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Falcão se diz perseguido por juiz e dispara: 'Algumas pessoas têm inveja de mim'

Falcão chegou ao Santos no início da atual temporada do futsal brasileiro - Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC
Falcão chegou ao Santos no início da atual temporada do futsal brasileiro Imagem: Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC

Luiz Paulo Montes

Em São Paulo

22/11/2011 13h31

Aos 34 anos, Falcão acumula em seu currículo diversos títulos, entre eles o rótulo de ter sido eleito duas vezes o melhor do mundo, e, no Brasil, é considerado o único ídolo do futsal atualmente. O sucesso, é claro, gera benefícios, como altos salários, participações em campanhas publicitárias, e o reconhecimento do público, imprensa e companheiros. Por tudo isso, ou por ser quem é, Falcão também lida com um fator negativo dentro dessa fama. "Algumas pessoas têm inveja de mim. Não quero que pareça egocentrismo, mas é a realidade."

Essa é a justificativa que Falcão, jogador do Santos, vê para aquilo que ele aponta como "perseguição" dentro de quadra, em especial do juiz Gean Coelho Telles, que o expulsou após a primeira partida da decisão da Liga Futsal, diante do Carlos Barbosa, na última terça-feira. Após a partida, o jogador recebeu o cartão e, na sequência tentou chutar o juiz. Ele deverá ser julgado e pode levar uma suspensão pesada. Além desse problema, o ala também será julgado por uma outra agressão, no jogo contra Cascavel, em setembro. 

Pelo cartão vermelho recebido na semana passada, o camisa 12 está fora da finalíssima, nesta terça, em Santos. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Falcão afirmou que Telles premeditou a expulsão, e revelou problemas antigos com o árbitro. 

Leia a entrevista na íntegra:

UOL Esporte - Passados sete dias da sua expulsão, como você vê aquele momento, que o tirou da final desta terça-feira?

Falcão:  Tive um ano muito bom, sem lesões, atuei bem. Em 20 anos de carreira, tenho uns 40 jogos especiais, e essa final seria mais um deles. Mas simplesmente por uma coisa pessoal, estou fora. Uma atitude pessoal do árbitro prejudica uma nação, uma equipe. Nada justifica o que eu fiz, eu errei. Eu me rebaixei a ele, mas ficou clara a tendência do juiz contra nós na partida. A semana foi horrível, não consegui me concentrar para alguns treinos, tomei pancada de todos os lados, e tiraram o foco do erro do árbitro. Mas coisa ruim sempre tem uma repercussão maior, ainda mais quando é o Falcão que faz.

UOL Esporte - Quais problemas são esses a que você se refere? Quando começou a ter problema com o juiz?

Falcão - Eu joguei oito anos em Santa Catarina, e ele é de lá, apita muitos jogos lá. Já tive vários problemas com ele, e no primeiro jogo, quando vi que era ele que ia apitar, já falei no vestiário que ia dar problema. É um problema antigo dele comigo. Eu reclamo na partida, sou capitão do meu time, às vezes exagero um pouco. Mas ele é arrogante, não dá moral para ninguém dentro de quadra. Um amigo meu, que é árbitro Fifa, viu a postura dele e falou que é absurda. Ele é intocável, não pode falar com ele.

UOL Esporte - Então você acha que ele expulsou você por causa desses problemas?

Falcão: Ele foi premeditado. Eu não acho, eu dou certeza que ele premeditou o meu cartão vermelho. Durante a partida, os jogadores balançavam a cabeça reprovando as atitudes dele. Eu, quando fiz isso, ele me deu amarelo. Depois, no fim do jogo, eu estava no  meio da quadra e ele ficou me olhando, coisa que ele nunca faz. E eu estava balançando a cabeça. Foi aí que ele me expulsou. Ele relatou que me expulsou porque eu xinguei ele, mas é mentira. Eu xinguei ele, tentei chutá-lo, mas depois do cartão. Se ele não quisesse me expulsar, nem ia me olhar. Foi premeditadíssimo.

