Daiane dos Santos já treina novo salto, o "duplo-twist esticado", para as Olimpíadas
Murilo Garavello
Enviado especial do UOL
Em Curitiba
Enquanto a Federação Internacional de Ginástica referendava o "duplo-twist carpado" como o salto "Dos Santos", em Curitiba a brasileira Daiane dos Santos já treina para, mais uma vez, colocar seu nome nos livros de ginástica.
Daiane, que passou a dar nome ao exercício que lhe rendeu a medalha de ouro no Mundial deste ano, já treina um novo salto, ainda mais complexo, denominado "duplo-twist esticado". Nenhuma mulher jamais apresentou o exercício em uma competição internacional de ginástica. De acordo com o técnico Ricardo Pereira, assistente do técnico ucraniano Oleg Ostapenko na seleção brasileira, "poucos homens no mundo realizam o movimento".
No "duplo-twist carpado", a ginasta dá dois mortais no ar com uma flexão no quadril, levando as mãos à altura do joelho. No novo exercício, Daiane dá as mesmas duas voltas sem pisar no chão mas, desta vez, com o corpo inteiro esticado -ou seja, suas mãos ficam à altura da cintura.
Por medida de segurança, Daiane ainda não executa o salto sem o auxílio de colchões em sua queda. Entretanto, a brasileira está próxima de anexar o movimento a seu repertório. Nesta quinta, nas duas vezes em que tentou o "duplo-twist esticado", obteve sucesso. "O Oleg disse que eu já poderia fazer o salto na Alemanha", revela a ginasta, que na próxima terça-feira viaja para o país europeu, onde será realizada uma etapa da Copa do Mundo de ginástica.
"Quando começamos a treinar o duplo-twist esticado, cai de costas, de lado, pensei que não conseguiria. Mas fui desenvolvendo e, agora, já consigo ter uma terminação boa", diz Daiane. "Não vou apresentá-lo neste ano, até porque, com o duplo-twist carpado, que é um salto 'Super E' -de dificuldade máxima- já tenho uma nota de partida 10".
Eliane Martins, coordenadora da Confederação Brasileira de Ginástica, revela que o técnico ucraniano só permite que as atletas executem um movimento quando há um índice de acerto superior a 85%. "Acho que esse salto ainda não é para agora. Vai estar calibrado para as Olimpíadas", diz Eliane, que também é árbitra internacional, apresentando uma visão um pouco mais pessimista.
Palmas. Máscara?
No ginásio em que treina a seleção olímpica permanente de ginástica, foi instalado um enorme outdoor de Daiane. A imagem é uma montagem de cinco fotos dela no Mundial (executando exercícios, sorrindo após a performance que lhe valeu o ouro, com a medalha). À frente, uma fotografia posada de Daiane, acima do letreiro: "Daiane dos Santos, campeã mundial de solo - Arnheim 2003".
Nesta quinta, Daiane não treinou de manhã. Havia acabado de chegar de Brasília, onde recebeu um prêmio. À tarde, quando a gaúcha treinava a coreografia de solo que apresentará na Alemanha, as crianças que fazem aula de ginástica ao mesmo tempo no ginásio pararam para assisti-la. Bateram palmas após um dos saltos -mesmo com uma terminação imperfeita.
Tanta badalação não estaria deixando a "Pérola Negra" -apelido carinhoso dado pela presidenta da Confederação de Ginástica, Vicélia Florenzano- "mascarada"? "Não, de jeito nenhum. Se eu ficar, estou perdida. Preciso treinar ainda mais agora", fala Daiane.
"Ela é a mesma pessoa carinhosa, extrovertida, muito simples. Não mudou nem uma gota", diz uma das funcionárias do ginásio. "Ela não tem nenhuma regalia. Tem de treinar como as outras, tem o mesmo número de folgas, é cobrada como as outras ou mais. A diferença é apenas no reconhecimento: ela recebe mais dinheiro. Fez por merecer", afirma Eliane Martins.
