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Após mudar 50% da equipe, técnica do GRD já vê entrosamento e se diz otimista

26/01/2004 19h37

Murilo Garavello
Em São Paulo

No fim de novembro do ano passado, a técnica da seleção feminina de ginástica rítmica, Barbara Laffranchi, decidiu ousar. Trocou metade da equipe que havia conquistado três medalhas de ouro no Pan-Americano de Santo Domingo e o nono lugar no Mundial, realizado na Hungria, garantindo a vaga em Atenas-2004. Mais, incluiu duas meninas que haviam representado o Brasil na modalidade individual da ginástica rítmica no Pan-Americano.

Arquivo/Folha Imagem 
Bárbara Laffranchi, técnica da seleção
Hoje, praticamente dois meses depois, a técnica se diz "entusiasmada" com os resultados. "Em dezembro de 2003, quando dei férias para elas, já estavam entrosadas. Voltamos no começo de janeiro e o trabalho está fluindo muito. Nunca trabalhei com uma equipe tão fácil de lidar. São meninas de uma qualidade técnica muito forte, que aprendem rápido. Parece que estou com elas a vida inteira", disse Laffranchi. "Estou esperando muitas coisas boas para esse time".

Se Laffranchi diz, há poucos motivos para duvidar. A técnica é conhecida pelo rigor com que conduz os treinos e pelas regras rígidas que impõe às suas atletas. A ginasta Natália Eidt, por exemplo, sempre foi uma das mais elogiadas por Laffranchi. Mas não foi o suficiente para salvá-la do corte no fim do ano passado. Motivo? Dificuldades para se manter dentro do peso máximo exigido pela técnica.

Arquivo/Folha Imagem 
Larissa Barata passou da GRD individual para o conjunto que vai a Atenas-2004
Na reformulação, além de Natália, foram cortadas Ana Paula Scheffer, Anna Cláudia Santos e Talita Nakadomari -que optou por se desligar da equipe. Larissa Barata e Tayanne Mantovaneli -esta medalha de bronze no Pan competindo na categoria individual- são destaques na nova equipe.

"Com a mudança, estava buscando aumentar o índice técnico. A ginasta individual normalmente tem um índice técnico muito elevado, pois tem de se apresentar sozinha. Além disso, quis tornar equipe mais homogênea em altura e peso. Todas tem em torno de 1,60 m -um centímetro a mais ou a menos do que isso. São fisicamente muito parecidas. E isso é importante", afirma a técnica.

Para se assegurar de que a incorporação das ginastas do individual não seria "traumática" -afinal, nenhuma delas havia tido experiência com um conjunto de GRD-, Laffranchi realizou um mês de testes de adaptação com Larissa e Tayanne. "Elas levaram muito bem, mostraram todas as condições de estarem na equipe".

E, de acordo com Laffranchi, a equipe não se desagregou com a saída das companheiras. "A gente acaba virando uma família, estamos oito, dez horas por dia juntas. Uma segura o problema da outra. Quando um membro da família se desliga, todas sofrem. Mas todas são muito profissionais, têm consciência de que o melhor para a equipe vai ser feito. Fica mais fácil aceitar a saída de uma ou a entrada de outra".