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Falcão e Manoel Tobias celebram as pazes em debate sobre futsal em congresso de Parreira

Falcão (esquerda) e Manoel Tobias tiram foto com Parreira durante o Footecon no Rio - Bruno Freitas/UOL
Falcão (esquerda) e Manoel Tobias tiram foto com Parreira durante o Footecon no Rio Imagem: Bruno Freitas/UOL

Bruno Freitas e Pedro Ivo Almeida

No Rio de Janeiro

08/12/2011 06h00

O último dia do Footecon reservou um momento histórico na última quarta-feira, quando publicamente se desfez a imagem de uma conhecida rivalidade entre dois nomes célebres do futsal nacional. Dois dos maiores jogadores da história da modalidade, Falcão e Manoel Tobias discursaram juntos no congresso promovido por Carlos Alberto Parreira no Rio de Janeiro, em entrosamento que expôs o fim da antiga rixa das quadras.

BRIGA NAS QUADRAS FICOU PARA TRÁS

A rixa entre os principais jogadores de futsal do país dos últimos anos apareceu para o público ao final do Mundial de 2004, quando a seleção brasileira não conseguiu o título em Taiwan. Na época, Falcão disse que o antigo companheiro agia com individualismo dentro da equipe.

"Eu não tenho nada contra ele, mas o que acontece partiu dele. Jogamos juntos em 1999, no Atlético-MG. Eu era um moleque, abusava mesmo, e a torcida me adorava. Depois disso, nunca mais jogamos juntos em time nenhum. Em todos os clubes que ele está, ele veta a minha contratação. Hoje sou o melhor do mundo, mas se aparecer alguém melhor, vou querer esse cara jogando do meu lado", disse Falcão.

Manoel Tobias permaneceu calado sobre o tema por alguns meses e se pronunciou só em 2005, em uma entrevista na época à rádio Jovem Pan.

"Não tenho nada a declarar. A minha história está aí. Infelizmente, vejo isso de uma forma muito triste. Este cidadão fez acusações falsas. Chamo-o de cidadão porque o que ele fez é uma falta de respeito. Ele me chamou para ser padrinho de casamento e eu fui ser padrinho de casamento deste cidadão em 1999. Agora ele me apunhala pelas costas", afirmou Manoel Tobias.

Hoje, o futsal celebra o reencontro dos dois grandes ídolos, definido com o adeus de Tobias às quadras em 2007, em conciliação que partiu de Falcão, após algumas tentativas frustradas. O atual destaque do Santos é o maior artilheiro da história da seleção, com o padrinho em segundo.

Falcão e Manoel Tobias integraram a bancada do debate denominado “A importância do futsal no contexto geral do futebol de campo”, realizado no hotel Copacabana Palace. Em discurso afinado de ideias, a dupla de estrela das quadras que anos atrás trocava provocações agora, em paz e em meio a troca de elogios, defendeu a modalidade como instrumento formador de jogadores para o campo.

Após a palestra, as duas estrelas do futsal comentaram o desfecho do desentendimento, que teve como auge a troca de farpas no Mundial de 2004 em Taiwan, quando um acusou o outro de excesso de individualidade na campanha do terceiro lugar da seleção brasileira.

“Isso tudo está superado. Foi um problema em 2004, mas ele me pediu perdão. Agora é bola para frente”, afirmou Manoel Tobias ao UOL Esporte, sobre o desfecho do entrevero, que aconteceu já há algum tempo, ao final da carreira do jogador pernambucano, em 2007.

“Quando ele parou de jogar, senti algo no meu coração. Liguei para ele e pedi perdão. Foi um desentendimento normal, que acontece com todos. É uma ótima pessoa e profissional. E hoje estou muito feliz que a gente esteja aqui juntos falando do nosso esporte. É um encontro histórico mesmo”, comentou Falcão, campeão da última Liga Futsal pelo Santos.

Durante o debate no Footecon, os dois astros do futsal falaram de suas breves experiências como jogadores de futebol de campo. Hoje já aposentado, o ex-melhor do mundo das quadras Manoel Tobias não conseguiu sucesso em uma passagem pelo Grêmio, na época de Felipão, em 1996. Por sua vez, Falcão tentou a sorte no elenco do São Paulo em 2005, com Emerson Leão.

A dupla ainda exaltou a funcionalidade do futsal na formação de jovens jogadores, mesmo entre aqueles que claramente tenham como objetivo final os gramados.

“Eu acho que deveria ser proibido o garoto treinar em campo antes dos 11 anos. Isso porque no futsal ele pega na bola muito mais vezes durante um treino, durante um jogo. Pode aprimorar muito mais a qualidade do passe, o poder de finalização. O ideal seria aproximar o futsal do futebol na formação de jogadores. Mesclar os dois treinamentos dentro dos clubes”, argumentou Falcão.

Na argumentação, Manoel Tobias e Falcão ainda ressaltaram o sucesso da iniciativa do Internacional, que recentemente escalou o ídolo do futsal Ortiz para trabalhar os atacantes do clube.

“Veja o sucesso do Inter com o Ortiz, que foi um craque do futsal. Veja o que ele fez pelo Leandro Damião, que mesmo com 20 e poucos anos ainda não tinha alguns fundamentos importantes”, afirmou Manoel Tobias em seu discurso.