! Corinthians perde, cai e faz Pacaembu virar caos - 04/05/2006 - UOL Esporte - Futebol
UOL EsporteUOL Esporte
UOL BUSCA


  04/05/2006 - 23h39
Corinthians perde, cai e faz Pacaembu virar caos

Danilo Valentini
Do Pelé.Net
Em São Paulo

IMAGENS DO JOGO

A torcida festejou no começo


Com o gol de Nilmar


Gallardo vibra após cruzar para gol contra de Coelho


Higuain marcou os outros 2

MSI e Corinthians assinaram parceria no fim de 2004 e iniciaram um projeto de internacionalização da marca do clube. Para isso, o fundo de investimentos gastou mais de R$ 150 milhões em reforços. E nesta quinta-feira, tudo acabou em caos. O time alvinegro foi eliminado da Copa Libertadores com revés por 3 a 1 de virada para o River Plate, em pleno Pacaembu, e reviu sua derrocada do torneio sul-americano de 2003. Irados, torcedores invadiram o gramado para protestar e entraram em conflito com a Polícia Militar.

Tudo estava armado para uma noite de glória da equipe montada pela MSI. Os preparativos passaram pelo corte do campo, que teve sua grama abaixada para dar mais velocidade à bola e facilitar as jogadas de habilidade da equipe alvinegra. Kia Joorabchian, mandatário da parceira corintiana, convidou até o técnico português José Mourinho, do Chelsea, para assistir à partida das tribunas.

Kia pensou nos reforços, no gramado e na platéia. Só não contava com a virada do River Plate, a quarta consecutiva em duelos com o Corinthians na Libertadores. Assim, a equipe argentina reeditou o histórico da competição de 2003 e eliminou o clube alvinegro, fora de casa, nas oitavas-de-final da competição sul-americana. O placar despertou a ira da torcida, que derrubou um alambrado, invadiu o gramado e obrigou o árbitro chileno Carlos Chandía a encerrar precocemente o confronto.

Tão precoce quanto o fim da partida foi a saída de Kia Joorabchian do Pacaembu. Nervoso, o dirigente da MSI deixou as tribunas imediatamente após o terceiro gol do River Plate (acompanhado por sua comitiva, inclusive o presidente Alberto Dualib). O iraniano foi interpelado por torcedores, que cobraram a escalação de Marcelinho Carioca (que voltou ao clube em fevereiro deste ano) e a contratação de um zagueiro. A reação do mandatário da parceira alvinegra, amedrontado, foi clamar pela chegada rápida de um carro. Sem sucesso, ele se trancou em uma sala vazia, que teve a porta cercada por um segurança, e ficou se lamentando.

A reação de Kia apenas corrobora o desespero gerado pela eliminação precoce do Corinthians na competição que era o maior sonho alvinegro para esta temporada. A despeito de todo o investimento e da força de seu elenco, o time do Parque São Jorge viu seu favoritismo despencar com dois gols de Higuain, que havia entrado no segundo tempo, e três assistências de Gallardo, grande destaque dos argentinos.

POLÍCIA FEDERAL FAZ VISTORIA
Durante a etapa final da partida entre Corinthians e River Plate, nesta quinta-feira, um grupo de cinco policiais federais à paisana (um deles carregando um fuzil) entrou no estádio e foi até a tribuna onde estavam Kia Joorabchian, mandatário da MSI, e José Mourinho, técnico do Chelsea.

Depois de olharem o interior da tribuna, os policiais federais foram embora do estádio. Não se sabe, porém, o que ou quem eles estavam procurando. Mas a Secretaria Municipal dos Esportes prometeu entrar com uma representação contra a Polícia Federal pela maneira como eles agiram no estádio.

Questionado se a Polícia Federal estaria à procura do magnata russo Boris Berezovski, que foi convidado para assistir à partida mas não foi visto por lá, Otávio Muniz, secretário municipal dos esportes, disse: "Não havia pensado nisso".

Boris Berezovski tem problemas com a justiça na Rússia e na Suíça - ele vive na Inglaterra. Ambos os países têm mandado de prisão contra o magnata russo, que é apontado como um dos misteriosos investidores da MSI.

Especula-se que a presença de Berezovski no Brasil esteja relacionada ao interesse do empresário em comprar a Varig. A companhia aérea brasileira enfrenta grave crise financeira.

Alheio a tudo isso, o técnico do Chelsea, José Mourinho, deixou o estádio do Pacaembu com um semblante pouco animador. Questionado se voltaria para a Inglaterra logo, o português afirmou que sim com a cabeça.
Na próxima fase, o River Plate vai encarar o Libertad, do Paraguai, que precisou da disputa de penalidades para eliminar o Tigres nesta quinta-feira. Assim como no duelo contra o Corinthians, os argentinos farão a segunda partida fora de casa e seguirão brigando para ratificar seu histórico favorável em anos terminados com o número 6 (chegou à decisão da Libertadores em 1966, 1976, 1986 e 1996 e conquistou a taça nas duas últimas oportunidades).

E com isso, o Corinthians viu mais um fantasma se instaurar. Isso porque o próximo compromisso do time alvinegro é justamente o clássico contra o São Paulo, no domingo, às 16h, que estava marcado para o mesmo Pacaembu, mas deve mudar de local depois do tumulto. O clube tricolor, que já derrubou 13 treinadores da equipe do Parque São Jorge ao longo da história (Dino Sani caiu duas vezes), avançou às quartas-de-final da Libertadores e vai encarar um oponente totalmente desesperado.

