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  24/09/2004 - 09h05
"Só FPF pode trazer grandes", diz incentivador do feminino

Luciana de Oliveira
Em São Paulo

Como gerente de esportes da Uni Sant'anna, Luiz Roberto Rodrigues assistiu os campeonatos de futebol feminino nascerem, viverem "anos dourados" no fim da década de 90 e declinarem até praticamente sumirem do mapa. O time da universidade, criado em 1998, chegou a ter parceria com dois clubes da capital, Palmeiras e Portuguesa. Mas, hoje, diz ele, os grandes não querem nem ouvir falar de futebol feminino.

A equipe deve participar do novo Campeonato Paulista, criado pelo governo estadual. Outros três times universitários e 24 seleções municipais também competirão, além de eventuais clubes convidados pela FPF (Federação Paulista de Futebol), parceira do campeonato.

Em entrevista ao UOL Esporte, Rodrigues diz que os clubes não foram profissionais quando decidiram entrar na categoria e que agora só uma intervenção da FPF os traria de volta ao Paulista feminino.

UOL Esporte - Vocês já tiveram parcerias com a Portuguesa e o Palmeiras. Há interesse em retomar isso?
Rodrigues
- Já fui tentar novos contatos para ter outra equipe em fusão com clube, mas ninguém quer nem ouvir falar. Os clubes investiram nos campeonatos anteriores, mas hoje falar em futebol feminino para eles provoca um arrepio coletivo. Agora é difícil fazê-los voltar. Quem tem esse poder para reverter a situação é da FPF e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com patrocínio. É importante a presença dos grandes clubes pela torcida que eles atraem.

UOL Esporte - Por que a primeira tentativa dos grandes em participar do feminino falhou?
Rodrigues
- Porque nasceu de forma errada. A história começou em 1997, com a criação da Paulistana. Os grandes clubes foram entrar neste mercado e não se organizaram. Ao invés de dividir forças e manter um salário-padrão, optaram pela concorrência, pagando valores irreais. Em 1998, nossa equipe era chamada Lusa Sant'Anna (fusão com a Portuguesa) e tinha a Formiga ganhando R$ 2.300 por mês. Só que os outros clubes tinham jogadoras recebendo R$ 5 mil. Mas não ganharam títulos. Afinal, contratar as melhores jogadoras não faz um time ser campeão.

UOL Esporte - Vocês estão atrás de patrocínio para o Paulista? Como as empresas recebem a proposta?
Rodrigues
- Já fui tentar patrocínio para o campeonato. Estou conversando com quatro ou cinco empresas. A recepção já foi melhor depois da prata. Antes eu buscaria um patrocinador pra quê, se quase não tinha campeonato? O futebol feminino só não morreu no Brasil porque existem os Jogos Abertos do Interior, para os quais as prefeituras mantêm times.

UOL Esporte - Como a equipe é mantida e que campeonatos tem disputado?
Rodrigues
- Nosso time não é profissional, é formado por alunas, que recebem em troca a bolsa de estudos. Participamos de campeonatos universitários. Nossa seleção foi a base do Brasil na Universíade, em 2001, quando conquistamos o ouro. Do time que foi para Atenas, tivemos a Aline, zagueira. Também participamos de um campeonato estadual chamado Liga do Interior, representando Osasco. E temos um time sub-19.

UOL Esporte - Você acredita no sucesso do novo Paulista?
Rodrigues
- Espero que disciplinem o futebol feminino, criando tetos salariais, para que não se repita o erro anterior. O feminino é mais bonito que o masculino -vide o clássico São Paulo e Corinthians, no domingo passado. Foi horrível de assistir, muita falta... O homem corre mais e deixa menos espaço. O feminino é como o futebol masculino dos anos 50, 60, mais clássico, menos correria. Nunca vai superar a popularidade do masculino aqui no Brasil, mas pode chegar perto.

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