Renovado, Flamengo domina Campeonato Brasileiro de Ginástica
Tudo bem que Jade Barbosa, Victor Rosa e Diego e Daniele Hypólito ajudaram. Mas a supremacia do Flamengo no Brasileiro de ginástica artística retrata a revolução pela qual tem passado a modalidade no clube.
Ao mesmo tempo em que faturou dez dos 14 ouros em jogo no torneio em Vitória (ES), o Flamengo ostentou trunfos que vão da recuperação de ginastas e da saúde financeira até a revelação de talentos e o investimento na base.
"Este Brasileiro, em que vencemos após três anos como vice, marca a nova era na ginástica do clube", diz o técnico Ricardo Pereira, ao citar o título da equipe feminina.
Os novos tempos exibem como carro-chefe, primeiro, o desafogo financeiro.
Após ter as verbas cortadas em 2009 e ter corrido o risco de perder técnicos e atletas, a ginástica artística do Flamengo, sob comando de Patrícia Amorim, obteve patrocínios, sanou salários atrasados e investiu na base.
"Podemos dizer que a ginástica no clube teria que consumir R$ 80 mil por mês. Gastamos cerca de R$ 55 mil, e 90% desse valor vem dos patrocínios [de BMG e UTE]", diz a vice de esportes terrestres do clube, Cristina Callou.
Ao mesmo tempo em que resolveu a questão financeira, o clube conseguiu, sem alardes, recuperar os maiores nomes no feminino: Jade Barbosa e Daniele Hypólito. A primeira, mesmo sem estar 100%, voltou à seleção. A segunda perdeu peso, retomou a forma e foi o maior nome do Brasileiro, com quatro ouros. O clube ainda contratou atletas de seleção, entre elas Ana Claúdia Silva e Khiuane Dias, que já treinaram com o ucraniano Oleg Ostapenko.
"Nosso problema nunca foi técnico. E hoje não vivemos mais só da Jade e da Daniele", diz Pereira, afirmando que a estabilidade financeira trouxe mais segurança.
O Flamengo atraiu a atenção da confederação, que já levou as seleções masculina e feminina para treinar na Gávea. "O potencial do clube foi o destaque do Brasileiro", diz Klayler Mourthé, supervisor de seleções da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica). Para o Pré-Pan, que ocorre no final do mês, metade da seleção feminina vai ser formada por atletas do Flamengo.
Revelação
Entre a série inédita de Diego, 24, no solo, os quatro ouros de Daniele, 25, e a volta de Jade, 19, o destaque do Brasileiro foi Letícia da Costa, do Flamengo.
Com 15 anos, a atleta juvenil é a primeira grande revelação do clube desde Jade e conseguiu ir ao pódio em Vitória - obteve a prata nas paralelas assimétricas.
"Ela se destacou pela velocidade e impulsão. É um talento a ser cuidado, pois, se evoluir, tem potencial até para ir à Olimpíada", diz Klayler Mourthé, supervisor de seleções da CBG.
Segundo Cristina Callou, vice de esportes terrestres do Flamengo, Letícia é fruto da nova política do clube voltada à base, que conta agora com ajuda de custo mensal, plano de saúde e auxílio transporte.
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