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O Grêmio, "imortal", ruiu. Quem brilhou e assegurou seu nome na história foi o meia Riquelme, autor dos gols do Boca Juniors, que venceu por 2 a 0 nesta quarta-feira, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, e comemorou o título da Copa Libertadores da América pela sexta vez em sua história.
O termo "imortal" voltou a ganhar força com a vitória em tons épicos sobre o Náutico, na última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2005. No ano passado, na volta à elite, a equipe conseguiu vaga na Libertadores. E, na atual temporada, o time reverteu situações complicadas, tanto no Gaúcho (na semi, contra o Caxias) quanto no torneio continental (foi superado por São Paulo e Defensor no mata-mata na casa dos rivais e só avançou com vitórias em casa). Mas o time tricolor, aquele das viradas históricas, não conseguiu superar o rival argentino, escaldado em finais da Libertadores. Com mais uma conquista, o Boca se isola na condição de segundo maior vencedor da Libertadores, um título atrás do também argentino Independiente, que levantou a taça em sete oportunidades. Esta foi a 20ª participação do Boca em Libertadores e sua nona decisão, justamente no seu jogo número 200 na competição. Foi ainda a 11ª final do torneio entre representantes brasileiros e argentinos, com apenas três vitórias nacionais, com Santos (1963, sobre o Boca), Cruzeiro (1976, River Plate) e São Paulo (1992, Newell's Old Boys). O Boca se consolida como o maior vencedor da Libertadores no século 21, com três títulos. Ainda ganhou, apenas neste século, um Mundial, duas Copas Sul-Americanas e duas Recopas. Com a conquista continental, os argentinos vão para o Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, quando podem enfrentar o Milan, vencedor da Liga dos Campeões, na final e se tornarem o primeiro tetracampeão do torneio interclubes. Além disso, a conquista alça ao título de "imortal" o meia Riquelme, jogador revelado pelo clube e recontratado neste ano por empréstimo do Villarreal, da Espanha, a peso de ouro. Comandante da equipe no jogo de ida, o ídolo xeneize, camisa 10, a mesma que já foi usada por Maradona, marcou os gols da vitória naquela que pode ter sido sua última partida nessa passagem pelo time. Com a bola rolando, o primeiro tempo pode ser dividido em quatro partes, com três situações. Até os 10min, pressão gremista, como era de se esperar, menos pela técnica e mais pelo "abafa". Em seguida, até os 20min, o panorama foi de equilíbrio, com o Boca tocando melhor a bola. Entre 20 e 35min, o jogo ficou feio: a bola passou a cruzar o meio-campo, com uma série de chutões. Nos minutos finais, o que se viu foi novamente o Grêmio pressionando o adversário.
"Estamos com muita pressa e não estamos tocando muito a bola, por isso, não conseguimos criar", disse o volante Lucas, na saída para o intervalo, no jogo que marcou sua despedida da equipe -ele foi negociado com o Liverpool. "Temos de corrigir algumas coisas no passe, estamos muito afobados", concordou o lateral Lúcio. O panorama da partida pouco se alterou na segunda etapa. O Grêmio tentava o ataque, mas seguia de forma desordenada, como já haviam alertado Lucas e Lúcio. Pior, a equipe ainda sofreu o gol, em outro lance que mostrou a genialidade de Riquelme. Em jogada semelhante à de Diego Souza no primeiro tempo e praticamente do mesmo lugar, aos 24min, o meia chutou com precisão para superar Saja e abrir o placar. No contra-ataque, oito minutos depois, saiu o segundo gol, que selou o título argentino. Palacio recebeu livre na área e tocou na saída de Saja, que defendeu com o pé. No rebote, Riquelme foi mais veloz que a defesa gremista e empurrou para as redes, garantindo a vitória e escrevendo seu nome na lista de "imortais" do Boca e da Libertadores. "Jogamos muito bem os dois confrontos e tivemos a vantagem do resultado da primeira partida", disse Riquelme, eleito o melhor jogador da decisão. "Estou muito feliz com o título. Os torcedores merecem", comemorou. GRÊMIO Saja; Patrício, William, Teco (Schiavi) e Lúcio; Gavilán, Lucas, Tcheco (Amoroso) e Diego Souza; Carlos Eduardo e Tuta (Everton) Técnico: Mano Menezes BOCA JUNIORS Caranta; Ibarra, Diaz, Morel Rodriguez e Clemente Rodriguez; Ledesma, Banega (Orteman), Cardozo (Bataglia) e Riquelme; Palácio (Boselli) e Palermo Técnico: Miguel Russo Data: 20/6/2007 (quarta-feira) Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre Árbitro: Oscar Ruiz (COL) Auxiliares: Juan Carlos Bedoya (COL) e Jovani Zapata (COL) Cartões amarelos: Diego Souza, Lucas, Lúcio (G), Ledesma (B) Gols: Riquelme, aos 24min e 36min do segundo tempo |