Ginástica derruba base e fica sem revelação de peso para Londres-2012
Em Atenas-2004, o nome da vez era Daiane dos Santos. Quatro anos depois, em Pequim, a ginástica feminina apostou suas fichas em Jade Barbosa. Mas após uma década marcada pela grande evolução da modalidade no país, o Brasil se aproxima de Londres-2012 sem nenhuma revelação de destaque internacional para a disputa das Olimpíadas.
NOVAS APOSTAS DA GINÁSTICA FEMININA
Letícia Costa e Harumy Mariko são as principais revelações da ginástica feminina no Brasil. Contudo, a coordenadora da seleção acredita que as duas só terão condições de brigar por medalhas olímpicas em 2016, nos Jogos do Rio de Janeiro
Os principais nomes da seleção feminina ainda são Jade Barbosa e Daniele Hypólito. Daiane dos Santos e Laís Souza lutam para recuperar a boa forma e retornar à equipe nacional. Entretanto, o Brasil não deverá contar com nenhuma surpresa nos Jogos do ano que vem.
“Para Londres não teremos nenhuma novidade com condições de disputar medalha. É simples assim. Estamos fazendo o máximo para chegar fortes no Rio de Janeiro [2016], mas em Londres não será possível”, ressaltou de maneira pessimista a coordenadora da seleção brasileira, Georgette Vidor, ao UOL Esporte.
Das dez atletas que formam a atual seleção brasileira, apenas duas novatas possuem futuro promissor, segundo a coordenadora: Harumy Mariko de Freitas, de 15 anos, e Letícia Stephanie Lima da Costa, de 16 anos. Ainda assim, elas dificilmente terão condições de brigar por pódio em 2012.
Os motivos que levaram a ginástica a ficar sem revelações de peso neste ciclo olímpico geram grande discórdia nos bastidores da modalidade. O atual comando da CBG coloca como grande culpada pelo problema a gestão anterior e a manutenção da seleção permanente em Curitiba ao longo da era do técnico ucraniano Oleg Ostapenko, de 2001 a 2008.
Durante este período, as atletas ficaram em forte regime de concentração no Paraná, quase sem treinos diretos nos clubes. De acordo com os atuais dirigentes da confederação, as categorias de base ficaram esquecidas no período da seleção permanente, o que explicaria a falta de revelações de peso para as Olimpíadas de Londres-2012.
CONHEÇA A SELEÇÃO DE GINÁSTICA
“Não foi um período produtivo para os clubes. Todo o foco era dado somente às atletas que já estavam dentro da seleção. As outras ginastas e meninas não tinham a mesma atenção. É isso o que estamos tentando mudar para que no Rio-2016 não aconteça a mesma coisa”, afirmou o supervisor de seleções da confederação, Klayler Mourthé.
Enquanto isso, o lado que defende a manutenção da seleção permanente acredita que foi justamente o fim da base em Curitiba que freou a revelação de atletas de peso na ginástica feminina.
A ex-coordenadora técnica da seleção Eliane Martins admite que a prioridade era das atletas que já pertenciam à equipe verde-amarela, mas também ressalta que eram realizados testes periódicos com outras promessas para que elas pudessem se juntar aos treinos com a seleção.
“É engraçado eles culparem a seleção permanente. Foi nesse período que tivemos as maiores conquistas na história da ginástica brasileira. Esse papo de que não demos atenção para a base não é verdadeiro. É claro que focamos as meninas da seleção, mas também selecionávamos as melhores revelações para vir junto. Foi assim que surgiram nomes como a Daiane, a Laís e a própria Jade”, comentou Eliane.
De fato, o Brasil teve seus melhores resultados no período da seleção permanente no centro de treinamento do Paraná. O país somou conquistas como três medalhas em Mundiais (ouro, prata e bronze) e oito medalhas nos Jogos Pan-Americanos (um ouro, uma prata e seis bronzes).
CBG PROGRAMA VOLTAS DE DAIANE E LAÍS
O retorno de Daiane dos Santos e Laís Souza à seleção brasileira depende somente das duas. A Confederação Brasileira de Ginástica já iniciou os contatos com o clube Pinheiros para saber das condições de ambas e espera apenas que elas apresentem o mesmo nível das principais ginastas do país para voltar a integrar a equipe nacional.
“A ginástica não era nem conhecida pelo público antes da base da seleção permanente. Por isso, priorizamos o alto rendimento e tornamos o esporte popular”, completou Eliane.
Na verdade, a polêmica em torno do centro de treinamento exclusivo da seleção também gera grande discórdia entre as atletas. Daiane dos Santos, por exemplo, repassa a ideia de que a seleção permanente foi crucial para sua formação como atleta e até defende o retorno da mesma.
“Seria algo muito bom para todas as meninas. É muito legal fazer um trabalho conjunto”, afirmou em discurso oposto ao de Jade Barbosa, que admitiu recentemente em entrevista ao UOL Esporte que a base da equipe funcionava como uma prisão: “não tínhamos liberdade alguma”.
A maioria dos clubes também se mostra contra a clausura das atletas. Na opinião do coordenador técnico do Pinheiros, Raimundo Blanco, deixar as atletas da equipe nacional juntas durante todo a temporada não traz benefícios para as ginastas mais jovens.
“A seleção permanente é funcional, mas apenas para curto prazo. Quando falamos de renovação, precisamos pensar em investimento e planejamento para as categorias mais jovens. É isso que falta hoje em dia”, opinou Blanco.
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