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A desconfiança era grande, mas aumentou ainda mais depois da estréia do Brasil na Copa América da Venezuela. Na noite desta quarta-feira, em Puerto Ordaz, os comandados do técnico Dunga perderam por 2 a 0 do México e amargam a lanterna do Grupo B (o Chile venceu o Equador por 3 a 2). A chance de se recuperar e evitar um fracasso histórico na competição acontece domingo, contra o Chile, em Maturín.
Mas logo voltou à normalidade e foi apática, apenas confirmando a desconfiança que cerca o time do técnico Dunga. A última boa chance do Brasil antes de sofrer os gols do México, aliás, saiu dos pés do único jogador que se mostrou bem na etapa inicial: Robinho. Aos 21min, o atacante deu bicicleta e mandou por cima do gol de Ochoa. Dois minutos depois desse lance, a elogiada defesa brasileira ruiu frente ao ataque mexicano. Castillo entrou livre na grande área, deu um belo chapéu em Maicon e tocou para o fundo do gol. Vágner Love ainda teve uma oportunidade de empatar no minuto seguinte, mas pegou mal na bola e mandou longe do gol. A partir daí, os comandados do técnico Dunga se perderam em campo e não mostraram preparo psicológico para assimilar o gol sofrido. Diego, por exemplo, errou passes em demasia. Tanto que o segundo gol saiu de uma bobeira do meia. Aos 29min, depois de perder a bola, fez falta boba. Morales bateu bem e marcou. "O time está errando muitos passes, tem se aproximar mais um do outro", analisou o atacante Robinho no intervalo da partida. "Tomamos o gol e paramos de jogar", emendou Elano, que teve atuação apagada na primeira etapa e foi substituído no intervalo por Afonso, assim como Diego foi por Anderson. Vaias e gritos de olé da torcida mexicana não mexeram com os brios do time verde-amarelo durante a etapa inicial. E o técnico Dunga, diferentemente do técnico adversário, Hugo Sánchez, saiu para área técnica pela primeira vez para falar com o time apenas aos 45min do primeiro tempo. Sánchez ficou todo o tempo orientando. Mais participativo na segunda parte do jogo, o treinador da seleção brasileira viu o meia Anderson dar mais qualidade ao toque de bola do time. Mas só aos 13min, o viu fazer uma jogada que poderia resultar em gol. O jovem jogador, contratado recentemente pelo Manchester United, tocou para Robinho. Mas Ochoa defendeu o chute da principal estrela dessa seleção na Copa América. Pouco tempo depois, Dunga quase viu outra alteração sua dar certo. Após boa jogada de Robinho pela esquerda e cruzamento de Anderson para a entrada da grande área, o atacante Afonso chutou forte de primeira. O goleiro mexicano Ochoa mais uma vez evitou o grito de gol da torcida brasileira. A apresentação do Brasil no segundo tempo contra o México, embora não tenha surtido efeito algum, pelo menos dará trabalho e dúvidas ao comandante da seleção, porque a equipe mudou de postura e foi mais agressiva, superando qualquer outra apresentação dos titulares durante a preparação para a competição. Anderson se entrosou mais com Robinho, que acertou bola na trave aos 27min, e o ataque teve mais mobilidade com um homem referência como Afonso na grande área. Até mesmo Maicon, que no primeiro tempo foi mal, melhorou na etapa final e conseguiu chegar um pouco mais à linha de fundo. Mas o fato é que a melhora de rendimento depois do intervalo não vai amenizar a pressão sobre a seleção brasileira e, principalmente, sobre o técnico Dunga. Muito menos diminuir a desconfiança que toma conta do brasileiro desde o fracasso na Copa do Mundo do ano passado, na Alemanha - queda nas quartas-de-final. BRASIL Helton; Maicon (Daniel Alves), Alex, Juan e Gilberto; Mineiro, Gilberto Silva, Elano (Afonso) e Diego (Anderson); Robinho e Vágner Love Técnico: Dunga MÉXICO Ochoa; Castro, Magallon, Rafael Márquez e Pinto; Arce, Correa, Torrado e Morales (Lozano); Cacho (Omar Bravo) e Castillo Técnico: Hugo Sánchez Local: estádio Polideportivo Cachamay, em Puerto Ordaz (Venezuela) Árbitro: Sergio Pezzotta (Argentina) Auxiliares: Rodolfo Otero (Argentina) e Juan Carlos Arroyo (Bolívia) Cartões amarelos: Castillo (MEX), Alex (BRA), Afonso (BRA), Daniel Alves (BRA) Gols: Castillo, aos 23min, e Morales, aos 29min do primeiro tempo |