Topo

Em casa, irmãos Hypólito roubam a cena na Copa do Mundo

03/04/2004 14h24

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A grande atração do primeiro dia das finais da etapa do Rio de Janeiro da Copa do Mundo de ginástica foram dois paulistas com alma de carioca. Daniele e Diego Hypólito, nascidos em Santo André, na grande São Paulo, levantaram as mais de 3 mil pessoas que foram neste domingo ao Pavilhão 4 do Riocentro.

Diego, de apenas 17 anos, conquistou a inédita medalha da equipe masculina do Brasil em Copas do Mundo. E o melhor, logo de ouro, no solo, e ainda vencendo o atual bicampeão mundial do aparelho, o búlgaro Iordan Iovtchev. Sua nota, 9,712, foi também a maior da história da ginástica masculina verde-amarela em torneios internacionais.

O desempenho foi tão bom que deixou os treinadores sonhando com a Olimpíada. O Brasil não conquistou vaga por equipes nas Olimpíadas de Atenas por apenas um lugar. Ficou em 19o. "É uma chance mínima, próxima de zero, mas ainda existe. Alguma equipe pode desistir e, aí, a vaga seria nossa", explica Renato Araújo, técnico de Hypólito há nove anos, desde que o ginasta chegou ao Rio.

"Eu prefiro não pensar nisso. Ainda sou muito novo, tenho pelo menos dez anos de ginástica pela frente. Ainda vou participar das Olimpíadas", disse Diego.

No Mundial de Anahein, no qual poderia ter conquistado a vaga, Diego disputou apenas cinco aparelhos. Para ir para Atenas, precisaria ter disputado seis. "Ele ainda está muito cru na argola, ainda não está no nível internacional. Mas não falta muito não. Ele é muito novo. Nessa Copa do Mundo mesmo vimos atletas com mais de 28 anos competindo", afirmou Araújo.

Já Daniele viveu um momento de redenção. Em má fase, como ela própria admite, foi a única brasileira a conquistar uma medalha no segundo dia da competição. Ela foi a segunda colocada nas barras assimétricas. Foi sua primeira medalha no aparelho. Antes, já tinha sido ouro na trave (Cottbus-2002) e prata no solo (Bercy-2003).

"As pessoas se surpreendem com isso, mas esquecem que ginástica não é só um aparelho. A cada etapa, a gente pode surpreender e ganhar em algo novo", disse. Ela, porém, parecia mais contente com o resultado do irmão. "Sou fã de carteirinha do Diego, acompanhei ele sempre, na primeira vez que fez final de Copa do Mundo. Não poderia estar mais feliz".