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Rixa entre bancos espirra em ginastas e até irmãos Hypolito ficam sem patrocínio

Desde agosto, os ginastas do Flamengo, como Diego Hypolito, usam uniforme com a marca BMG em competições nacionais. Em torneios disputados pela seleção, porém, a marca utilizada é a Caixa, patrocinadora oficial da CBG desde 2006 - Ricardo Bufolin / Photoegrafia
Desde agosto, os ginastas do Flamengo, como Diego Hypolito, usam uniforme com a marca BMG em competições nacionais. Em torneios disputados pela seleção, porém, a marca utilizada é a Caixa, patrocinadora oficial da CBG desde 2006 Imagem: Ricardo Bufolin / Photoegrafia

Paula Almeida

Em São Paulo

09/11/2010 07h01

Os irmãos Hypolito estão sofrendo sem patrocínio desde o meio de 2010. Mas se engana quem pensa que o vilão é a falta de interesse. Diego, bicampeão mundial, e Daniele, primeira brasileira a subir no pódio em Campeonatos Mundiais, estão no meio de uma briga  envolvendo dois bancos. 

Alguns atletas do Flamengo que compõem a seleção nacional, entre eles os irmãos, tinham patrocínio individual da Caixa Econômica Federal. Há cerca de quatro meses, porém, esses contratos terminaram e não há previsão de renovação. O motivo: o clube carioca é patrocinado por outra instituição financeira, o BMG.

Ao final do mês de julho deste ano, o Flamengo anunciou seu novo patrocinador para a ginástica artística. Uma semana depois, os atletas da equipe já estavam estampando o nome do BMG no uniforme na disputa do Campeonato Brasileiro da modalidade, que conta com aporte financeiro da Caixa. Foi o fim do contrato individual dos atletas com o banco federal.

“A Caixa Econômica Federal esclarece que firmou contratos publicitários individuais prevendo o uso da imagem dos atletas, os quais não foram renovados em razão de os contratados não terem mantido a exclusividade da utilização da marca Caixa na categoria ‘bancos’”, explicou a instituição ao UOL Esporte, sem citar nominalmente o BMG.

Com a não-renovação do acordo, Daniele Hypolito ficou sem patrocínio individual para o restante da temporada. Atualmente, a ginasta recebe mensalmente do Flamengo e da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) e está insatisfeita com a situação.

“O atleta precisa ter tranquilidade para treinar. Você tem que pagar suas contas. Minha mãe cuida de tudo, mas a gente vê o desespero dela. O ano de 2009 foi ruim pra mim, mas eu tinha patrocínio. Esse foi o contrário, e eu acabei perdendo o patrocínio”, lamentou a veterana, que chegou a fazer um longo desabafo em seu Twitter reclamando da falta de incentivo das empresas brasileiras aos atletas de esportes olímpicos. Seu irmão, Diego, conta com o aporte da Embratel.

PATROCÍNIO PARA JADE BARBOSA

Apesar de ser atleta do Flamengo, Jade Barbosa não vive o mesmo impasse que Daniele e Diego Hypolito. Isso porque a atleta já não tinha o patrocínio da Caixa desde a Olimpíada de 2008. Ao final dos Jogos de Pequim, ela saiu da seleção e deixou de receber o suporte destinado aos atletas.

Jade já retornou à seleção, mas não está entre os ginastas contemplados pela Caixa. Entretanto, desde o início de 2010 ela é individualmente patrocinada pelo BMG, em acordo firmado antes mesmo de o banco assinar com o Flamengo.

Para tentar resolver o impasse, a CBG já planeja intervir diretamente pelos atletas. A Confederação tem patrocínio da Caixa, seu principal parceiro desde 2006, e indica os atletas que receberão dinheiro diretamente do banco por meio de contratos de imagem.

Agora, as duas entidades estão em negociação para uma bem provável renovação contratual, e a intenção da CBG é incluir os ginastas na discussão.

“Estamos empenhados nisso. Estamos em negociação para renovar, e esse assunto está na pauta”, explicou Fabiano Redondo, diretor da empresa que cuida do marketing da CBG. Segundo ele, a Confederação tentou evitar que houvesse o impasse entre os bancos, mas não conseguiu. “A gente tentou, mas como isso envolve o clube, que não temos ingerência direta, a CBG não pôde fazer muita coisa. Eles continuam sendo atletas da CBG, o problema foi só na relação direta deles com a Caixa”.

O Flamengo, por meio da vice-presidente de esportes olímpicos Cristina Callou, também está tentando dar um fim ao impasse. “Ainda não posso falar muito sobre isso, mas existe uma luz no fim do túnel”, explicou a dirigente, que preferiu não entrar em detalhes, mas admitiu que há negociações com o BMG para possíveis alterações contratuais.

Segundo Flamengo e CBG, a esperança é de que o imbróglio seja resolvido ainda neste mês. A Caixa demonstrou disposição em renovar os contratos, mas reiterou suas concessões. “A Caixa lembra que está disponível para a renovação dos contratos publicitários condicionada ao cumprimento da cláusula referente à exigência de exclusividade no uso da marca da empresa pelos atletas”, explicou.