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Volta de Daniele Hypólito a Curitiba vira "novela"

05/04/2004 11h02

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Daniele Hypólito está disposta a deixar o Rio de Janeiro e voltar a treinar com a seleção brasileira permanente no Centro de Curitiba. A equipe técnica concorda que sua volta ajudaria nas chances da seleção nas Olimpíadas de Atenas, em agosto. Mas nem por isso o retorno para o Paraná é certo.

A ginasta é atleta do Flamengo, tem patrocinadores cariocas e já abandonou a equipe nacional uma vez, em setembro do ano passado. Em Curitiba, a ação da ginasta causou muito desconforto, principalmente com o técnico ucraniano Oleg Ostapenko, que, antes da etapa do Rio de Janeiro da Copa do Mundo, terminada no último domingo, cogitou cortar a irmã mais velha dos Hypólito do time.

A junção de todos esses fatos faz com que a Confederação Brasileira de Ginástica olhe com desconfiança o retorno. "Essa história já virou uma novela com mais de 20 capítulos. E o próximo, quem vai dizer qual é a própria Daniele", disse a diretora da entidade, Eliane Martins.

A presidente da CBG, Vicélia Florenzano, explica que as negociações envolvem muito mais do que o desejo da atleta. "Esse assunto tem de ser conversado entre Flamengo e CBG", afirmou. "A apresentação da Daniele para a seleção está marcada para junho, após o Campeonato Brasileiro. Se ela pode se apresentar antes, terá de ser feito um pedido pelo Flamengo, que dependerá de aprovação", completou Eliane.

Antes "queridinha" da ginástica nacional, hoje Daniele ocupa um lugar secundário. A ginástica brasileira tem um ídolo em Daiane dos Santos, atual campeã mundial no solo, e não depende mais da "Pequena Notável", primeira atleta do país a conquistar medalhas em um mundial, prata na trave em 2001, para chamar atenção de patrocinadores.

Além disso, as chances de medalha individual de Hypólito nas Olimpíadas são pequenas. Suas notas nos aparelhos em que ganhou medalha na Copa do Mundo do Rio, por exemplo, não garantiriam medalhas em outras etapas. Por isso, a decisão da ginasta não está entre as prioridades da CBG.

"O Oleg considera a Daniele uma atleta talentosa, mas ela perdeu muito tempo, não tem como voltar a um nível olímpico até Atenas. O problema foi que não conseguimos enquadrá-la nos treinos em alto nível da seleção por muito tempo", explicou Eliane.