Enviado especial do UOL
Em Curitiba
Enquanto a Federação Internacional de Ginástica referendava o "duplo-twist carpado" como o salto "Dos Santos", em Curitiba a brasileira Daiane dos Santos já treina para, mais uma vez, colocar seu nome nos livros de ginástica.
Daiane, que passou a dar nome ao exercício que lhe rendeu a medalha de ouro no Mundial deste ano, já treina um novo salto, ainda mais complexo, denominado "duplo-twist esticado". Nenhuma mulher jamais apresentou o exercício em uma competição internacional de ginástica. De acordo com o técnico Ricardo Pereira, assistente do técnico ucraniano Oleg Ostapenko na seleção brasileira, "poucos homens no mundo realizam o movimento".
No "duplo-twist carpado", a ginasta dá dois mortais no ar com uma flexão no quadril, levando as mãos à altura do joelho. No novo exercício, Daiane dá as mesmas duas voltas sem pisar no chão mas, desta vez, com o corpo inteiro esticado -ou seja, suas mãos ficam à altura da cintura.
Por medida de segurança, Daiane ainda não executa o salto sem o auxílio de colchões em sua queda. Entretanto, a brasileira está próxima de anexar o movimento a seu repertório. Nesta quinta, nas duas vezes em que tentou o "duplo-twist esticado", obteve sucesso. "O Oleg disse que eu já poderia fazer o salto na Alemanha", revela a ginasta, que na próxima terça-feira viaja para o país europeu, onde será realizada uma etapa da Copa do Mundo de ginástica.
"Quando começamos a treinar o duplo-twist esticado, cai de costas, de lado, pensei que não conseguiria. Mas fui desenvolvendo e, agora, já consigo ter uma terminação boa", diz Daiane. "Não vou apresentá-lo neste ano, até porque, com o duplo-twist carpado, que é um salto 'Super E' -de dificuldade máxima- já tenho uma nota de partida 10".
Eliane Martins, coordenadora da Confederação Brasileira de Ginástica, revela que o técnico ucraniano só permite que as atletas executem um movimento quando há um índice de acerto superior a 85%. "Acho que esse salto ainda não é para agora. Vai estar calibrado para as Olimpíadas", diz Eliane, que também é árbitra internacional, apresentando uma visão um pouco mais pessimista.
Palmas. Máscara?
No ginásio em que treina a seleção olímpica permanente de ginástica, foi instalado um enorme outdoor de Daiane. A imagem é uma montagem de cinco fotos dela no Mundial (executando exercícios, sorrindo após a performance que lhe valeu o ouro, com a medalha). À frente, uma fotografia posada de Daiane, acima do letreiro: "Daiane dos Santos, campeã mundial de solo - Arnheim 2003".
Nesta quinta, Daiane não treinou de manhã. Havia acabado de chegar de Brasília, onde recebeu um prêmio. À tarde, quando a gaúcha treinava a coreografia de solo que apresentará na Alemanha, as crianças que fazem aula de ginástica ao mesmo tempo no ginásio pararam para assisti-la. Bateram palmas após um dos saltos -mesmo com uma terminação imperfeita.
Tanta badalação não estaria deixando a "Pérola Negra" -apelido carinhoso dado pela presidenta da Confederação de Ginástica, Vicélia Florenzano- "mascarada"? "Não, de jeito nenhum. Se eu ficar, estou perdida. Preciso treinar ainda mais agora", fala Daiane.
"Ela é a mesma pessoa carinhosa, extrovertida, muito simples. Não mudou nem uma gota", diz uma das funcionárias do ginásio. "Ela não tem nenhuma regalia. Tem de treinar como as outras, tem o mesmo número de folgas, é cobrada como as outras ou mais. A diferença é apenas no reconhecimento: ela recebe mais dinheiro. Fez por merecer", afirma Eliane Martins.
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