Inglaterra e País de Gales fazem clássico que vai além da bola
"Sabemos que os galeses não gostam de nós. Se nós gostamos deles? Na verdade, também não". Essa frase foi dita pelo ex-meia da seleção inglesa Jack Wilshere antes do encontro entre Inglaterra e País de Gales pela fase de grupos da Euro, em 2016.
Dois entre os quatro países que formam o Reino Unido, a rivalidade entre ingleses e galeses é grande principalmente por questões geográficas, mas que durante a história se estenderam para as questões esportivas.
+ Veja como ficariam os jogos das oitavas da Copa do Mundo com a atual situação dos grupos
Para o técnico da Inglaterra, Gareth Southgate, a proximidade entre as duas Unidades de Federação acrescenta tempero no duelo em campo. Mas, segundo a visão dele, essa relação de rivalidade é fomentada muito mais por País de Gales do que pela Inglaterra.
- Nós sabemos que eles (País de Gales) têm uma motivação adicional para jogar contra a Inglaterra, pelo que estão dizendo. É como no caso de quaisquer outros dois países que têm fronteiras próximas. É uma ótima rivalidade esportiva, nada além disso. O sentimento pode não ser mútuo, mas eu entendo - destacou o treinador em entrevista coletiva que antecedeu o primeiro confronto entre as seleções em Copas do Mundo, que acontece nesta terça-feira (29), às 16h (horário de Brasília).
Southgate em entrevista antes do jogo entre Inglaterra e País de Gales (Foto: EFE/EPA/GEORGI LICOVSKI)
No futebol, o histórico de divergências entre os dois países é mais recente, até por conta de País de Gales voltar a ganhar destaque neste esporte somente nos últimos anos. Os Dragões estão de volta a uma Copa após 64 anos, por exemplo.
Ainda assim, o episódio na Euro há seis anos já deu demonstrativos de como as diferenças territoriais e até mesmo culturais podem ser levadas para dentro das quatro linhas e se tornarem elementos para elevar o nível de competitividade.
+ Confira a tabela da Copa do Mundo e simule as partidas
Essa 'rixa' entre os dois países, por exemplo, pode ser verificada mais nitidamente no rugby, esporte em que as duas Federações possuem tradição.
- Vejam o que estes bastardos têm feito ao País de Gales. Eles levaram o nosso carvão, a nossa água, o nosso aço. Compram as nossas casas e vivem nelas uma quinzena por ano. O que eles nos deram em troca? Absolutamente nada. Temos sido explorados, violentados, controlados e punidos pelos ingleses. E é contra eles que jogamos essa tarde - disse Phil Bennett, capitão da seleção galesa de rugby em 1977, antes da lendária vitória de País de Gales sobre a Inglaterra no Torneio das Cinco Nações daquele ano.
Lenda do rugby galês, Phil Bennett faleceu em junho deste ano (Foto: Media Wales)
CAMPO E BOLA (REDONDA)
Para apimentar ainda mais o primeiro encontro entre galeses e ingleses pelo Mundial, ambas as seleções possuem chances de classificação às oitavas de final da competição, ainda que em condições diferentes.
A Inglaterra está mais confortável, precisando somente de um empate para confirmar a promoção à próxima fase. No entanto, o técnico Gareth Southgate deixou claro que não estará satisfeito apenas em avançar. como ele também quer ser líder do grupo B. Para isso, uma vitória é fundamental para não ter que torcer contra o Irã no duelo diante dos Estados Unidos.
- Temos uma chance de vencer o grupo com um resultado positivo. Nossa exibição é a chave. Jogamos bem com a bola no primeiro jogo, marcamos muitos gols. O segundo jogo foi mais difícil para nós, defendemos muito bem e agora queremos colocar os dois elementos do jogo juntos - destacou o treinador inglês.
Já a missão de País de Gales é bem mais complicada. Os Dragões precisam bater a Inglaterra por quatro gols de diferença, algo que nunca aconteceu na história.
Para piorar, o tabu galês contra os ingleses é grande: são 38 anos sem vitórias. O último triunfo foi em maio de 1984, pela Home Championship, torneio que envolvia as quatro seleções do Reino Unido - além de Inglaterra e País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte. Desde então, foram seis encontros, todos com vitória do English Team.
Inglaterra venceu Gales por 3 a 0 no último encontro entre as seleções, em 2020 (Foto: AFP)
Ainda assim, a faísca deixada por Wilshere, que nem mais jogador profissional é, segue acesa quando Inglaterra e País de Gales se cruzam. Muito porque a declaração do agora técnico da equipe sub-18 do Arsenal foi motivada por uma fala inicial do atacante galês Gareth Bale que, antes do encontro há seis anos, disse que os seus compatriotas tinham 'mais paixão e orgulho' do que os ingleses. Além de opinar que não trocaria ninguém do seu time pelo do adversário.
- Eles julgam que são muito bons mas ainda não mostraram nada. Acreditamos que podemos vencê-los - destacou o astro de Gales na ocasião.
Diferentemente de Wilshere, Bale segue na ativa e como o principal nome da seleção galesa. E foi justamente o atacante quem foi escolhido para falar com a imprensa antes do confronto com a Inglaterra pela Copa do Mundo. Mais experiente, aos 33 anos, dessa vez o camisa 11 foi mais cauteloso e tratou apenas de minimizar a pressão para o lado da sua equipe.
Bale concedeu entrevista antes do País de Gales enfrentar a Inglaterra (Foto: EFE/EPA/GEORGI LICOVSKI)
- Estamos trabalhando duro nos últimos dois dias. Claro que nós amaríamos ter vendido tudo e estar muito melhor, mas a verdade é que o futebol é difícil e se fosse assim nós seríamos os favoritos para vencer a Copa do Mundo. Então, precisamos continuar forte e juntos, trabalhar como sempre manter o espírito alto e mantermos os 100% - disse o jogador que atualmente defende o Los Angeles FC.
O País de Gales estreou na Copa do Mundo empatando em 1 a 1 com os Estados Unidos. Bale, inclusive, é quem marcou o gol dos Dragões, convertendo pênalti já no segundo tempo. No jogo seguinte, os galeses foram derrotados pelo Irã, sofrendo dois gols já nos acréscimos do segundo tempo.
Do lado inglês ainda há invencibilidade, mesmo com o empate com gosto de derrota no confronto diante dos americanos pela segunda rodada. Na estreia, os Três Leões golearam o Irã por 6 a 2.
Contra a seleção galesa, a tendência é que a Inglaterra tenha até três alterações em relação à escalação que iniciou os dois primeiros jogos. A presença mais certa é de Jordan Henderson no lugar de Bellingham. Jack Greaslish e Phil Foden, ambos do Manchester City, podem ganhar uma chance no time inicial.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.