Seleção nanica do Mundial de futsal treina em pátio de igreja
Dos 24 países que disputam a Copa do Mundo de Futsal da Colômbia nenhum é menor ou tem população tão pequena quanto às Ilhas Salomão. São apenas 28.400 quilômetros quadrados e 523 mil habitantes. Entretanto, em que pesem as restrições geográficas, a pequena nação da Oceania rodeada por água já se firmou como a principal potência do futsal no continente – após a mudança da Austrália para a Confederação Asiática - e chega para o seu terceiro Mundial consecutivo.
E o trabalho para esta consolidação em nível regional passa pelo trabalho de um técnico brasileiro e treinos em um local no mínimo inusitado – um pátio de igreja transformado em quadra de futsal.
O treinador em questão é Juliano Schmeling, gaúcho de 37 anos, que desde 2011 roda o mundo para ajudar no desenvolvimento do futsal.
“Em 2011 fui para a Nova Zelândia desenvolver o futsal e aprender inglês. Em 2012, a Confederação da Oceania (OFC) me convidou para ajudar na preparação das Ilhas Salomão para o Mundial daquele ano. Fui como assistente técnico. Depois, fui para a China e para a Austrália. No ano passado, fui convidado para voltar às ilhas Salomão para ser o técnico e fazer um trabalho pensando nas classificatórias para o Mundial e conseguimos a classificação”, disse Schmeling ao UOL Esporte.
Em seis jogos na história do Mundial, Ilhas Salomão tem uma vitória – contra a Guatemala em 2012 – e cinco derrotas. São 99 gols sofridos e 13 anotados. No Mundial de 2008, inclusive, levou 21 a 0 do Brasil e 31 a 2 da Rússia. Na última segunda-feira, em amistoso preparatório em Francisco Beltrão (PR), levou 18 a 0 da seleção brasileira com direito a gol de bicicleta de Falcão.
Assim, tem tudo para ser um dos principais sacos de pancada na Colômbia. Na primeira fase, integra uma chave que tem Argentina, Cazaquistão e Costa Rica, adversária na estreia nesta segunda-feira, às 20h.
“Nossa expectativa não está em vencer jogos, mas sim passar uma boa impressão, fazer partidas equilibradas e deixar nosso país orgulhoso. Sabemos de todas as dificuldades que teremos pela frente e nossas limitações. Mas temos de dar o melhor”, afirmou Juliano.
Superar dificuldades é praxe para Juliano nas Ilhas Salomão. O país não conta com jogadores exclusivos de futsal – todos se dividem entre o campo e a quadra – e não há espaço oficial para a prática da modalidade. Os treinos para a Copa do Mundo foram improvisados no pátio coberto de uma igreja na capital Honiara.
Religião e futsal têm relação intensa nas Ihas Salomão. Foi um pastor da Austrália, em 2000, o responsável por levar o esporte e apresentá-lo aos jovens do país. Os garotos que frequentavam a igreja e jogavam apenas peladas nas ruas passaram a conhecer regras, as novas formas de jogo.
“Não tem nenhuma quadra oficial. Até estão querendo construir uma, mas até agora não existe nada. Pegamos este pátio que era todo de concreto, pintamos as linhas e fizemos uma quadra. Um amigo que é metalúrgico fez as traves. Quando a gente não treina ali, treina em um concreto ao céu aberto. Esta é a nossa realidade”, disse Juliano, que é o único brasileiro morando no país que fica a 5 horas de voo de Sydney (AUS). Ele vive com a esposa, uma neozelandesa.
Além de técnico da seleção de futsal, o brasileiro é comandante também do Marist Fire, time que disputa a liga nacional de futebol é base da seleção que está na Colômbia.
“A liga aqui é pequena, mas bem organizada e os jogadores se dedicam apenas ao futebol. Não têm outra profissão, como muitos podem pensar. De manhã, eles treinam no campo e de tarde na quadra, ou vice-versa. E também me divido nas duas funções”, contou o treinador, que antes da Copa do Mundo levou o time para um período de treinamentos no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte.
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