Fãs estranham, mas aprendem a torcer na ginástica artística
Agência Folha
No Rio de Janeiro
A Copa do Mundo marcou o início da 'pátria de collant" e também serviu de aprendizado para os torcedores. Acostumados a gritar muito, a fotografar os seus craques e até a jogar objetos contra os rivais nos estádios, os torcedores foram obrigados a deixar aos poucos o clima 'boleiro' de lado para tentar se enquadrar neste 'mundo estranho'.
Como a ginástica é um esporte que requer muita concentração dos atletas, o público fora do Brasil pouco participa e aplaude os atletas somente nos finais das apresentações. Já no Rio, os fãs, a maioria formada por mulheres e crianças, assustaram os ginastas, principalmente os estrangeiros.
"A gritaria foi muito grande. A torcida nos empolga, mas algumas vezes chega a nos atrapalhar. Quando começaram a gritar o meu nome, parecia que estava caindo do cavalo. Mesmo assim, valeu a pena. Tudo é questão de hábito. Mas nas próximas vezes o ambiente será bem melhor", disse o ginasta gaúcho Mosiah Rodrigues.
A reação do público não assustou apenas os atletas. Magda dos Santos, mãe de Daiane dos Santos, chegou a gritar com a torcida na sexta-feira, pouco antes de sua filha estrear a coreografia. Com o público cantando sem parar o nome da ginasta gaúcha, ela, aos berros, pediu silêncio. Em vão.
"Na ginástica, a concentração é muito importante. Quando escutei aquela gritaria ensurdecedora, não me contive. A mãe falou mais alto. Espero que as pessoas tenham entendido a minha reação", disse Magda, que viu pela primeira vez uma exibição da filha pela Copa.
Os torcedores também não economizaram nas fotografias para desespero dos organizadores. A quantidade de flashes disparados era tanta que o locutor do evento não parava de pedir que eles não fotografassem as atletas. Ele alegava que os flashes atrapalhavam o desempenho delas. Mesmo assim, não teve muito sucesso.
"Ninguém sabe torcer ainda, mas isso aqui é muito mais agradável que o Maracanã. Lá, fede muito. Aqui, como só tem mulher, é mais agradável. Tem até cheiro de perfume", disse o torcedor Cláudio Martins.
Porém o comportamento do público melhorou muito nos três dias de competição. "Estou acostumada a berrar sem parar. Quando dei o meu primeiro grito, umas pessoas olharam com cara feia para trás e decidi ficar calada. Já a minha mãe não teve 'simancol' e torceu como se estivesse no Maracanã", disse Júlia Souza Gomes, 19, que assistiu pela primeira vez a uma competição de ginástica olímpica.
Neste domingo, os torcedores chegaram a ter uma atitude incomum nos estádios de futebol. Eles aplaudiram todos os juízes. Detalhe: os árbitros brasileiros foram ovacionados. "Nunca vi isso. Sabia que a torcida tinha que ser mais comportada, mas não poder xingar juiz perde um pouco a graça", disse Manuela Rabelo, 22.
Era possível ouvir pedido de silêncio dos próprios torcedores. Carlos Andrade Naves foi censurado por quase toda a arena ao tocar tamborim logo na abertura e preferiu ficar quieto o resto do dia. "Toco o meu tamborim nos jogos de futebol de areia e de vôlei de praia. Pensava que ia fazer a mesma bagunça aqui, mas não deu. Agora, acho que comecei a aprender a torcer. No ano que vem, não trago o tamborim de jeito nenhum."
Até Daiane, atual campeã mundial de solo e a mais atleta aplaudida no Rio, reconhece a evolução. "Em Curitiba, muitos taxistas já discutem o duplo twist carpado [movimento que a consagrou na ginástica e que leva o seu nome]."
No Rio de Janeiro
A Copa do Mundo marcou o início da 'pátria de collant" e também serviu de aprendizado para os torcedores. Acostumados a gritar muito, a fotografar os seus craques e até a jogar objetos contra os rivais nos estádios, os torcedores foram obrigados a deixar aos poucos o clima 'boleiro' de lado para tentar se enquadrar neste 'mundo estranho'.
Como a ginástica é um esporte que requer muita concentração dos atletas, o público fora do Brasil pouco participa e aplaude os atletas somente nos finais das apresentações. Já no Rio, os fãs, a maioria formada por mulheres e crianças, assustaram os ginastas, principalmente os estrangeiros.
"A gritaria foi muito grande. A torcida nos empolga, mas algumas vezes chega a nos atrapalhar. Quando começaram a gritar o meu nome, parecia que estava caindo do cavalo. Mesmo assim, valeu a pena. Tudo é questão de hábito. Mas nas próximas vezes o ambiente será bem melhor", disse o ginasta gaúcho Mosiah Rodrigues.
A reação do público não assustou apenas os atletas. Magda dos Santos, mãe de Daiane dos Santos, chegou a gritar com a torcida na sexta-feira, pouco antes de sua filha estrear a coreografia. Com o público cantando sem parar o nome da ginasta gaúcha, ela, aos berros, pediu silêncio. Em vão.
"Na ginástica, a concentração é muito importante. Quando escutei aquela gritaria ensurdecedora, não me contive. A mãe falou mais alto. Espero que as pessoas tenham entendido a minha reação", disse Magda, que viu pela primeira vez uma exibição da filha pela Copa.
Os torcedores também não economizaram nas fotografias para desespero dos organizadores. A quantidade de flashes disparados era tanta que o locutor do evento não parava de pedir que eles não fotografassem as atletas. Ele alegava que os flashes atrapalhavam o desempenho delas. Mesmo assim, não teve muito sucesso.
"Ninguém sabe torcer ainda, mas isso aqui é muito mais agradável que o Maracanã. Lá, fede muito. Aqui, como só tem mulher, é mais agradável. Tem até cheiro de perfume", disse o torcedor Cláudio Martins.
Porém o comportamento do público melhorou muito nos três dias de competição. "Estou acostumada a berrar sem parar. Quando dei o meu primeiro grito, umas pessoas olharam com cara feia para trás e decidi ficar calada. Já a minha mãe não teve 'simancol' e torceu como se estivesse no Maracanã", disse Júlia Souza Gomes, 19, que assistiu pela primeira vez a uma competição de ginástica olímpica.
Neste domingo, os torcedores chegaram a ter uma atitude incomum nos estádios de futebol. Eles aplaudiram todos os juízes. Detalhe: os árbitros brasileiros foram ovacionados. "Nunca vi isso. Sabia que a torcida tinha que ser mais comportada, mas não poder xingar juiz perde um pouco a graça", disse Manuela Rabelo, 22.
Era possível ouvir pedido de silêncio dos próprios torcedores. Carlos Andrade Naves foi censurado por quase toda a arena ao tocar tamborim logo na abertura e preferiu ficar quieto o resto do dia. "Toco o meu tamborim nos jogos de futebol de areia e de vôlei de praia. Pensava que ia fazer a mesma bagunça aqui, mas não deu. Agora, acho que comecei a aprender a torcer. No ano que vem, não trago o tamborim de jeito nenhum."
Até Daiane, atual campeã mundial de solo e a mais atleta aplaudida no Rio, reconhece a evolução. "Em Curitiba, muitos taxistas já discutem o duplo twist carpado [movimento que a consagrou na ginástica e que leva o seu nome]."
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