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Pelé revolucionou futebol nos EUA e virou estrela em Nova York nos anos 70

O jogador de futebol brasileiro Pelé se aposenta do New York Cosmos em Rutherford, Nova Jersey, em 1977. - Michael Brennan/Getty Images
O jogador de futebol brasileiro Pelé se aposenta do New York Cosmos em Rutherford, Nova Jersey, em 1977. Imagem: Michael Brennan/Getty Images

30/12/2022 08h00

Principal jogador da história do futebol e único a vencer três Copas do Mundo, Pelé é uma figura icônica não apenas no Brasil, mas também foi fundamental para o desenvolvimento do futebol nos Estados Unidos. O Rei, que morreu na última quinta-feira, dia 29 de dezembro, mudou o futebol norte-americano nos anos de 1970 e virou uma celebridade fora de campo, atuando pelo New York Cosmos.

Depois de fazer história no Santos, Pelé se despediu do futebol brasileiro no dia 2 de outubro de 1974, na partida em que torcedores lotaram a Vila Belmiro, na cidade de Santos, em São Paulo. O Rei foi substituído ainda no primeiro tempo para que fosse ovacionado pela torcida, no jogo em que marcou o fim de uma era no clube.

Em 1975, Pelé chegou aos Estados Unidos como jogador do Cosmos, de Nova York, sendo a principal figura para expandir o futebol no país norte-americano, onde a população estava interessada apenas no basquete, beisebol e na sua própria versão de futebol, o praticado na NFL. Dessa forma, o Rei foi fundamental para que a então Liga Norte-Americana de Futebol (NASL), criada poucos anos antes, ganhasse destaque. A NASL era disputada por times do Canadá e EUA, e durou entre os anos de 1968 e 1984.

Um dos principais responsáveis em levar Pelé para os Estados Unidos foi o britânico Clive Toye, um dirigente do Cosmos, time que pertencia à gigante Warner. Na época, o clube tinha relações com celebridades como Frank Sinatra, Bob Dylan e a banda Rolling Stones.

Muito dinheiro envolvido

O principal incentivo para a transferência de Pelé foi o financeiro. De acordo com alguns relatos que variam, o clube norte-americano ofereceu uma quantia na casa dos 7 ou 8 milhões de dólares por três anos, mais uma grande participação em todo marketing que envolvesse seu nome. Ao mesmo tempo, o Rei teria direito a um escritório no Rockefeller Center, um Cadillac e a garantia de que poderia manter seu patrocínio com a Pepsi-Cola.

Dessa forma, o resultado para a liga norte-americana foi um sucesso. A chegada de Pelé ao Cosmos fez com que o clube atingisse a média de 34 mil torcedores por partida. Além da marca considerável de 77 mil presentes na final da Divisão Leste de 1977, contra o Fort Lauderdale Strikers, no Giants Stadium, em Nova Jersey.

Além disso, a contratação de Pelé foi um marco na mídia norte-americana. Durante a estreia do Rei, na partida contra o Dallas Tornado, cerca de 10 milhões de telespectadores assistiram ao jogo do Cosmos na rede CBS.

A chegada de Pelé também influenciou outras contratações de peso para o futebol norte-americano. Além do Rei, outras estrelas veteranas como o brasileiro Carlos Alberto Torres, o português Eusébio, o alemão Franz Beckenbauer e o italiano Giorgio Chinaglia foram jogar nos Estados Unidos. Outro nome que chamou atenção foi Johan Cruyff, que havia anunciado a aposentadoria aos 31 anos com a camisa do Barcelona, e decidiu retornar aos gramados nos EUA.

Celebridade em Nova York

Fora dos gramados, Pelé virou uma celebridade na cidade de Nova York nos anos 1970, época marcada pelas discotecas. Segundo relatos, o Rei se tornou um frequentador da famosa casa noturna Studio 54, onde outras figuras famosas como Michael Jackson, Salvador Dali, Freddy Mercury, Elton John e Donald Trump também marcavam presença.

Além disso, até mesmo o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, se rendeu ao Rei do futebol. Pelé foi homenageado em uma cerimônia na Casa Branca, em Washington, honraria que poucos brasileiros não-políticos já receberam. Na ocasião, o presidente norte-americano falou uma memorável frase.

"Meu nome é Ronald Reagan, sou o presidente dos Estados Unidos da América. Mas você não precisa se apresentar, porque todo mundo sabe quem é Pelé", disse o então presidente norte-americano.

Despedida do Cosmos

No dia 1º de outubro de 1977, Pelé se despediu do Cosmos em amistoso contra o Santos em que atuou um tempo em cada equipe diante de mais de 75 mil pessoas no Giants Stadium, em Nova Jersey. Se no gol mil, Pelé pediu que ajudassem as criancinhas, em seu discurso de despedida do clube norte-americano o Rei fez outra declaração marcante.

"Love, love, love (amor, amor, amor)", disse Pelé.

Depois de 107 partidas e 65 gols marcados em três anos, Pelé deixou o país norte-americano campeão, com o título da liga de 1977. Porém, apesar de toda repercussão, a fama do futebol no país esfriou após a saída do craque, e o esporte só voltaria a ganhar popularidade na Copa de 1994, sediada nos Estados Unidos.

Veja a trajetória de Pelé em fotos