De refugiado a ícone de geração: Modric leva Croácia à semifinal da Copa
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Ícone de uma geração, Luka Modric viveu momentos intensos na infância em meio aos conflitos bélicos e a dificuldade financeira. Na época, chegou a ser refugiado na guerra da Croácia, mas viu no futebol um caminho para o sucesso e o estrelato. Na Rússia, em 2018, a seleção croata surpreendeu o mundo ao ser vice-campeã da Copa. Para muitos, o grupo de jogadores mais envelhecido não daria conta de mais um Mundial, porém o camisa 10 mostrou que esse elenco pode sonhar.
Antes de se tornar melhor do mundo e um dos grandes nomes do esporte na Croácia, o pequeno Modric, aos 6 anos, vivenciou a guerra em seu país, que buscava tornar-se independente da Iugoslávia. O pai, Stipe Modric, foi soldado em campo de batalha, enquanto um dos avôs veio a falecer nos bombardeios das forças sérvias.
Ao lado de sua família, o meio-campista viveu refugiado em um hotel na cidade de Zadar para se esconder da guerra. Ao longo deste contexto, seus pais fizeram de tudo para que os filhos não soubessem das atrocidades do conflito e levassem 'uma vida normal'. O país declarou independência em 1991 e ao longo de quatro ano, batalhas sangrentas ganharam o território até serem encerradas em 14 de dezembro de 1995, quando foi assinado o Acordo de Dayton. Na época, 20 mil pessoas morreram e 400 mil ficaram desabrigadas.
Com o passar dos anos, se encantou pelo futebol e bem perto do fim da guerra começou a se aventurar na modalidade que mudaria a sua vida. Então, iniciou nas divisões de base do time da cidade de Zadar e despontou no maior e mais popular clube do país, Dínamo Zagreb. Porém, foi emprestado ao Zrinjski Mostar, da Bósnia-Herzegovina, eleito o melhor jogador do Campeonato Nacional, aos 18 anos.
Foi então que Modric retornou ao seu país, em 2004, ao defender as cores do Inter Zapresic, por empréstimo, e passou a ter mais chances no Dínamo de Zagreb. Até que o grande sonho se concretizou e o meio-campista passou a ganhar o mundo. Primeiro, assinou com Tottenham, superou obstáculos em sua adaptação ao futebol inglês e se tornou um grande nome do time londrino.
Faltava, então, se tornar uma grande estrela no país onde nasceu e coube a seleção ser o caminho mais brilhante. Em 2013, assinou com o Real Madrid, superou a concorrência e enfileirou títulos para tornar-se um dos grandes nomes do futebol mundial. Com a camisa xadrez, liderou ao lado de Rakitic uma geração que superou a campanha de 1998 (terceiro lugar, na França) e foi finalista com consistência.
No Qatar, o elenco comandado por Dalic já não conta com Rakitic e Mandzukic, nomes importantes da campanha de 2018. Mesmo envelhecida, a Croácia segue invicta na campanha e viu sua aplicação tática se sobrepor diante da pentacampeã seleção brasileira. Com um jogador a mais no meio de campo, neutralizou as principais virtudes do adversário de forma consistente e evidenciou a já conhecida frieza.
Coube a Modric esbanjar e desfilar seu talento em solo qatari de forma exuberante. Aos 37 anos, simplesmente foi soberano no meio de campo, buscou jogo o tempo inteiro e controlou a partida a seu bel prazer. Foram 120 minutos de genialidade com uma atuação que será lembrada durante décadas, sendo o maestro de uma seleção, que novamente chega com força à uma semifinal de Copa do Mundo. Na decisão de pênaltis, uma cobrança perfeita sem qualquer chance de defesa para Alisson.
Com feitos e cinco Champions, o meio-campista terá um novo desafio: parar a Argentina de Lionel Messi. As seleções medem forças pela semifinal da Copa, terça-feira (13), às 16h (de Brasília), no Lusail. Caso avance, a Croácia chegará à segunda final de Mundial consecutiva.
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