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Família Hypólito tem dois representantes no Mundial de ginástica artística

20/11/2002 00h02

Agência Folha
Em São Paulo

De um lado, Daniele, 18, mais experiente, mais rica e, agora, considerada forte candidata a uma medalha. De outro, Diego, 16, o irmão mais novo da principal ginasta do país, que realiza sua estréia em Mundiais.

A família Hypólito assiste nesta terça-feira, quando começa o Mundial de ginástica artística por aparelhos em Debrecen (HUN), à primeira competição internacional com os dois irmãos como destaques da delegação brasileira, que levou mais seis ginastas para a Europa -Daiane dos Santos, lesionada, era dúvida até a noite de hoje.

Daniele, que em 2001 obteve a medalha de prata -a primeira da história do Brasil- no Mundial de Ghent após viajar com uma ajuda de custo do atacante Ronaldo e doações da apresentadora Xuxa, compete na Hungria, em meio a outras 89 mulheres e 194 homens, com um outro status.

Após angariar seis patrocinadores e sagrar-se pentacampeã brasileira -é ainda dona da melhor posição do país em Olimpíadas (20º lugar)-, Daniele compete como favorita. Mas, apesar dos quatro pódios internacionais neste ano, desdenha da condição de candidata ao ouro no solo.

"Cresci na ginástica, mas continuo a mesma. O que mudou é que agora posso ajudar as pessoas", diz ela, que subsidia pelo menos três atletas no Rio e que foi objeto de discurso do presidente FHC, quando este pediu a liberação de verbas para a ginástica brasileira.

Já Diego, que deixou o Pan-Americano de Santo Domingo com três medalhas (dois ouros), debuta no Mundial tentando se aproximar da marca de Cristiano Albino: 21º lugar no salto em 1996.

Se Diego começa a despontar, o amadurecimento em Daniele, desde a prata, já é evidente. "Do ano passado para cá, ela ficou mais segura. Antes era a Daniele que queria treinar fora, agora ela recebe convites [para ir ao exterior], da França, por exemplo", diz o irmão Edson, 20, auxiliar técnico do Flamengo e que incentivou a irmã começar no esporte.

Além de trilharem os mesmos caminhos -começaram em Santo André e hoje estão no Flamengo-, Daniele e Diego cumprem treino similar: sete horas por dia.

Por conta de compromissos promocionais, porém, a ginasta vem sacrificando domingos e quintas-feiras, dias que reservava para a praia, os passeios no shopping e as sessões de cinema.

O resultado, entre viagens e competições, é que a escola fica "de lado"'. Namorado? "Só em 2007 [quando Daniele estiver se aposentando]", brinca Edson.

Mas o dinheiro acumulado permitiu a compra de uma casa. E a mãe, Geni, hoje se dedica à carreira da filha, que é empresariada por Marlene Matos e Davi Lima.

"A Daniele não acreditava no que havia ocorrido. Só agora ela assimilou tudo", completa Edson.