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Daniele Hypólito compete para superar prata do Mundial passado

23/11/2002 23h02

Cristiano Cipriano Pombo
Agência Folha
Em São Paulo

Quando entrar neste domingo no tablado de Debrecen, fizer, como de costume, uma prece pedindo proteção a Deus e iniciar a disputa da final do solo no Mundial de ginástica artística, Daniele Hypólito, 18, colocará à prova a melhor temporada de sua carreira e o melhor momento do país no esporte.

Sob o som do grupo Scorpions e com uma nova coreografia -ensaiada há pouco mais de um mês-, a principal ginasta do país busca superar, a partir das 12h (de Brasília), a prata conquistada no Mundial de Ghent-2001, que lhe projetou internacionalmente e permitiu que obtivesse patrocínio, reconhecimento e convites (para treino e competições).

Mesmo sendo favorita ao ouro, Daniele desdenha da condição e vê fora do tablado seus maiores adversários. "Sou igual a todas as outras meninas. Sou como a Caroline (Molinari), a Camila (Comin) e a Daiane (dos Santos)", diz Daniele, que não terá pela frente tradicionais rivais, como Andreea Raducan (bicampeã mundial de solo) e Daiane (lesionada). A principal concorrente será Samantha Sheehan (EUA), que a superou na semifinal, sexta.

Sem se ater às rivais, a paulista tem em seu peso e no material de treino seus principais rivais.

"Adoro lasanha. Como à vontade, até escondo uns biscoitos na bagagem. A Daniele faz um controle rigoroso e vai à nutricionista", diz seu irmão mais novo, Diego Hypólito, 16, que também compete na Hungria e, em sua estréia em Mundiais, obteve a melhor posição do Brasil no masculino com o oitavo lugar no solo -hoje ele disputa a final.

"A Daniele está um pouco acima do peso, mas está bem melhor do que no mês passado, quando foi a Glasgow (e ficou em sétimo lugar)", diz Vicélia Florenzano, presidente da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica).

Alheia aos comentários, a atleta rebate de forma incisiva: "Não comento meu peso. Isso já me trouxe problemas. Hoje eu apenas trabalho, ou seja, treino". Daniele, segundo a federação internacional, tem 1,47 m e 45 kg.

Se isso não atrapalha a performance da atleta, Daniele fica furiosa com a falta de estrutura no Flamengo e a promessa do governo e de entidades em reestruturar o esporte no clube. A alta do dólar e a demora para regulamentação da lei que permite a importação de material consumiram até o mês passado, segundo a Folha de S.Paulo revelou, R$ 31 mil em materiais.

E neste domingo, diante da maior delegação do país -pelo menos 14 pessoas foram à Hungria, num investimento recorde de R$ 90 mil da CBG e do COB-, que reapareceu para a ginástica em 2000, com Daniele e seu histórico 20º lugar em Sydney, e dispõe de verba anual de R$ 900 mil da Lei Piva e de resultados, ela tentará simplesmente cumprir seu trabalho.