Estrela da ginástica, Daiane dos Santos enfrenta pressão no Rio
Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro
Campeã mundial de ginástica artística, Daiane dos Santos está sentindo na pele o peso de ser a principal esperança de medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de Atenas. Nesta sexta-feira, ela começa a disputar, na condição de estrela maior, a etapa do Rio de Janeiro da Copa do Mundo.
Entre sexta e domingo, estará sob o olhar atento de mais de três mil pessoas, que devem lotar o Riocentro. Na última semana, ela teve mostras do assédio que vai encontrar daqui para frente. Durante os dias em que treinou no Rio, foi seguida atentamente por uma série de câmeras de televisão e repórteres, ávidos em mostrar ao público todas as reações da campeã. E teve problemas para lidar com tanta atenção.
Na quarta-feira, sentiu uma luxação no dedo mínimo da mão esquerda. Chegou a chorar de dor. No mesmo dia, disse aos repórteres que não queria ouvir o público gritando seu nome antes das apresentações.
"Tinha muita gente em cima dela naquele momento, é claro que ela ficou incomodada com a situação. Mas discordo seja uma mostra de que ela está sentindo pressão", afirma Eliane Martins, diretora da Confederação Brasileira de Ginástica e diretora da etapa carioca da Copa do Mundo.
Daiane, como a dirigente, nega que sua atitude foi um reflexo da pressão por competir no Brasil. Mas admite que está se cobrando mais. "É claro que é uma responsabilidade competir aqui no Brasil. Afinal, o objetivo dessa Copa do Mundo é mostrar a ginástica para o povo", diz a ginasta.
Além disso, esta é a primeira vez que a ginasta se apresenta depois de sofrer sua primeira derrota no solo desde agosto de 2003, quando conquistou o título no Mundial de Anahein e apresentou ao mundo seu novo movimento, o duplo twist carpado. Desde então, foram três medalhas de ouro em três etapas da Copa do Mundo (e um novo movimento, o duplo twist esticado). A única derrota veio justamente em Atenas, em um evento de preparação para as Olimpíadas.
Somado aos dois fatores entra também a insegurança de Daiane e seus técnicos quanto à nova coreografia, que ela estreará no Rio de Janeiro. A gauchinha abandonou a música "Rumba para los rumberos", que, em quatro anos, a levou ao topo do ranking mundial no solo, e vai dançar ao som de "Brasileirinho", composto por Waldir Azevedo.
Oleg Ostapenko, o técnico ucraniano que levou Daiane ao título mundial, e Eliane Martins admitem que a nova coreografia ainda não é a ideal, mas acham que ela está no caminho certo. "Ela tem potencial para chegar à medalha olímpica. Talvez a de ouro", avisa Ostapenko. "Normalmente, as ginastas usam uma coreografia por dois anos. Daiane usava a rumba há quatro, a apresentação estava perfeita. O 'Brasileirinho' ainda não está assim", explica Eliane.
A ginasta, porém, evitou polêmicas e disse que está confiante com a nova rotina. Entre as novidades, está uma "sambadinha" que fez sucesso durante os treinos Rio de Janeiro. "Eu trabalhei junto com os coreógrafos e dei minha cara para a apresentação", diz Daiane.
Outra fonte de preocupação vem dos juízes. Ninguém sabe qual será a reação às mudanças e o técnico Oleg Ostapenko garante que, a partir de agora, as brasileiras, não apenas Daiane, serão muito mais cobradas em suas apresentações. "A ginástica brasileira ficou conhecida, os juízes serão mais rigorosos", fala.
A preocupação com isso é tão grande que a ginasta pode mudar todo o seu calendário antes das Olimpíadas para "acostumar" os estrangeiros ao "Brasileirinho". A Copa do Mundo no Rio seria a única competição em que ela apresentaria a nova coreografia antes dos Jogos de Atenas, em agosto. Mas a CBG já estuda inscrever a seleção em competições na Europa antes disso. Daiane pode até perder a chance de carregar a Tocha Olímpica na passagem pelo Brasil.
O momento de pressão da ginasta número 1 do Brasil chega justamente no período de folga do trabalho psicológico a que a seleção permanente é submetida em Curitiba. No centro de treinamentos da CBG, as atletas são acompanhadas pela psicóloga Ruth Pauls. "Mas esse é um período de descanso para elas. É hora de relaxar", explica Eliane Martins.
Dividindo os refletores com Daiane no Rio de Janeiro estará uma atleta que já esteve, também, sob pressão e não agüentou. Daniele Hypólito, ex-número 1 da ginástica no Brasil, compete no Rio de Janeiro em má fase.
Vice-campeã mundial no solo em 2001 e vencedora de duas medalhas em etapas da Copa do Mundo em 2002, a ginasta carioca sofreu com a ascensão de Daiane. Ela perdeu o posto de queridinha do esporte no país e teve problemas quando foi treinar com a seleção brasileira em Curitiba. Acabou voltando para casa, no Rio de Janeiro.
