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Polêmica sobre fim da seleção permanente de GRD chega a Brasília

Da Redação<br>Em São Paulo

29/11/2004 16h51

O fim do conjunto brasileiro permanente de Ginástica Rítmica Desportiva (GRD), anunciado pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) dias antes do início das Olimpíadas, ainda continua causando polêmica.

Tanto que o assunto está na pauta de uma audiência pública na Comissão Permanente de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, marcada para às 14h de quarta-feira, em Brasília.

Reuters 
Conjunto brasileiro treina coreografia dias antes de apresentar nos Jogos de Atenas
Foram convidados a participar a presidente da CBG, Vicélia Florenzano, a técnica Bárbara Laffranchi, ex-treinadora da seleção, a técnica Georgete Vidor, do Flamengo, o técnico de ginástica de trampolim, Sérgio Bastos, a ex-ginasta Luísa Parente, e a presidente da federação paulista, Clarice Morales.

De acordo com a CBG, a audiência foi marcada para que a presidente da entidade, Vicélia Florenzano, falasse sobre a evolução da ginástica no Brasil e prestasse contas do dinheiro público investido na modalidade. Laffranchi, porém, quer utilizar a oportunidade para batalhar pela volta da seleção permanente.

"A comissão me convidou por carta. Tenho 20 minutos para expor minha versão sobre o que aconteceu. Agora vou lá ver o que acontece", afirmou Laffranchi ao UOL Esporte. A própria treinadora, porém, duvida que a medida da presidente da CBG possa ser revertida.

"Acho muito difícil ela voltar atrás. Se ela falou que ia fazer isso, é porque vai mesmo. O que posso fazer agora é fortalecer o meu clube e batalhar pela ginástica rítmica como eu sempre fiz", disse a treinadora, que depois dos Jogos passou a coordenar o trabalho de GRD da Unopar, universidade de Londrina que era uma das patrocinadoras da seleção permanente e da qual sua família é proprietária.

A polêmica começou dias antes do embarque do conjunto brasileiro para a Europa, onde as atletas fariam uma série de competições preparatórias para as Olimpíadas. Em uma reunião em Juiz de Fora, onde o conjunto acabara de se apresentar, Florenzano comunicou às atletas e à comissão técnica que a seleção seria dissolvida após os Jogos.

"Imagina uma criança de 16, 17 anos ouvindo isso. Ela acabou com os sonhos das meninas, que já foram para Atenas arrasadas", contou Laffranchi. "Não foi o momento correto. Se ela queria reformular a GRD, que fizesse no final do ano, quando se começa a planejar uma nova temporada", completou.

Com o fim da seleção permanente, o Brasil não disputou a Copa do Mundo de ginástica rítmica, realizada na Rússia, no último fim de semana. Para Laffranchi, isso demonstra que a direção da CBG favorece a ginástica artística, que vem alcançando sucesso internacional graças à implantação de uma seleção permanente em Curitiba.

"Estamos indo na direção contrária da ginástica artística. Não tiro o mérito da ginástica artística, eles estão fazendo um trabalho fantástico, mas a ginástica rítmica também deveria ter esse trabalho. Eles estão ganhando medalhas na Copa do Mundo, mas nós também poderíamos ganhar se estivéssemos lá", lamentou.

A direção da CBG, através da coordenadora geral Eliane Martins, negou que a decisão pelo fim do conjunto permanente de GRD tenha sido tomada de forma arbitrária. Segundo ela, a entidade elaborou um novo projeto para a modalidade, baseada no incentivo aos clubes e às competições nacionais.

"A estratégia vai ser diferente. Vamos criar mais conjuntos e fazer um Campeonato Brasileiro. Deste campeonato, o comitê de GRD vai selecionar alguns conjuntos e vai trabalhar em cima de mais de um", revelou a dirigente, para quem o conjunto permanente havia sido criado apenas para os Jogos de Atenas.

"A Bárbara havia dito que não trabalharia mais como técnica antes da Olimpíada. Além disso, as meninas que não eram de Londrina pediram passagens para ir embora dias depois de voltarem de Atenas. O conjunto em si se defez", comentou Eliane, que diz não entender os motivos de a relação com Bárbara ter se estremecido. "Ela costumava ligar aqui três ou quatro vezes por semana. Mas depois dessa confusão, nunca mais falou com a Vicélia".

A treinadora nega as afirmações da dirigente. "Já tinha conversado que não poderia mais ficar 24 horas por dia no ginásio porque tenho outros compromissos na universidade, mas sempre estive à disposição da CBG para continuar auxiliando a seleção, independente de onde o conjunto treinaria", disse Laffranchi, que também negou a desistência das atletas.

"Eu tinha oito meninas treinando aqui: quatro eram da Unopar e outras quatro eram de fora. Delas, uma decidiu abandonar o esporte, enquanto outras duas quiseram voltar para casa. Com cinco meninas, eu tenho o conjunto montado aqui. Eu tinha o conjunto para continuar em treinamento depois das Olimpíadas e ir para a Copa do Mundo", rebateu.

Apesar de não concordar com o novo projeto da CBG para o conjunto da GRD, Laffranchi está preparando a equipe da Unopar para a disputa do Brasileiro, que acontece de 9 a 12 de dezembro, em Curitiba. "Peguei as meninas da seleção que ainda não eram da Unopar e transferi para cá para disputar o Brasileiro".

O time paranaense é formado por Dayane Camillo, Ana Maria Maciel, Fernanda Cavalieri, Jeniffer Oliveira e Gabriela Andrioli. Dessas, somente a última não esteve em Atenas.

"A minha equipe está muito bem, é a mesma da Olimpíadas e vai competir contra outros clubes. O que também não é justo, já que o trabalho que fizemos aqui é muito mais forte", completou.