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Ginastas evitam sorrisos e usam boate perto do Fla para desabafo e apelo

Ex-atletas do Flamengo, ginastas evitam sorrisos em fotos para reforçar indignação com clube - Roberta Nomura/UOL
Ex-atletas do Flamengo, ginastas evitam sorrisos em fotos para reforçar indignação com clube Imagem: Roberta Nomura/UOL

Roberta Nomura

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/03/2013 06h07

Os seis atletas dispensados pelo Flamengo agiram rápido e marcaram uma entrevista coletiva para o mesmo dia em que o clube anunciou oficialmente o fim do investimento na ginástica. Diego Hypolito percorreu os pouco mais de 400 km que separam São Paulo e Rio de Janeiro de carro para se juntar à irmã Daniele e à Jade Barbosa para desabafar e fazer apelo por patrocínio. Durante mais de uma hora, o ginasta de 26 anos liderou as críticas à diretoria rubro-negra e a equipe toda evitou sorrisos nas fotos para reforçar o tom de indignação.

O local escolhido para abrigar os ginastas foi uma boate que fica na Gávea, mesmo bairro da sede social do Flamengo. Segundo o assessor de Daniele, Bruno Chateaubriand, a proximidade com o clube foi apenas uma coincidência. Diego Hypolito até cogitou realizar a coletiva na frente dos portões rubro-negros, mas a ideia não foi adiante.

E foi na boate mesmo que os atletas demonstraram sua indignação com o fim da equipe profissional de ginástica. O Flamengo se pronunciou pela manhã, quando o diretor executivo de esportes olímpicos Marcelo Vido disse que o clube se viu obrigado a tomar tal decisão em meio a um crescente rombo nas finanças. A justificativa foi questionada pelos atletas na coletiva.

“Eu não estou preocupado com salário melhor. O Flamengo é o clube que eu me formei, onde tenho o mesmo treinador há 19 anos. Tenho uma familiaridade com a nação. Todos sabem que somos flamenguistas. A questão toda é o carinho e respeito que não tiveram com os atletas”, criticou Diego Hypolito. “O salário de todos nós [seis atletas e um técnico] não dá o de um jogador de futebol”, reclamou.

Jade Barbosa seguiu a linha de críticas à diretoria e também mostrou indignação com a justificativa de falta de recursos financeiros. “O que o Flamengo gastou com a ginástica? Os aparelhos não foram colocados por eles. Colchão de trave é a mãe da Dani que faz, o collant era meu pai. Sempre foi assim”, explicou.

Mesmo com o fim do investimento, os seis atletas (Caio Campos, Daniele e Diego Hypolito, Jade Barbosa, Petrix Barbosa e Sérgio Sasaki) e o técnico Renato Araújo pretendem seguir no Rio de Janeiro. “A gente não vai se separar. Quem investir, vai encontrar uma equipe pronta, com atletas que são vitoriosos, todos de seleção brasileira”, disse o treinador.

O problema maior não é o de estrutura e ginásio, segundo os ginastas. “A gente tem local para treinar. O que pesa é o salário. A gente vive disso é o que paga nossas contas. Eu quero fazer um apelo para empresas, clubes, prefeitura, COB [Comitê Olímpico Brasileiro]. Eu quero ajuda mesmo”, pediu Jade Barbosa.

A atleta era a única que vinha treinando no Flamengo, que teve seu ginásio danificado após incêndio no fim do ano passado. Daniele Hypolito estava em Três Rios e a equipe masculina utiliza espaço cedido pelo Pinheiros, clube de São Paulo, para realizar as atividades – o acordo permanece até o próximo dia 23.