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Pipoca valoriza base de PC e vê necessidade de seleção 'miscigenada'

Pipoca orienta jogadores durante partida da seleção brasileira de futsal - Zerosa Filho/CBFS
Pipoca orienta jogadores durante partida da seleção brasileira de futsal Imagem: Zerosa Filho/CBFS

Renan Prates

Em Foz do Iguaçú *

17/05/2010 07h00

A missão, apesar de bastante encaminhada, não é nada fácil: assumir a seleção brasileira de futsal e manter o nível implementado pelo antecessor PC de Oliveira, campeão do mundo de 2008 e que deixou o cargo com apenas uma derrota. E é mantendo o trabalho no qual fez parte como assistente técnico é que Marcos Sorato, o Pipoca, quer trunfar no comando de Falcão e cia.

PIPOCA É A APOSTA DA CONFEDERAÇÃO

  • Beto Costa/CBFS

    Satisfeita com o trabalho, mas não com o antecessor PC de Oliveira, a Confederação de futsal deu chance para Pipoca mostrar o seu valor

Na entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o treinador da seleção brasileira ressaltou a necessidade de se manter uma seleção 'miscigenada', com integrantes do futsal estrangeiro e da Liga Nacional, para formar um bom grupo.

Pipoca também falou sobre o caso dos veteranos jogadores que ainda querem atuar na Copa do Mundo de 2012 (Falcão, Lenísio e Vander), além das expectativas para a Liga Futsal deste ano.

UOL Esporte: Quais são as suas expectativas para esta nova Liga futsal?
Pipoca: Com certeza é o melhor campeonato para se observar talentos. A competição está cada vez mais organizada, com uma tabela bem montada, que requer uma logística às vezes meio complicada, mas é a competição aonde a gente vai observar atletas e daí tirar os futuros jogadores da seleção.

UOL Esporte: Com o fortalecimento da Liga, a tendência é que cada vez mais as suas escolhas sejam de jogadores do Brasil e menos da Europa?
Pipoca: Acredito que a seleção absoluta sempre vai ter essa mistura, não tem como fugir dela. Não dá pra fazer uma seleção só do Brasil e nem uma só da Europa, até porque a gente mistura as características, mistura as escolas. Quem está muito tempo lá na Europa tem um estilo de jogo que acrescentou coisas. Já quem está no Brasil tem outra pegada, outra determinação.

UOL Esporte: Como tem sido esse seu período à frente da seleção brasileira?
Pipoca: Muito gratificante. Claro que a responsabilidade aumentou muito, a expectativa é muito grande, até porque a trajetória do PC foi imensa né, uma derrota em 155 jogos. Mas além de ganhar tem que jogar bem, o que torna um desafio enorme. Graças ao compromisso dos atletas, de serem profissionais e acima de tudo homens, tudo fica mais fácil

DESAFIO: MANTER MARCA DO ANTECESSOR

PC de Oliveira no comando da seleção
155 jogos (149 vitórias, 5 empates e 1 derrota)
96,1% de aproveitamento de vitórias
Única derrota para Espanha em amistoso

UOL Esporte: O que está prometendo da seleção brasileira para 2010?
Pipoca: A gente ganhou o Sul-Americano, que era um dos grandes campeonatos além do Grand Prix. Temos o calendário completo com jogos por vir. Mas o principal é estar observando não só os atletas que já têm nome na seleção, mas os jovens que podem ser futuros atletas do time.

UOL Esporte: O PC na época do Mundial disse que a seleção iria mudar muito até 2012. Hoje você concorda com ele ou acha que ainda dá para manter muito da base campeã?
Pipoca: Vai manter se tiver num bom momento, porque na seleção de 2008 a gente já montou uma base boa. O Tiago, o Gabriel, o Ari e o Carlinhos são jogadores com uma idade ótima para o Mundial. Mas no Brasil sempre vai surgir atletas novos, e a gente não sabe como é que vai estar um Falcão, um Lenísio, ou qualquer outro atleta com uma idade mais superior. A ideia é manter os que já estavam porque eles nos ajudam na implantação da filosofia de trabalho que já vinha sendo feita. Os jovens que vierem, disputarem a camisa e conseguirem ganharem sua condição vão ser aproveitados.

VISANDO O MUNDIAL-2012

As minhas convocações quase sempre tiveram oito atletas com idade para Mundial com quatro experientes que talvez não estejam no seu melhor em 2012

Pipoca explica o seu método de trabalho

UOL Esporte: O Vander demonstrou a sua vontade de voltar para a seleção. Você acha que jogadores de capacidade como ele e experiência ainda têm espaço lá?
Pipoca: A gente vive o momento. O Vander foi chamado quando eu precisava de um pivô com a sua característica nos três jogos no Irã. Na ocasião, ele foi muito bem, muito bem mesmo, não só em nível de jogo como de grupo, pois nos ajuda muito nesse sentido. Mas a ideia é seguir misturando. As minhas convocações quase sempre tiveram oito atletas com idade para Mundial com quatro experientes que talvez não estejam no seu melhor em 2012. Porém, como eu falei, o momento é que manda.

UOL Esporte: E quando ao Falcão e o Lenísio? Você acha que se eles tiverem vontade ainda existe um lugar para eles em 2012?
Pipoca: No Sul-Americano, o artilheiro foi o Lenísio e o vice foi o Falcão. Jogaram todas as partidas, sem lesão, com condição física muito boa. O talento a gente já conhece, então enquanto eles tiverem numa condição física boa e o principal motivados com certeza vão ter o seu lugar na seleção.

*O repórter viajou a convite da organização da Liga Futsal