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  18/12/2005 - 10h15
São Paulo vence o Liverpool e conquista o tricampeonato mundial

Danilo Valentini
Enviado especial do UOL
Em Yokohama (Japão)

AFP
Rogério Ceni lidera comemoração do inédito tricampeonato mundial do São Paulo no Japão
Um ano perfeito para o São Paulo. Após 11 anos de pouco brilho, o time do Morumbi confirmou 2005 como data de sua redenção neste domingo. Jogando em Yokohama, no Japão, a equipe tricolor venceu o Liverpool por 1 a 0 e conquistou o Mundial de Clubes pela terceira vez na história, um recorde na competição.

Além do São Paulo, apenas cinco equipes conquistaram três vezes o Mundial de Clubes. A lista de tricampeões conta com Peñarol, Nacional do Uruguai, Boca Juniors, Real Madrid e Milan.

Desde 1993, quando conquistou seu segundo Mundial, o São Paulo não vivia uma temporada de tanto brilho quanto a atual. Depois de passar 11 anos sem glórias expressivas, o time tricolor faturou três títulos em 2005 (além da taça conquistada neste domingo, venceu o Paulista e a Copa Libertadores).

"Foi um ano fantástico. Trabalhamos demais e conseguimos conquistar três títulos. Voltamos a vencer a Libertadores e o Mundial. Todo o nosso planejamento funcionou perfeitamente", comemorou o goleiro Rogério Ceni, capitão do São Paulo.

A vitória do São Paulo neste domingo confirmou a supremacia brasileira no estádio Internacional de Yokohama. O palco do título tricolor é o mesmo onde o Brasil venceu a Alemanha por 2 a 0 na decisão da Copa de 2002.

MINEIRO GOLEADOR
Contratado nesta temporada, o volante Mineiro viveu um período de estiagem com a camisa do São Paulo. Ele marcou seu primeiro gol no clube apenas no dia 17 de agosto, na derrota por 2 a 1 para o Internacional em Porto Alegre.

Mineiro havia marcado apenas quatro vezes nesta temporada, a última delas na vitória por 3 a 1 sobre o Juventude, no dia 5 de novembro. Neste domingo, o camisa 7 fez seu quinto gol pelo São Paulo e garantiu o Mundial ao time tricolor.

"Estamos muito felizes por tudo que aconteceu, e agora é momento de comemorar. Mostramos hoje que esse grupo é excelente, e que não temos vaidade. Todo mundo aqui se dedicou demais e trabalhou muito para as coisas funcionarem. O grupo é o nosso maior mérito, e não um jogador ou outro", afirmou.
Naquela oportunidade, Rogério Ceni e Júnior estavam entre os reservas da seleção comandada por Luiz Felipe Scolari. "A gente tem ótimas lembranças desse estádio, e é bom saber que a outra conquista não vai ser apagada. Continuamos com uma boa imagem", ponderou o lateral.

Enquanto o São Paulo e o futebol brasileiro confirmam sua superioridade, o Liverpool sofre a terceira frustração em decisões de Mundiais. O time inglês já havia perdido a oportunidade de se sagrar campeão em 1981, quando caiu diante do Flamengo (3 a 0), e em 1984, quando foi superado pelo Independiente (1 a 0).

O curioso é que a derrota deste domingo aconteceu em um momento totalmente favorável ao Liverpool. O time inglês não havia sofrido gols nos últimos 11 jogos, um recorde particular, e se colocava como favorito no confronto com o São Paulo.

"Nós estamos orgulhosos do nosso atual momento. Estamos jogando um bom futebol e nos sentimos imbatíveis", comentou o meio-campista Gerrard, principal destaque da equipe inglesa, antes do início do confronto deste domingo.

O jogo

"Precisamos ter tranqüilidade para marcar com eficiência e tocar a bola", avisou o goleiro Rogério Ceni antes do início da partida. Em campo, porém, o São Paulo começou nervoso e não conseguiu encontrar espaços na defesa do Liverpool.

O GRANDE HERÓI
O goleiro Rogério Ceni foi o principal destaque do São Paulo na premiação do Mundial de Clubes. Isso porque, além de levantar a taça (o camisa 1 é capitão do São Paulo), ele faturou dois títulos pessoais neste domingo, no estádio Internacional de Yokohama.

O goleiro foi coroado como o melhor em campo neste domingo, na vitória por 1 a 0 sobre o Liverpool, e ganhou um carro da patrocinadora do Mundial pela exibição na partida decisiva.

Além disso, Rogério Ceni foi eleito pela organização do Mundial o melhor jogador do torneio. Ele superou o inglês Gerrard, do Liverpool, que ficou em segundo lugar, e Bolaños, do Saprissa, que culminou na terceira colocação.
O time inglês, montado com duas linhas de quatro jogadores, mais um armador (Luís Garcia) e só um atacante (Morientes), mostrou mais movimentação nos primeiros minutos do confronto e teve domínio da posse de bola.