ÁRBITRO RELATA AGRESSÃO E PODE PROCESSAR FALCÃO POR OFENSAS

  • Reprodução

    O árbitro Gean Coelho Telles, que mostrou o cartão vermelho para o astro santista e depois teria tomado um leve chute, relatou a agressão na súmula da partida e estuda acionar Falcão na Justiça Comum pelas ofensas que diz ter recebido após a vitória do Carlos Barbosa sobre o Santos, por 4 a 3, no primeiro jogo da decisão da Liga Futsal, terça-feira.

UOL Esporte - Você é muito provocado em quadra?

Falcão - A gente vai jogar no interior, eu sou sempre xingado pela torcida, xingam minha família, jogador fala besteira. Quando eu faço um gol e comemoro, extravaso, me reprovam. Inventam situações, me criticam. Eu errei muito já na minha carreira, mas todos erraram. Existe a provocação, é que nem no futebol. Só que no futebol tem o Neymar, o Ganso, o Ronaldo, vários ídolos. No futsal, as coisas são muito boas para mim pelas coisas que eu construí, mas o lado negativo é pesado também. Tenho a admiração das pessoas, mas algumas pessoas têm inveja de mim. E isso acontece pois não me conhecem, não sabem como eu sou fora de quadra, como eu sou como pai, amigo...

UOL Esporte - Então você acha que acaba "pagando" por ser o Falcão, por tudo que conquistou no futsal?

Falcão - É isso. Não quero que as pessoas entendam como egocentrismo, mas é isso. Eu queria que tivessem outros ídolos no futsal. Quem vai nos programas de televisão, na Hebe, no Jô Soares? É o Falcão. Quem aparece na mídia? O Falcão. É bom para mim, minha marca está ali, sendo exposta. Mas tem essa coisa ruim, quem não me conhece fica com outra impressão, com inveja, até mesmo as pessoas do meio. Dentro de quadra eu me transformo. Fora, quem convive comigo sabe como eu sou. Sou daqueles que vou brigar até o fim para o  massagista ganhar a mesma premiação que eu no caso do título da Liga.

Perseguido?

Só comigo tem julgamento. Se eu sou expulso, sou julgado. Os outros, não. Mas não temo nada, ainda não sei o que vai acontecer

Sobre a provável denúncia no STJD

UOL Esporte - Como você lida com tudo isso que é falado de você, principalmente depois da sua expulsão semana passada?

Falcão - O tanto de mensagens de apoio que eu recebi me anima muito. Eu aprendi a lidar com situações adversas, a absorver aquilo que vai me fazer bem, sem demagogia. Mas dentro de quadra eu me transformo. Eu entro e quero ganhar sempre. Eu sei que se a equipe que eu jogo perder, vão falar que o Falcão já não é mais o mesmo. Pô, eu estou na minha sétima final de Liga Futsal consecutiva. Se eu não estiver na final ano que vem, vão falar isso também. O Lenísio e o Vander (ambos do Petrópolis) são craques, e não chegaram entre os oito. E se acontece comigo? Imagina o que iam falar. Eu carrego um peso muito grande por ser o Falcão, mas sei lidar com isso. O contexto geral dos acontecimentos é mais positivo do que negativo.

UOL Esporte - Você foi denunciado no STJD (Superior Tribunal de Justiça  Desportiva) também por uma confusão contra Cascavel, em que as imagens mostram você dando um soco no rival. O que acontece? Você perde o controle?

Falcão - Exatamente. Eu perco o controle, mas a proporção é outra. Contra Cascavel eu fui cumprimentar o cara, ele não quis, e me empurrou. Eu reagi, toda ação gera uma reação. Às vezes é difícil eu me controlar pela pressão que tenho. Eu reago como torcedor, como quem está em casa. É um defeito que eu tenho, que preciso dar um jeito de corrigir. Mas tudo que eu faço, vai para julgamento. É porque sou eu, é claro. Um jogador do Florianópolis jogou água na torcida adversária. Na hora, todo mundo falou, mas o assunto morreu ali mesmo, não aconteceu nada. Se eu faço aquilo, ia estampar todos os sites e jornais no dia seguinte.