Ela não escapou nem mesmo do técnico Oleg Ostapenko, que nesta semana afirmou que a ginasta, que já competiu em uma Olimpíada, não tem nem chance de chegar a uma final olímpica, quanto mais brigar por uma medalha.
Leia também:
Líderes do ranking mundial são atração na Copa do Mundo
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro
Campeã mundial de ginástica artística, Daiane dos Santos está sentindo na pele o peso de ser a principal esperança de medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de Atenas. Nesta sexta-feira, ela começa a disputar, na condição de estrela maior, a etapa do Rio de Janeiro da Copa do Mundo.
Daiane dos Santos treina no Rio, um dia antes do início das apresentações |
Na quarta-feira, sentiu uma luxação no dedo mínimo da mão esquerda. Chegou a chorar de dor. No mesmo dia, disse aos repórteres que não queria ouvir o público gritando seu nome antes das apresentações.
"Tinha muita gente em cima dela naquele momento, é claro que ela ficou incomodada com a situação. Mas discordo seja uma mostra de que ela está sentindo pressão", afirma Eliane Martins, diretora da Confederação Brasileira de Ginástica e diretora da etapa carioca da Copa do Mundo.
Daiane, como a dirigente, nega que sua atitude foi um reflexo da pressão por competir no Brasil. Mas admite que está se cobrando mais. "É claro que é uma responsabilidade competir aqui no Brasil. Afinal, o objetivo dessa Copa do Mundo é mostrar a ginástica para o povo", diz a ginasta.
Além disso, esta é a primeira vez que a ginasta se apresenta depois de sofrer sua primeira derrota no solo desde agosto de 2003, quando conquistou o título no Mundial de Anahein e apresentou ao mundo seu novo movimento, o duplo twist carpado. Desde então, foram três medalhas de ouro em três etapas da Copa do Mundo (e um novo movimento, o duplo twist esticado). A única derrota veio justamente em Atenas, em um evento de preparação para as Olimpíadas.
Somado aos dois fatores entra também a insegurança de Daiane e seus técnicos quanto à nova coreografia, que ela estreará no Rio de Janeiro. A gauchinha abandonou a música "Rumba para los rumberos", que, em quatro anos, a levou ao topo do ranking mundial no solo, e vai dançar ao som de "Brasileirinho", composto por Waldir Azevedo.
Oleg Ostapenko, o técnico ucraniano que levou Daiane ao título mundial, e Eliane Martins admitem que a nova coreografia ainda não é a ideal, mas acham que ela está no caminho certo. "Ela tem potencial para chegar à medalha olímpica. Talvez a de ouro", avisa Ostapenko. "Normalmente, as ginastas usam uma coreografia por dois anos. Daiane usava a rumba há quatro, a apresentação estava perfeita. O 'Brasileirinho' ainda não está assim", explica Eliane.
A ginasta, porém, evitou polêmicas e disse que está confiante com a nova rotina. Entre as novidades, está uma "sambadinha" que fez sucesso durante os treinos Rio de Janeiro. "Eu trabalhei junto com os coreógrafos e dei minha cara para a apresentação", diz Daiane.
Outra fonte de preocupação vem dos juízes. Ninguém sabe qual será a reação às mudanças e o técnico Oleg Ostapenko garante que, a partir de agora, as brasileiras, não apenas Daiane, serão muito mais cobradas em suas apresentações. "A ginástica brasileira ficou conhecida, os juízes serão mais rigorosos", fala.
A preocupação com isso é tão grande que a ginasta pode mudar todo o seu calendário antes das Olimpíadas para "acostumar" os estrangeiros ao "Brasileirinho". A Copa do Mundo no Rio seria a única competição em que ela apresentaria a nova coreografia antes dos Jogos de Atenas, em agosto. Mas a CBG já estuda inscrever a seleção em competições na Europa antes disso. Daiane pode até perder a chance de carregar a Tocha Olímpica na passagem pelo Brasil.
O momento de pressão da ginasta número 1 do Brasil chega justamente no período de folga do trabalho psicológico a que a seleção permanente é submetida em Curitiba. No centro de treinamentos da CBG, as atletas são acompanhadas pela psicóloga Ruth Pauls. "Mas esse é um período de descanso para elas. É hora de relaxar", explica Eliane Martins.
Dividindo os refletores com Daiane no Rio de Janeiro estará uma atleta que já esteve, também, sob pressão e não agüentou. Daniele Hypólito, ex-número 1 da ginástica no Brasil, compete no Rio de Janeiro em má fase.
Vice-campeã mundial no solo em 2001 e vencedora de duas medalhas em etapas da Copa do Mundo em 2002, a ginasta carioca sofreu com a ascensão de Daiane. Ela perdeu o posto de queridinha do esporte no país e teve problemas quando foi treinar com a seleção brasileira em Curitiba. Acabou voltando para casa, no Rio de Janeiro.
Ela não escapou nem mesmo do técnico Oleg Ostapenko, que nesta semana afirmou que a ginasta, que já competiu em uma Olimpíada, não tem nem chance de chegar a uma final olímpica, quanto mais brigar por uma medalha.
Leia também:
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.