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Nico Noronha, do Pelé.Net PORTO ALEGRE - A cultura do futebol gaúcho não muda. De tempos em tempos é necessário vender uma jovem e talentosa promessa de craque, para manter o clube financeiramente viável. Nada que venha a acabar com o choro eterno dos dirigentes, que falam sem parar nos problemas para manter as contas em dia e investir em jogadores de qualidade. E assim o processo se repete: descobrir meninos, contratá-los por pouco mais de nada, trabalhá-los e quando estiverem no ponto, vendê-los.
Carlos Eduardo, que subiu nesse começo de temporada para o grupo principal do Grêmio, inicialmente para "quebrar o galho" visto que o atacante Douglas - que havia sido buscado no América-MG - se lesionara, tinha contrato até dezembro de 2009. Um dia depois do término do Campeonato Gaúcho, competição na qual foi eleito como melhor jogador, além de ganhar também o troféu como revelação, o jovem teve seu contrato prorrogado até 31 de abril de 2012. Com o novo salário, por menos de 10 milhões de euros não há nenhuma chance de que seja levado do Olímpico. Desempenho no Gauchão barrou Amoroso Carlos Eduardo, menino tímido, natural da pequena cidade de Ajuricaba, no interior gaúcho, parece não ter noção de sua importância para o clube. "Estou recém começando, procurando o meu espaço", diz o menino, que já foi citado pelo presidente do clube, Paulo Odone, como um "diamante raro". Seu desempenho neste 2007 vem, surpreendendo até mesmo quem acompanhava seu desempenho nas categorias de base do clube. A diretoria, enquanto o jovem atacante decidia jogos e se afirmava como titular indiscutível do time, ao lado de Tuta, continuava buscando um outro jogador para a função. Acabou fechando com o experiente Amoroso, que desembarcou em Porto Alegre com a certeza de que assumiria logo um lugar na equipe. Sua estréia foi inclusive programada para o primeiro jogo das oitavas-de-final da Libertadores da América, em São Paulo. Acontece que, três dias antes, no primeiro jogo da decisão do campeonato estadual, Carlos Eduardo simplesmente fez uma atuação arrasadora em Caxias do Sul e marcou dois gols no 3 a 3 com o Juventude que acabaram sendo importantíssimos para que, uma semana depois, no Olímpico, o time chegasse ao seu 35º título gaúcho. O primeiro troféu do jovem atacante como profissional. Foi o futebol apresentado por Carlos Eduardo naquela tarde que definiu sua continuidade no time, deixando Amoroso surpreendentemente como reserva do Grêmio. "Eu não poderia tirar o Carlos Eduardo do time num momento tão bom", admitiu o treinador Mano Menezes, que hoje considera o atacante como peça imprescindível da equipe.
As declarações, quando em referência ao jogo desta quarta-feira à noite contra o Defensor, em Montevidéu, pelas quartas-de-final da Libertadores, confirmam sua coragem: "Esses castelhanos marcam muito forte, será preciso muita velocidade para escapar deles". Empresários já estão de olho Carlos Eduardo não completou um semestre como titular do Grêmio mas já têm sido freqüentes as noticias de que empresários que representam clubes europeus tem assistido partidas, repassado informações para a Europa e até dando início a contatos com a diretoria, visando uma possível negociação para os próximos meses. O presidente gremista Paulo Odone, que sentindo a força do assédio tratou de acelerar a continuidade do vínculo até 2012, diz que no momento não há nenhuma possibilidade de negociar o jovem atacante. Mas até o mais simples funcionário do Estádio Olímpico sabe que tudo é uma questão de tempo e assim como já ocorreu nestes anos 2000 com outros craques surgidos no clube - como Ronaldinho Gaúcho em 2001, Anderson em 2004, e Lucas neste 2006 - Carlos Eduardo também terá de ser vendido um dia. "Nem quero falar nisso, recém estou começando", reforça o jovem jogador, autor de cinco gols no ano, todos no Gauchão, dois deles nas finais. E enquanto ele trata de pensar unicamente em jogar bola, o clube vai lapidando seu diamante e computando euros que virão, num futuro nem tão distante, para solucionar problemas de caixa. UOL Busca - Veja o que já foi publicado com a(s) palavra(s) |