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"Negligente", Daiane encerra impasse com CBG e projeta retorno à seleção

Roberta Nomura

Em São Paulo

29/01/2010 19h45

Suspensa por cinco meses pela FIG (Federação Internacional de Ginástica), Daiane dos Santos readmitiu seu erro e se colocou até na condição de negligente por testar positivo para o diurético furosemida. No entanto, o tom do discurso mudou com o ‘final feliz’ e, após acusar a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) durante o episódio, a atleta preferiu não apontar culpados, encerrou impasse com a entidade e já projeta retorno à seleção brasileira para disputar o Mundial da Holanda, em outubro.

DAIANE COMEMORA PENA DE 5 MESES, DESCARTA RECORRER E NÃO TEME WADA

  • Eduardo Knapp/Folha Imagem

    A decisão da FIG (Federação Internacional de Ginástica) de suspender Daiane dos Santos por apenas cinco meses agradou à ginasta. Nesta sexta-feira, a atleta brasileira disse estar mais leve, descartou recorrer da sentença e afirmou não temer uma punição maior, caso a Wada (Agência Mundial Antidoping) entre com recurso na CAS (Corte Arbitral do Esporte).

    “Não penso em recorrer. Foi uma decisão justa, afinal eu cometi um erro. Foi tudo muito sincero e bem justo”, afirmou Daiane dos Santos, em entrevista no clube Pinheiros, em São Paulo. “Para mim, foi muito positivo. A gente foi muito bem recebido no dia 18, em Lausanne [na Suíça]. Eles foram muito queridos e simpáticos. Queria agradecer a todas as pessoas que ajudaram para o caso ser esclarecido na íntegra”.

“Se eu cometi um erro, eu fui negligente. Não sabia o que continha no tratamento estético e acabei sendo negligente com a Daiane atleta e pessoa. Não quero colocar a culpa em ninguém. Foi uma sucessão de erros que ocasionaram isso agora. Que bom que terminou tudo bem”, afirmou Daiane, nesta sexta-feira, ao considerar positiva a suspensão por apenas cinco meses, já que a pena poderia chegar a dois anos.

Com o bom ‘desfecho’ – a Wada (Agência Mundial Antidoping) ainda pode levar o caso à CAS (Corte Arbitral do Esporte) e provocar um aumento na punição -, Daiane abrandou o discurso e preferiu poupar a CBG, alvo de críticas na época da notificação do doping da ginasta. A entidade foi apontada como responsável por não informar a FIG sobre a inatividade da gaúcha em julho, data da realização do exame antidoping. O fato de não estar competindo no período, aliás, era a base inicial da defesa da atleta, depois deixada de lado.

“Meu relacionamento com a confederação é bom. A Luciene [Resende], atual presidente, me ligou, me deu todo o apoio, mandou uma carta para a FIG com tudo o que tinha acontecido direitinho. A relação está super bem”, disse Daiane. A atleta ainda falou que mesmo com palestras sobre doping, ela não sabia sobre a proibição do uso de furosemida.

A ginasta chegou a ser informada sobre o exame antidoping pouco tempo antes da realização em 2 de julho. “Eu não sabia que no tratamento constava furosemida. Fui avisada pela FIG que deveria me submeter ao teste. Se eu soubesse que tinha substância proibida não tinha nem começado a fazer o tratamento”, explicou. “Eu só soube que a furosemida era proibida quando recebi a notificação”.

Ainda com o veto médico para competições, Daiane ‘aproveitará’ os cinco meses de suspensão, que estão em vigor desde 27 de janeiro, para reforçar os treinamentos, reiniciados no último dia 6. A prioridade da ginasta neste ano é retornar à seleção brasileira para disputar o Mundial, entre 17 e 24 de outubro, em Roterdã (Holanda).

“No Mundial começa tudo, o sonho de ir para a Olimpíada. A minha meta é Londres-2012. Tudo o que fiz, as cirurgias no joelho, é para Londres. O objetivo não muda. Quero mostrar tudo o que posso fazer e voltar à seleção”, declarou. A última vez que Daiane dos Santos representou o Brasil foi nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. A gaúcha terminou com o sexto lugar no solo, 35º no salto e oitavo por equipes.