Depois dos 15 minutos, contudo, o São Paulo se equilibrou psicologicamente. E aí, assumiu totalmente o controle da partida. O time tricolor passou a trocar passes e aproveitou os avanços de seus laterais e meio-campistas para confundir a marcação das linhas de quatro jogadores do Liverpool.

Foi exatamente em um destes avanços, aos 26min, que o São Paulo chegou ao primeiro gol. Fabão fez um lançamento longo da lateral direita para o campo de ataque. Aloísio dominou no meio e tocou na direita para o volante Mineiro, que desviou no canto direito de Reina.

O gol do camisa 7 tricolor encerrou uma invencibilidade do Liverpool, que havia passado 11 partidas sem ser vazado. "Isso é só mais uma coisa que comprova o potencial deles. Eles têm uma equipe muito equilibrada", enalteceu o atacante Amoroso.

Justificando os elogios do atacante são-paulino, o Liverpool não esmoreceu após o gol e pressionou o time brasileiro. Antes do intervalo, os ingleses tiveram quatro oportunidades para marcar. Luís Garcia cabeceou duas vezes, ambas com liberdade, uma no travessão e outra à direita de Rogério Ceni. Depois, aos 35min, Kewell cruzou da esquerda para o segundo pau e Gerrard chutou de primeira, perto da trave esquerda.

TRICAMPEÕES MUNDIAIS
Peñarol (URU) - 1961, 1966 e 1982
Nacional (URU) - 1971, 1980 e 1988
Boca Juniors (ARG) - 1977, 2000 e 2003
Real Madrid (ESP) -1960, 1998 e 2002
Milan (ITA) - 1969, 1989 e 1990
São Paulo (BRA) -1992, 1993 e 2005
O Liverpool voltou a assustar aos 38min, novamente em um lance pelo alto. Gerrard cobrou falta da esquerda, Luís Garcia subiu livre no primeiro pau e tocou de cabeça. Rogério Ceni desviou para a linha de fundo.

Depois do intervalo, o time inglês seguiu com a mesma pressão dos minutos finais do primeiro tempo. Gerrard criou a primeira oportunidade aos 7min, em cobrança de falta no ângulo esquerdo de Rogério Ceni. O goleiro do São Paulo praticou uma defesa complicada.

Melhor em campo, o Liverpool marcou aos 15min. Gerrard cobrou falta da esquerda, Luís Garcia subiu livre e tocou de cabeça, no canto direito de Rogério Ceni. No entanto, o árbitro mexicano Benito Armando Archundia anulou o lance alegando impedimento.

O time inglês ainda teve outro gol anulado aos 21min, depois de uma tentativa de Morientes de bicicleta e uma oportunidade em lance individual de Luís Garcia. Gerrard cobrou escanteio da direita para o segundo pau, e Hyypia desviou de primeira para marcar. Desta vez, o árbitro apontou falta sobre o goleiro Rogério Ceni.

 SÃO PAULO 1 x 0 LIVERPOOL 
15Faltas cometidas17
2Finalizações certas6
2Finalizações erradas12
223Passes certos296
73Passes errados73
12Dribles6
Diante da pressão imposta pelo Liverpool, o São Paulo voltou a apresentar o nervosismo que havia evidenciado no início do confronto. Perdido, o time brasileiro não conseguiu trocar passes e se tornou suscetível do domínio inglês.

Melhor em campo, o Liverpool ainda teve seu terceiro gol anulado na partida aos 44min. Crouch desviou de cabeça um cruzamento, Luís Garcia cruzou e Pongolle completou de primeira para marcar, mas o árbitro havia apontado impedimento no primeiro lance.

Mesmo com toda a pressão do Liverpool, o São Paulo conseguiu se segurar. Com boas atuações de Rogério Ceni e Lugano e uma excelente partida de Mineiro, o time brasileiro fez sua torcida vibrar no Japão novamente após 11 anos.

SÃO PAULO
Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Edcarlos; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior; Amoroso e Aloísio (Grafite)
Técnico: Paulo Autuori

LIVERPOOL
Reina; Finnan, Carragher, Hyypia e Warnock (Riise); Sissoko (Pongolle), Gerrard, Xabi Alonso, Luís Garcia e Kewell; Morientes (Crouch)
Técnico: Rafa Benítez

Local: estádio Internacional de Yokohama, em Yokohama (Japão)
Árbitro: Benito Armando Archundia (México)
Auxiliares: Arturo Velázquez (México) e Héctor Vergara (Canadá)
Cartões amarelos: Lugano (S)
Público: 66.821
Gols: Mineiro, aos 26min do primeiro tempo

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