 'com certeza'). Por outro lado, apenas 2% disseram que seu interesse no Mundial aumentou.

Perguntados pela revista alemã Der Spigel, as razões para o declínio geral no entusiasmo pelo Mundial são diferentes. Acima de tudo, há as circunstâncias especiais em torno da Copa disputada no emirado. O motivo mais citado, com 57%, é a situação dos direitos humanos no país asiático.

Conforme o LANCE! revelou, de todos os principais participantes da Copa, a Alemanha é a que teve o menor número de ingressos vendidos, por exemplo, ficando atrás de México, Brasil e Argentina, países com economia piores que a dos europeus.

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