O desespero do Corinthians é ainda maior devido ao histórico recente entre as duas equipes. No ano passado, no mesmo Pacaembu, o São Paulo derrotou o rival alvinegro por 5 a 1 e causou a demissão do treinador argentino Daniel Passarella, atualmente no River Plate.

O jogo
"Eu só pedi empenho e talento aos jogadores", avisou o treinador corintiano Ademar Braga antes do início do confronto desta quinta. O time alvinegro precisava vencer o River Plate por 1 a 0, 2 a 1 ou com vantagem igual superior a dois gols para avançar às quartas-de-final da Copa Libertadores. Contudo, a postura tranqüila do comandante não foi suficiente para impedir a equipe paulista de confundir necessidade de gols com nervosismo.

Instável na saída de bola, sobretudo com o volante Xavier (substituto do argentino Mascherano, expulso na primeira partida), o Corinthians não conseguiu aproveitar sua postura mais agressiva e começou o duelo e pouco ameaçou o gol defendido por Lux. A única exceção aconteceu aos 11min, quando Nilmar foi lançado na esquerda, ganhou do defensor Tula e encobriu o goleiro adversário. No entanto, o árbitro chileno Carlos Chandía invalidou o lance alegando falta do camisa 9 dos donos da casa.

IMAGENS DO CAOS

Torcida se revoltou no estádio


PM usou suas ferramentas


Alguns chegaram ao campo


Polícia evitou uma tragédia

Com exceção do lance de Nilmar, o Corinthians chegou ao ataque apenas em conclusões de longa distância. Foi assim aos 29min, quando Tevez arrancou com a bola da esquerda para o meio e chutou de fora da área, obrigando Lux a praticar difícil defesa. "Começamos assustados e demoramos para colocar a bola no chão", admitiu o lateral-esquerdo Rubens Júnior, que atuou nesta quinta-feira no lugar do lesionado Gustavo Nery.

Superior no confronto, o Corinthians conseguiu chegar ao primeiro gol assim que trocou os erros de passes por uma assistência perfeita. Ricardinho aproveitou falta na meia direita aos 38min e colocou a bola na cabeça do centroavante Nilmar, que desviou e venceu o goleiro Lux para colocar os donos da casa em vantagem.

"Esse resultado nos dá a classificação, mas não podemos achar que tem alguma coisa decidida. Ainda temos muito tempo pela frente e a postura precisa ser a mesma do primeiro tempo", pediu Nilmar durante o intervalo.

Só que o pedido de Nilmar não se refletiu em campo. Mais nervoso, o time alvinegro começou o segundo tempo discutindo com jogadores do River Plate e deixou de tocar a bola com tranqüilidade. Além disso, deu mais espaço para o meia Gallardo criar.

A falha na marcação de Gallardo foi castigada aos 11min. O camisa 10 do River aproveitou sobra de bola na direita, após cobrança de escanteio, e cruzou para o primeiro pau. Coelho desviou de cabeça e marcou contra para empatar.

Como venceu a primeira partida, na Argentina, por 3 a 2, o River Plate garantiria vaga nas quartas-de-final em caso de empate com o Corinthians. Por isso, o treinador alvinegro Ademar Braga resolveu abrir sua equipe e trocou o volante Xavier pelo meia Roger, aumentando o potencial ofensivo dos donos da casa.

A saída do Corinthians para o ataque, contudo, deu espaço para o River Plate. E deu espaço para Gallardo. Aos 27min, o camisa 10 arrancou com a bola pela meia esquerda e rolou para Huguain, que havia entrado no lugar de Abán. O camisa 9 dominou dentro da área e chutou no ângulo direito de Sílvio Luiz. Assim, marcou o segundo gol dos visitantes e calou o Pacaembu.

CORINTHIANS SE CALA
A confusão que ocasionou o fim precoce da partida fez com que os jogadores corintianos se calassem e não dessem entrevistas. Eles deixaram o Pacaembu por volta de 1h45, quase duas horas depois da partida. E não deram entrevista. Leia mais
Só que a situação do Corinthians, que era ruim, ficou caótica aos 36min. Gallardo cobrou falta da lateral direita para a grande área e Higuain, livre dentro da área, completou no canto direito baixo de Sílvio Luiz. O terceiro gol dos argentinos deu início a uma reação desesperada da torcida mandante, que tentou invadir o gramado e entrou em conflito com a polícia.

Com medo, os jogadores do River Plate deixaram o gramado do Pacaembu. E o árbitro chileno Carlos Chandía encerrou o confronto com triunfo por 3 a 1 do River, eliminação e desespero do Corinthians.

CORINTHIANS
Sílvio Luiz; Coelho (Eduardo), Marcus Vinícius, Betão e Rubens Júnior; Marcelo Mattos, Xavier (Roger), Ricardinho e Carlos Alberto (Rafael Moura); Nilmar e Tevez
Técnico: Ademar Braga

RIVER PLATE
Lux; Tula, Cáceres e Gerlo; Ferrari, Ahumada, Santana, Gallardo e Dominguez; Abán (Higuain) e Farías
Técnico: Daniel Passarella

Local: estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Árbitro: Carlos Chandía (Chile)
Auxiliares: Pablo Pozo e Rodrigo González (ambos do Chile)
Cartões amarelos: Abán (R), Santana (R), Marcus Vinícius (C), Gallardo (R)
Gols: Nilmar, aos 38min do primeiro tempo; Coelho (contra), aos 11min, Higuain, aos 27min e aos 36min do segundo tempo

Veja também


ÚLTIMAS NOTÍCIAS
03/09/2007
Mais Notícias