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Jogadores brasileiros de futsal invadem a Europa

09/03/2002 20h41

Agência Folha
Em São Paulo
No Rio de Janeiro

A Europa é o principal pólo importador do futsal brasileiro. Pela primeira vez, a CBFS (Confederação Brasileira de Futsal) divulgou o número de transferências de jogadores para o exterior.

Um total de 86 atletas do país migraram para o exterior no ano passado. Desses, quase a totalidade (85) foram jogar nas ligas européias.

"Temos jogadores em todos os lugares do mundo. Já mandei atletas até para Cingapura e Tailândia. Mas a Europa continua sendo o principal destino dos brasileiros", afirmou Carlos Bittencourt, vice-presidente do Departamento Técnico da CBFS.

"O mercado europeu está se abrindo cada vez mais. Outros países do continente, como Grécia, Irlanda e França, já manifestaram interesse pelos nossos jogadores", completou o dirigente. Os números da entidade não mostram a totalidade dos atletas que migraram para o exterior.

Estão computados apenas os que passaram pelos registros da CBFS. As fraudes, no entanto, tendem a diminuir.

"Hoje há uma fiscalização maior da Fifa (entidade que dirige o futsal no mundo). Um atleta sem o registro de transferência de sua confederação de origem não pode jogar", disse Bittencourt.

A Espanha, que conta com a principal liga do mundo, é o país que mais levou brasileiros. Dos atletas que migraram para o exterior em 2001, 52,3% foram atuar no país.

Hoje, 42 brasileiros disputam a divisão de honra espanhola -14 deles se naturalizaram e jogam com passaporte europeu. Se antes não havia brasileiros de primeiro nível participando da liga espanhola, agora a situação começa a ser alterada.

Três jogadores que defenderam a seleção brasileira no Mundial da Guatemala-2000 estão jogando o Espanhol: o fixo Schumacher, o ala Anderson e o pivô Vander Carioca. A Itália é o segundo maior destino dos brasileiros na Europa.

Alguns times, como o Augusta, exageram na importação. A equipe, vice-campeã da Copa da Itália em 2001, conta com um elenco de 13 jogadores -dez são brasileiros.

"A liga italiana só admite um estrangeiro por equipe. Assim, a maioria dos brasileiros que vem atuar aqui se naturaliza. Eu não tive problemas porque meu avô é italiano", contou o pivô Adriano, 20, do Augusta, que já defendeu a seleção da Itália no Torneio de Cingapura, no ano passado.

Outras ligas vêm se firmando como emergentes na Europa. Aos poucos, Rússia, Bélgica e Portugal estão se tornando atrativas aos brasileiros.

A Rússia já levou o pivô Chôco, que defendeu a seleção brasileira entre 1995 e 2000 -foi considerado o segundo melhor jogador do Mundial da Espanha, em 1996, vencido pelo Brasil.
Mas o maior passo para a consolidação da liga local pode vir em breve.

Os russos tentam a contratação, desde o ano passado, do ala Manoel Tobias, eleito há duas semanas pelo site Futsalplanet o melhor jogador do mundo. Se o mercado de trabalho se desenvolve na Europa, na América ele ainda é incipiente.

Em 2001, somente um jogador do país se transferiu para uma nação do continente, os EUA. Mas isso deve mudar com a criação da Taça Libertadores, que terá sua primeira edição neste ano.

"Já há um interesse muito grande de vários países da América do Sul em contar com os nossos jogadores em seus campeonatos locais. O Paraguai vai criar uma liga e quer colocar dois brasileiros nas vagas de estrangeiro de cada equipe", contou Bittencourt.